27 de setembro de 2024

Brasileira naturalizada que vive no Líbano cita apreensão: ‘Não sabemos a hora que atacam’

Mirvat Sleiman afirma que estuda voltar ao Brasil com os pais, que são idosos. Bombardeios israelenses no país mataram quase 600 pessoas no começo desta semana, entre eles dois brasileiros. Mirvat vive a 19 quilômetros de região em conflito no Líbano
Arquivo pessoal
A libanesa naturalizada brasileira Mirvat Sleiman vive na localidade de Lala Bekaa no Líbano, a cerca de 19 km de região alvo de bombardeios, e relatou em entrevista na quinta-feira (26) ao g1 o clima de apreensão entre as pessoas.
“Hoje está normal, ontem foi tenso, mas cada hora é diferente. Não sabemos a hora que atacam, aí ficamos na espera de novos ataques e bombardeios”, diz.
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Ela conta que do local onde mora não ouve os estrondos de bombardeios, mas, sim, o barulho das ambulâncias que passam direção à região de conflito.
Na quarta-feira (25), o Itamaraty confirmou a primeira morte de um brasileiro que chegou ao conhecimento do governo desde o início do conflito, trata-se do adolescente de 15 anos Ali Kamal Abdallah, de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
Na quinta-feira, uma brasileira de 16 anos também morreu. A vítima foi identificada à Globonews como Myrna Raef Nasser pelo tio dela, que mora em Balneário Camboriú, cidade do Litoral Norte de Santa Catarina. O Itamaraty ainda não se manifestou sobre o caso.
Bombardeios israelenses no Líbano se intensificaram nos últimos dias. Na segunda-feira, mais de 560 morreram e mais de 1,8 mil ficaram feridas nos ataques direcionados ao grupo extremista libanês Hezbollah, no dia mais sangrento desde a guerra do Líbano, em 2006.
A intensificação dos confrontos mudou a rotina de Mirvat e levanta dúvidas sobre a permanência no país. Para evitar situações de risco, as pessoas têm sido orientandas a ir aos seus trabalhos e demais tarefas, mas sem se afastar muito das residências.
Região onde brasileira naturalizada vive fica a 19 quilômetros de região de conflito no Lbano
Arquivo pessoal
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A possível volta ao Brasil
Mirvat nasceu no Líbano, mas na infância se mudou para Foz do Iguaçu, cidade que abriga a segunda maior comunidade árabe do Brasil, com mais de 20 mil integrantes. No município, ela viveu por 33 anos e há pouco mais de um ano voltou ao país de origem.
A guerra tem a feito repensar em uma possível volta à cidade com os pais, que são idosos, e vivem com ela no Líbano e estão assustados com o conflito.
“Nossa região até o momento está segura dos ataques, mas tudo pode mudar. […] Estamos estudando o caso [de voltar ao Brasil], assim que a FAB [Força Aérea Brasileira] liberar pensamos em ir”, afirmou Mirvat.
O g1 questionou o Itamaraty se está em curso algum plano para a retirada de brasileiros da região com aviões da FAB, mas não obteve retorno até esta publicação.
O receio de Mirvat é que muitos desabrigados comecem a chegar na região para pedir abrigo, mas ao mesmo tempo. Porém, também afirma estarem abertos para receber os “irmãos”.
Apesar do cenário que nunca se registrou antes na região, segundo Mirvat, a esperança pelo fim do conflito é que nutre a população local que se une em oração e pede paz.
“Agradeço a preocupação e solidariedade do povo brasileiro, são sempre muito hospitaleiros e amigáveis. […] Esperamos que seja algo que não demore e que a paz volte a reinar em todos os lugares”, disse.
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