12 de outubro de 2024

Ao SP1, Boulos promete redução de ocupações, apoio a operações policiais na Cracolândia contra o tráfico e diz que irá dialogar com Tarcísio

Deputado federal do PSOL foi o quarto a participar de sabatina do jornal. Ele ainda garantiu que irá zerar a fila de exames por meio da criação do Poupatempo da saúde e negociar com trabalhadores para evitar greves. Guilherme Boulos é sabatinado no SP1 desta quinta (26)
TV Globo/Bob Paulino
O candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, disse nesta quinta-feira (26) que irá reduzir o número de ocupações na cidade com a implementação de um programa habitacional.
Ele também defendeu a atuação das forças de segurança na Cracolândia para combater o tráfico de drogas e garantiu que irá dialogar com o governador Tarcísio de Freitas desde o início de um possível mandato.
Boulos foi o quarto a participar das sabatinas do SP1, da TV Globo, com os candidatos à prefeitura da capital paulista.
Os cinco candidatos que tiveram 5% ou mais na última pesquisa eleitoral do Datafolha serão entrevistados ao vivo pelo apresentador Alan Severiano.
As entrevistas têm duração de 30 minutos, e as íntegras ficarão disponíveis no Globoplay. A ordem dos entrevistados foi definida por sorteio realizado com a participação dos representantes dos partidos em 19 de setembro.
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Redução das ocupações
SP1: Guilherme Boulos (PSOL) responde sobre moradia e movimentos de ocupação
Ex-coordenador do MTST, Boulos rebateu as críticas aos movimento de luta por moradia, disse que os ataques são infundados, uma vez que o grupo ocupa imóveis abandonados, que estavam em situação ilegal e deviam mais imposto do que o valor do próprio imóvel.
“Quem diz que o movimento sem teto tomou casa está mentindo. Eu já desafiei a dizer ‘diga uma’, não tem. O que o movimento sem teto fez, ao contrário, foi dar casa pra mais de 15 mil famílias, sem a caneta na mão. Vai lá na Bento Guelfi, em São Mateus, ver o conjunto Dandara, vai em Itaquera em frente ao Parque do Carmo, o Planetário, ver 2.600 apartamento da Copa do Povo em construção, o maior conjunto de habitação da cidade, foi a gente que fez.”
Durante a entrevista, ele assegurou que irá reduzir o número de ocupações na cidade com a criação de um programa habitacional.
“O meu governo vai ser o que vai ter menos ocupações em São Paulo. Sabe por quê? Porque ocupação de movimento organizado só acontece quando não tem política de moradia, o meu vai ter, eu vou fazer o maio programa de moradia da história de São Paulo.”
“Podem anotar aí e me cobrem depois. E não é só fazer um teto, é garantir que quem mora em favela poder ter uma urbanização, uma melhoria, viver com dignidade, é garantir regularização fundiária pra pessoa ter o papel passado, o documento da casa dela, deixar pros filhos e pros netos.”
Polícia Federal na Cracolândia
SP1: Guilherme Boulos (PSOL) responde sobre segurança, Guilherme Derrite e cracolândia
Durante a entrevista, o candidato comentou sobre a complexidade da situação da Cracolândia e criticou as ações já realizadas em gestões anteriores, que prometeram acabar com as cenas de uso aberto, mas fizeram apenas com que elas se multiplicassem pela cidade.
Na avaliação de Boulos, o problema exige uma atuação conjunta, na qual as forças de segurança devem ser usadas para combater o tráfico.
“A prefeitura vai fazer o que for necessário junto com a Polícia Federal e a Polícia Civil porque crime organizado é também tema da Polícia Federal. Eu vou chamar inclusive eles para poder me ajudar a fazer uma varredura na entrada do tráfico do crime organizado em contratos públicos como aconteceu na gestão do Ricardo Nunes, onde organizações de tráfico de drogas do crime organizado estão comandando empresas de ônibus no meu governo. Eu não vou permitir isso não.”
Ele também afirmou que irá implementar unidades de atendimento psicossocial móveis para atender os usuários.
“Tem que ter operação da Polícia Civil, da Polícia Federal, né? De todo mundo. Outra coisa é o usuário, o dependente químico, esse tem que ter tratamento de saúde mental. Se coloca no lugar de uma mãe que vê seu filho hoje às vezes pegando coisa dentro de casa para vender porque tá viciado em droga, você tem que ali tratar como um caso de saúde mental. E para isso eu vou fazer os Caps móveis.”
Diálogo com com Tarcísio
Para conseguir avançar em melhorias na segurança municipal, o candidato disse que irá dialogar tanto com o governo federal quanto o estadual.
“Eu eleito prefeito de São Paulo, em janeiro, vou procurar o presidente Lula, o ministro [Ricardo] Lewandowski, da Justiça, que cuida da Polícia Federal, o governados Tarcísio, que é responsável pela Polícia Civil e Militar, pra gente sentar numa mesa pra resolver a crise de insegurança em São Paulo. São Paulo nunca teve tão insegura.”
Ele fez ressalvas ao secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite. Na avaliação de Boulos, a postura do atual chefe da pasta estadual é elitista e preconceituosa, e disse que com ele a interlocução será via secretariado.
“Eu acho que a pessoa dele não representa o que eu acredito como modelo de segurança pública. Ele é daqueles que acha que lá no Capão Redondo é chave de braço e lá no Jardins é ‘bom dia, Dr’.”
“Se ele continuar como secretário no ano que vem, né? Vai ser o interlocutor com o meu secretário. Eu vou conversar com o governador, prefeito conversa com governador.”
Zerar fila de exames
SP1: Guilherme Boulos (PSOL) responde pergunta sobre médicos na rede pública
Boulos também prometeu zerar a fila da saúde na cidade de São Paulo por meio da criação do Poupatempo da saúde.
“Eu vou zerar a fila da saúde na cidade de SP. A minha meta é começar já ter uma redução já drástica no primeiro ano de governo. Hoje nós temos 452 mil pessoas esperando por exame. Minha perspectiva é em um ano, com a implantação do Poupatempo da Saúde, reduzir isso já a metade.”
O candidato diz que, caso eleito, oferecerá incentivo financeiro e garantia de segurança para atrair médicos a trabalharem na periferia da capital.
Negociação para evitar greves
SP1: Guilherme Boulos (PSOL) responde pergunta sobre greve nos transportes
O candidato também foi questionado sobre a forma que pretende atuar em caso de greves de servidores, como por exemplo uma paralisação de motoristas de ônibus, situação que seria de responsabilidade do gestor municipal.
O deputado afirmou que irá negociar e valorizar os trabalhadores para evitar que tais situações ocorram.
“Eu atuei em movimento social 20 anos, eu conheço o movimento social, eu vou negociar com cada categoria, não vai ter greve de ônibus no meu governo. Sabe por quê? Porque motorista vai estar valorizado, porque eu não vou tirar cobrador como alguns ameaçam, vou garantir o emprego do cobrador. Porque eu vou melhorar as condições de trabalho botando wi-fi e ar-condicionado nos ônibus da cidade que era meta, já ter botado lá atrás e dinheiro tinha é que o Ricardo Nunes preferiu ajudar os comparsas.”
Biografia
Ex-coordenador do MTST e membro da direção do movimento de esquerda “Frente Povo Sem Medo”, Guilherme Boulos tem 42 anos e nasceu em São Paulo.
Em 2020, ele foi o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo e perdeu no segundo turno para Bruno Covas (PSDB). Em 2018, Boulos também concorreu à Presidência da República pelo partido.
Em 2022, foi o deputado federal mais votado do estado de SP, com 1.001.472 votos.
Filósofo, professor, ativista e psicanalista, graduou-se em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).
Especializou-se em Psicologia Clínica pela PUC/SP e também é mestre em psiquiatria pela Faculdade de Medicina da USP.
Veja a entrevista na íntegra:
Guilherme Boulos (PSOL) dá entrevista ao SP1; veja íntegra

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