17 de novembro de 2024

Veja o que é #FATO ou #FAKE nas entrevistas dos candidatos à Prefeitura do Recife ao NE1

Participaram das sabatinas ao vivo: João Campos (PSB), Daniel Coelho (PSD) e Gilson Machado (PL). João Campos (PSB), Daniel Coelho (PSD) e Gilson Machado (PL) em entrevistas ao NE1
Reprodução/TV Globo
Os três candidatos à Prefeitura do Recife que tiveram pelo menos 5% de intenções de voto na pesquisa Datafolha de 19 de setembro participaram de sabatinas ao vivo no NE1.

Entre 23 e 25 de agosto, foram entrevistados João Campos (PSB), Daniel Coelho (PSD) e Gilson Machado (PL).
✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE
🗳️ Acompanhe a cobertura das eleições em Pernambuco
As entrevistas foram conduzidas pelos jornalistas Márcio Bonfim e Gustavo Ferreira, e duraram 30 minutos. A ordem foi definida em um sorteio realizado na presença dos representantes dos partidos.
A equipe do g1 checou algumas das principais declarações. Leia:
João Campos (PSB)
“A gente, primeiro, fez requalificação nos [Centros de Atenção Psicossocial] CAPs existentes, a gente tem 17 CAPs na cidade.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: Segundo dados da Prefeitura do Recife, desde 2021 (início da gestão João Campos), apenas oito dos 17 Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) foram requalificados ou estão em fase final de reforma em 2024. Isso equivale a menos da metade do total de CAPs existentes na cidade.
As reformas mais recentes foram entregues em agosto, nas seguintes unidades: Caps Cléa Lacet, no Bongi; Caps-AD CPTRA, na Tamarineira; Caps Esperança, no Torreão; e Caps Boa Vista, no bairro de mesmo nome.
Notícias recentes publicadas pela prefeitura também apontam que passaram por reforma o Caps Professor Luiz Cerqueira, em Santo Amaro; e o Cempi, em Jardim São Paulo.
Questionada pelo g1, a assessoria de João Campos disse que foram reformados todos os Caps “que apresentavam problemas estruturais e, de fato, como informa o prefeito, existem 17 Caps na cidade”.
Afirmou, também, que as reformas foram feitas no Programa Recife Cuida, com ampliação da Rede de Assistência Psicossocial, inauguração do Centro de Convivência Recomeço Fátima Caio, na Caxangá; do Serviço Integrado em Saúde Mental (SIM), na Boa Vista; e a criação de um novo Caps infantil, ainda em obras, no Pina.
“Quando a gente fez a Praça da Infância, a gente teve um cuidado de fazer na cidade inteira”

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Conforme dados da prefeitura do Recife, foram entregues dez Praças da Infância na gestão de João Campos, até o dia 5 de julho deste ano. No entanto, diferente do que diz o prefeito, os equipamentos não estão distribuídos por toda a cidade, que tem 94 bairros.
As praças não abrangem todas as Regiões Político Administrativas (RPAs), e, somente na Madalena, na Zona Oeste, há duas unidades. Na RPA 1, que abrange os bairros centrais do Recife, não há nenhuma Praça da Infância. Há a promessa de que seja construída uma unidade no Parque 13 de Maio, no bairro da Boa Vista, mas o projeto, anunciado em janeiro de 2024, ainda não saiu do papel.
Com relação às RPAs, as Praças da Infância estão nas seguintes localidades:
RPA 1: Nenhuma;
RPA 2: Encruzilhada;
RPA 3: Dois Unidos e Poço da Panela;
RPA 4: Madalena (há duas no mesmo bairro);
RPA 5: San Martin e Tejipió;
RPA 6: Ibura, Boa Viagem e Ipsep.
Procurada, a assessoria de João Campos disse que as obras da Praça da Infância do Parque 13 de Maio deve ser concluída ainda em 2024 e que essas estruturas “estão sendo criadas a partir de uma metodologia que está sendo replicada em toda a cidade, com soluções específicas e em sintonia com o seu entorno”.
Daniel Coelho (PSD)
A gente vai armar os agentes da [Guarda Municipal] e fazer concurso. Esse é um assunto que já é uma unanimidade. O Recife, de novo, não é possível, a gente está certo e o Brasil todo errado?”

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Ao falar que o armamento da Guarda Municipal é um assunto unânime e que o Recife, que não possui guarda armada, não poderia ser o único “certo e o Brasil todo errado”, o candidato dá a entender que a capital pernambucana é a única que não tem guarda municipal armada.
Porém, além do Recife, o Rio de Janeiro não tem Guarda Municipal armada. Outras três capitais sequer possuem Guardas Municipais: Cuiabá, Porto Velho e Rio Branco.
Além disso, o armamento da guarda municipal também é um tema que passa longe da unanimidade. Especialistas em segurança pública possuem ressalvas sobre a estratégia. Um levantamento feito pelo g1, em 2021, reuniu opiniões sobre o tema.
A coordenadora institucional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Juliana Martins, por exemplo, diz que os municípios não precisam criar uma Guarda Municipal para planejar e executar uma política municipal de segurança: “A resolução dos problemas relacionados ao crime e à violência não pode se restringir a aumentar ou armar a Guarda Municipal”, afirma.
Questionada, a assessoria de Daniel Coelho disse que ele, apesar de ter citado o “Brasil todo” em sua fala, “sempre se refere ao armamento da Guarda Municipal em comparação às demais capitais do Nordeste”.
Sobre as opiniões divergentes de especialistas, que, segundo ele, existe uma unanimidade, a assessoria informou que “trata-se de conteúdo subjetivo e cabe, exclusivamente, ao candidato opinar, livremente, de acordo com suas convicções”.
“A gente reciclava mais lixo em 2012, quando o PSB chegou ao governo, do que hoje. Apenas 1% do lixo produzido na cidade é reciclado.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: De acordo com a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), o Recife recicla cerca de 2,9% do total de resíduos sólidos coletados na cidade. Esse dado diz respeito ao período entre 2018 e 2023, que é o balanço mais recente da instituição. Em 2012, também conforme os dados da Emlurb, a capital pernambucana reciclava 0,17% do total coletado.
A Emlurb afirmou, por meio de nota, que pretende atingir a meta estipulada pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), que, para 2024, é de 3,4% para a região Nordeste. Para isso, tem adotado medidas como incentivos fiscais, ampliação de malha de coleta de recicláveis e instalação de novos pontos de descarte, entre outras medidas.
Gilson Machado (PL)
“A maior quantidade de CO2 que é lançada aqui no nosso estado é o engarrafamento do Recife.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: De acordo com dados da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semas), nem mesmo no Recife o transporte é responsável pela maior parcela de emissões de gás carbônico. Esse setor, na capital, é responsável por 36,9% das emissões, enquanto os resíduos respondem por 44,9% de todo o CO2 liberado na capital.
As emissões provenientes do setor de resíduos são referentes principalmente à decomposição, queima, processamento e incineração do lixo, segundo a Secretaria de Meio Ambiente. O segmento também engloba, no caso dos efluentes, a degradação de matéria orgânica na coleta e tratamento de resíduos líquidos ou gasosos.
Em Pernambuco, o transporte responde por 31,1% das emissões, mas isso diz respeito a todo o estado, e não apenas à capital. O setor dos resíduos vem logo em seguida, com 27,67% das emissões.
“Nós temos uma fila de mais de 5 mil crianças esperando creche em Recife.”

A declaração é #FAKE. Veja por quê: De acordo com a Secretaria de Educação do Recife, atualmente há 3.379 crianças na fila por vagas em creches municipais. Apesar disso, o prefeito João Campos (PSB) disse, em entrevista ao NE1, que esse número se refere às pessoas cadastradas nos sistemas da prefeitura, e que a demanda tende a aumentar conforme são abertas novas vagas.
Participaram da checagem: Alice Albuquerque, Luiza Mendonça, Pedro Alves e Rafael Souza.

Mais Notícias