Idosas, Rosária e Olita Ribeiro são mãe e filha e vivem juntas em Sorocaba (SP). Elas vivem de aluguel e sobrevivem do dinheiro das aposentadorias, que são usadas para pagar as dívidas. Agora, a Justiça concedeu uma liminar para que elas sejam despejadas do imóvel por falta de pagamento, deixando 13 cachorros com futuro incerto. Com ordem de despejo, mãe e filha enfrentam dificuldades para cuidar de cães em Sorocaba
Mãe e filha que cuidam de 13 cachorros lutam para sobreviver na casa onde moram de aluguel, em Sorocaba (SP). Por falta de pagamento, a Justiça ordenou que elas sejam despejadas.
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Olita Ribeiro, de 65 anos, cuida da mãe, Rosária, de 88. Elas vivem sobrevivem de suas aposentadorias, que são usadas para o pagamento de dívidas acumuladas. A filha revela que, do salário mínimo que recebe, apenas R$ 300 caem na conta, devido aos empréstimos que precisou fazer.
“O que está bancando mais é o da minha mãe, que ela recebe inteiro. A necessidade de comida está difícil. Metade do salário dela [a mãe] fica na padaria que compramos os alimentos. Os mantimentos meu irmão consegue na igreja e traz para nós”, explica.
Rosária (à esquerda) e Olita (à direita) são mãe e filha e vivem juntas
Reprodução/TV TEM
Na casa, a pobreza e a tristeza tomam conta do ambiente, com as panelas sempre vazias e encaixotadas. A cumplicidade, que representa um símbolo de resistência em um período de silêncio, vem na mesma proporção da lealdade de 13 companheiros de vida: os cachorros.
“Eles vivem conosco. No começo, não dava pra misturar pois eles brigavam, eu levantava de madrugada para separar os cachorros. Cuido deles desde pequena, nós pegamos amor pelos bichos”, comenta.
Por conta da falta de pagamento, o proprietário pediu o imóvel de volta, e uma liminar da Justiça obriga que elas saiam o quanto antes. Sem decidir o destino dos cães, a dupla afirma que não irá entregar a casa, sem deixar para trás o sentimento de afeto que envolve a família.
“Se eu tivesse dinheiro o bastante quando precisasse, eu com certeza ficaria com eles. Eu sinto dó, doar é difícil, mas não tem como poder ajudá-los. Eles precisam de remédio para verme, para pulgas, entre outros”, diz.
Mãe e filha vivem com 13 cachorros na residência
Reprodução/TV TEM
Para a alimentação dos animais, as mulheres contam com a ajuda de Márcia Mah, que as ajuda na arrecadação de fundos. Sensibilizada, ela junta dinheiro com amigos para alimentá-los e, ao lado do marido, que é fotógrafo, eles divulgam fotos dos cachorros nas redes sociais, com o intuito de arrumar um novo lar para cada um deles.
“São animais dóceis, saudáveis, castrados, e eles podem ir individualmente, em dupla, ou até mesmo todos, se surgir uma oportunidade. Nós faríamos uma campanha para dividir as baias, as casinhas, nós ajudamos. A Associação Protetora dos Animais de Sorocaba (Spaso) se prontificou a dar toda a assistência veterinária”, destaca.
Na cidade, todas as Organizações Não-Governamentais (ONGs) voltadas à proteção animal estão sem espaço e condições para acolher novos cachorros. Por isso, as entidades estão se dedicando em orientar pessoas que têm interesse em adotar um novo amigo de quatro patas.
Márcia Mah se prontificou a arrecadar fundos para alimentar os animais
Reprodução/TV TEM
A Spaso também é um dos locais que sofre com a superlotação de animais disponíveis para adoção. Atuando há 40 anos na causa, eles abrigam cerca de 400 animais, entre cães e gatos. Muitos deles já estão na fase idosa, o que dificulta ainda mais a busca por um novo lar.
De acordo com Vanderlei Martinez, voluntário da associação, a recusa das pessoas pode ser explicada pelo desinteresse da população em gastar com o animal. Por estarem em idade avançada, eles podem sofrer de problemas de saúde diversos, como o tártaro.
“Os animais idosos precisam de ração especial e de maior atenção veterinária e, obviamente, as pessoas não querem gastar. As pessoas pensam que as entidades são depósitos de animais e, por isso, não temos espaços físicos e nem recursos para manter novos bichinhos”, lamenta.
Vanderlei é voluntário na associação
Reprodução/TV TEM
Olita e Rosária chegaram a procurar o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) para pedir ajuda, no entanto, a unidade pública afirmou que não possuía nenhuma cesta básica para oferecer a elas.
Em nota, a Prefeitura de Sorocaba afirma que enviou uma assistente social à residência, que conversou com a família e constatou que elas não possuem direito a nenhum benefício social.
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