27 de setembro de 2024

Mulheres ganham em média 27,2% menos que os homens na Baixada Santista; entenda

Diferença salarial na região supera a média nacional, em que a diferença salarial é de 20,7%. Levantamento foi realizado pela Strong Business School. Mulheres ganham, em média, 27,2% menos que os homens na Baixada Santista, segundo levantamento do Strong Business School
Arquivo/Silvio Luiz/A Tribuna Jornal
Um levantamento da Strong Business School revela que as mulheres na Baixada Santista recebem, em média, 27,2% menos do que os homens. A pesquisa foi realizada em empresas com mais de 100 funcionários e o índice da região supera a média nacional de 20,7%.
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As maiores variações de remuneração entre homens e mulheres na Baixada Santista estão nos setores de Indústria de Transformação (-43,42%), Serviços Industriais de Utilidade Pública (-27,89%) e Serviços (-24,27%). Os dados foram extraídos da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2023 e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Sandro Maskio, economista do Centro de Inteligência de Mercado da Strong Business School, afirmou ao g1 que existem elementos culturais e históricos que contribuem para a disparidade salarial.
“A mulher conquista maior espaço, se lança com mais intensidade ao mercado de trabalho, especialmente no último século, mas ela faz isso depois do homem, e há nessa dinâmica diferentes poderes de barganha, de negociação do processo de inserção no mercado de trabalho”, disse.
Salário Médio e Diferença Salarial por Gênero
No entanto, o economista explicou que o homem consegue um poder de barganha mais intenso no mercado de trabalho do que a mulher por dedicar-se mais intensamente ao emprego em comparação às mulheres, que possuem outras obrigações familiares.
Diferença entre salário Feminino e Masculino – 2010 a 2023 na Baixada Santista
A comparação dos dados acima mostra que a média do salário das mulheres piorou em relação a dos homens. Uma das explicações está na elevação do desemprego entre 2020 e 2022.
“Teve um pico [na diferença], auge de desemprego pelo efeito da pandemia sobre o mercado de trabalho e o poder de negociação dos trabalhadores se torna menor. Isso dificulta ainda mais a entrada da mulher no mercado de trabalho, […] o que acaba acentuando um pouco essa diferença”, disse Maskio.
O economista explicou que o cenário atual é de uma taxa de desemprego baixa, inclusive na Baixada Santista. De acordo com Maskio, quanto menor esse percentual, melhor fica a situação para os trabalhadores.
“Tem poucas pessoas desocupadas, há uma competição maior, uma dificuldade maior para os empregadores encontrarem profissionais para conseguir encaixar e completarem o seu time de profissionais, o que permite um grau de negociação, de barganha melhor aos trabalhadores”, disse.
Com a redução da taxa de desemprego, a expectativa é que a menor oferta de trabalho amplie o poder de negociação dos trabalhadores na economia, e esta disparidade diminua. No entanto, os fatores estruturais que explicam a dispersão seguem presentes na sociedade.
Cidade mais feminina do país
Em Santos, as mulheres representam 54,6% da população
Davi Ribeiro/Arquivo/A Tribuna Jornal
Santos é a cidade que concentra o maior número de mulheres no Brasil proporcionalmente, segundo novos dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE). As mulheres representam 54,6% da população, com 228.881 moradoras de um total de 418.608.
O economista destacou que, em 2023, a diferença salarial entre homens e mulheres na cidade mais feminina do país foi de 27,56%. Os setores com maior disparidade foram: indústria de transformação (-41%), serviços industriais e de utilidade pública (-25,10%) e serviços (-24,6%).
“O fato de ser proporcionalmente mais feminina, esse diferencial, percentual, não é tão estrondoso ao ponto de você olhar ao mercado de trabalho e chegar, especificamente na cidade, uma participação extremamente mais intensa das mulheres ofertando trabalho do que de homens”, disse.
Plano Nacional de Igualdade Salarial
Maskio explicou que o governo federal lançou o Plano Nacional de Igualdade Salarial com objetivo principal de reduzir esta disparidade, baseado na lei 14.611, de 03 de julho 2023, que dispõe sobre a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens.
O objetivo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), segundo ele, é diminuir a dispersão para que não haja a diferença salarial. “O quanto há de efetividade nisso, o quanto essa lei [vai] gerar de resultados que se mostrem eficazes isso depende de nós acompanharmos e do tempo.
“É importante que se tenha uma estrutura capaz de fiscalizar esse processo e o mecanismo operacional e que permita, na realidade, esse tipo de trabalho que conscientize as empresas. Um conjunto de ações para que isso se torne mais efetivo”, finalizou.
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