27 de setembro de 2024

Depois de 10 anos de pesquisa, cientistas brasileiros e estrangeiros publicam o maior mapa infravermelho da Via Láctea

O astrofísico Roberto Saito é um dos pioneiros do projeto chamado VISTA. Ele chegou a morar no Chile, onde está o telescópio com lentes de infravermelho que possibilitou enxergar o que antes não se via. Cientistas brasileiros e de mais 14 países fizeram o maior mapa infravermelho da nossa galáxia, a Via Láctea. O trabalho consumiu mais de dez anos.
A nossa imensa e bela vizinhança no universo, com detalhes do centro da galáxia que nunca tinham sido vistos e registrados antes. O lindo aglomerado de gases, poeira cósmica e estrelas de maior e menor brilho compõe o mais completo mapa da Via Láctea já feito, e que foi possível graças ao trabalho de 146 pesquisadores de 15 países, entre eles, 14 brasileiros.
“A ideia principal do projeto seria fazer um mapeamento tridimensional da Via Láctea, que a nossa galáxia, o nosso lar no universo. Então, para isso, a gente monitorou ao longo de mais de uma década mais de 1,5 bilhão de fontes, estrelas, tentando entender qual é a estrutura tridimensional da galáxia”, diz Roberto K. Saito, professor da UFSC.
O astrofísico Roberto Saito é um dos pioneiros do projeto chamado VISTA. Ele chegou a morar no Chile, onde está o telescópio do Observatório Europeu do Sul, com lentes de infravermelho que possibilitou enxergar o que antes não se via. Foi mais ou menos como se os cientistas usassem óculos que permitem ver no escuro. Só que visualizar foi apenas o começo de um trabalhão.
Na Terra, nas cidades brasileiras, pesquisas como o Censo do IBGE ajudam a entender como e onde vivem as pessoas, como se deslocam, se alimentam, o que fazem no dia a dia. Os cientistas também chamam de “censo” o trabalho que fizeram nos últimos dez anos, só que as observações e coletas de dados foram feitas olhando para o espaço.
Via Láctea: nossa galáxia é maior do que se pensava
E são as estrelas as principais informantes dos pesquisadores, como explica a professora Beatriz Barbuy, do Instituto de Astronomia da USP. Ela diz que é possível saber até a composição química dos astros a partir das informações captadas e tratadas em computador. Uma riqueza de pistas sobre a evolução da nossa galáxia desde a origem na grande explosão e com o testemunho de estrelas que apareceram logo depois.
“O Big Bang teria acontecido em 13.8 bilhões de anos atrás, e esses aglomerados têm mais ou menos entre 12.5 e 13.5 bilhões de anos. Então, são muito velhos mesmo. Com esse projeto, a gente descobriu vários aglomerados de estrelas que não eram conhecidos. Esse projeto tem muitos dados que vão ser explorados ainda. É muita coisa”, afirma Beatriz Barbuy, professora IAG/USP.
Depois de 10 anos de pesquisa, cientistas brasileiros e estrangeiros publicam o maior mapa infravermelho da Via Láctea
Jornal Nacional/ Reprodução
Tudo o que as estrelas contam, todos esses dados e as mais de 200 mil imagens produzidas do espaço estão alimentando centenas de artigos científicos e expandindo o conhecimento. E é desses estudiosos que vem também o alerta sobre o cuidado que devemos ter com esse lugar especial que ocupamos no universo.
“Não existe um planeta B. Por mais que a gente esteja hoje buscando outros planetas, buscando vida no universo, a gente tem que se preocupar com o nosso planeta”, afirma Roberto K. Saito.
“É um planeta fantástico, defino como realmente fantástico”, diz Beatriz Barbuy.
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