28 de setembro de 2024

Israel diz ter eliminado comandantes da unidade de mísseis do Hezbollah em bombardeios no Beirute

Ataques nesta sexta (27) eliminaram comandantes da unidade de Mísseis do Hezbollah no sul da capital do Líbano. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, o chefe do grupo extremista libanês, Hassan Nasrallah, também foi alvo dos bombardeios. Israel bombardeia Beirute; nuvem de fumaça é vista na capital do Líbano
As Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram nesta sexta-feira (27) que eliminaram comandantes da unidade de Mísseis do Hezbollah que opera no sul do Líbano em bombardeios realizados no sul de Beirute, capital libanesa.
O comandante da divisão de Mísseis, Muhammad Ali Ismail, e seu vice, Hussein Ahmad Ismail, foram mortos. A FDI afirmou ainda que outros comandantes e membros do Hezbollah também foram eliminados no ataque, mas não os nomeou.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Israel realizou duas ondas de bombardeios no sul de Beirute nesta sexta. Na primeira, o alvo era o número 1 do Hezbollah, Hassan Nasrallah, segundo fontes ouvidas pela Reuters. Na segunda, os israelenses afirmaram que o alvo eram depósitos de armas do grupo extremista e emitiram avisos de evacuação para moradores da área alvo.
Segundo o Exército israelense, Muhammad Ismail foi responsável por coordenar ataques terroristas contra Israel, incluindo o disparo de foguetes em direção ao país e o lançamento de um míssil em direção ao centro de Israel na quarta-feira (25).
O anúncio da morte dos comandantes da divisão de Mísseis do Hezbollah ocorre após a eliminação do chefe da unidade de Mísseis e Foguetes do grupo extremista, Ibrahim Qabisi, assim como outros comandantes seniores da unidade.
Em comunicado, a FDI disse que continuará a buscar a morte de membros seniores do Hezbollah.
Bombardeios no Líbano
Israel bombardeou Beirute, capital do Líbano, nesta sexta-feira (27) — no que foi o maior ataque israelense desde o início do conflito com o grupo extremista Hezbollah, segundo a agência Reuters. Uma nuvem de fumaça dominou o céu da capital.
Várias explosões atingiram o sul da cidade pouco mais de uma hora após o discurso do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na Assembleia Geral da ONU. Imagens postadas em redes sociais mostram o momento do ataque, em que diversos prédios foram atingidos, e a enorme nuvem gerada pelos mísseis. Veja no vídeo em destaque.
Segundo as Forças Armadas de Israel, foi realizado um “ataque de precisão” ao quartel-general do Hezbollah. O órgão informou que o QG está localizado entre edifícios residenciais em Dahieh, Beirute, “como parte da estratégia do Hezbollah de usar o povo libanês como escudo humano”.
Fontes ouvidas pela Reuters disseram que o alvo do ataque israelense era o chefe do grupo extremista libanês, Hassan Nasrallah.
Autoridades de Israel dizem que altos funcionários do Hezbollah estavam na sede no momento do ataque. Ainda não houve resposta oficial do Hezbollah sobre o ataque ou sobre a situação do chefe do grupo extremista, Hassan Nasrallah. A fonte israelense da agência Reuters disse que as Forças de Defesa de Israel ainda não têm confirmação se ele foi atingido.
Segundo a agência Reuters, uma fonte próxima ao Hezbollah afirma que Nasrallah não foi atingido pelo bombardeio — informação repetida pela agência iraniana Tasnim. O governo iraniano, que financia o grupo extremista, disse à agência que ainda está checando a condição do líder.
Infográfico: o que está por trás das explosões de pagers e walkie-talkies do Hezbollah
Em um primeiro comunicado, o Hezbollah não mencionou Nasrallah, mas condenou o ataque israelense, que teria atingido prédios residenciais.
O grupo também condenou a comunidade internacional, a qual seria “conivente” com Israel, por “dar uma plataforma para que Netanyahu continue a espalhar mais mentiras e enviar mais ameaças”, em alusão ao discurso na Assembleia Geral da ONU.
Uma fonte do Hezbollah confirmou à agência Reuters que o chefe do Conselho Executivo do grupo extremista, Hashem Safieddine, está vivo após o bombardeio.
Novo bombardeio
Na noite desta sexta, pelo horário de Brasília, Israel realizou mais bombardeios no sul de Beirute.
Segundo o Exército de Israel, o alvo dos “bombardeios de precisão” são armas do Hezbollah escondidas em área residencial. Antes do ataque, o porta-voz do Exército israelense ordenou a evacuação de moradores de três prédios Dahieh, área visada na segunda leva de bombardeios.
Uma autoridade sênior de Israel disse que nos bombardeios do início do dia o país visava eliminar cerca da metade das capacidades de mísseis e foguetes do Hezbollah, “e conseguimos”. A autoridade reafirmou também que o país não busca uma guerra generalizada contra o Hezbollah.
A embaixada do Irã em Beirute afirmou que o ataque israelense é um “crime” que merece uma “punição adequada”. O órgão também disse que o bombardeio representa uma “escalada perigosa que muda o jogo”.
Repercussão
Entenda o conflito no Oriente Médio e a possibilidade de uma guerra geral
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati disse que o bombardeio à capital nesta sexta mostra que Israel “não liga” para os apelos da comunidade internacional para um cessar-fogo na região.
Israel vem bombardeando regiões do Líbano há uma semana, em uma nova página do conflito no Oriente Médio que já deixou mais de 700 mortos.
O governo israelense afirma que o alvo é o Hezbollah, grupo extremista financiado pelo Irã que nasceu no Líbano com o intuito de lutar contra Israel.
Os Estados Unidos não foram avisados previamente sobre o bombardeio israelense desta sexta, segundo o secretário de Defesa, Lloyd Austin.
A informação foi confirmada por uma porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, que disse que “os EUA não tiveram envolvimento na operação”. Uma autoridade da Casa Branca disse que o presidente Joe Biden foi informado por sua equipe sobre os últimos acontecimentos do ataque em Beirute.
Após o bombardeio, Netanyahu antecipou sua volta a Israel, segundo o gabinete do primeiro-ministro.
Momento das explosões e enorme nuvem de fumaça formada
Telegram/Reprodução
Escalada
A escalada da troca de ataques entre os dois lados — que já acontecia de forma constante desde o início da guerra na Faixa de Gaza, há quase um ano — ocorreu após explosões em série de pagers e walkie-talkies de membros do Hezbollah, que acusam Israel pelo ataque.
A semana de bombardeios provocou também um êxodo sem precedentes no Líbano desde a guerra de 2006. Nesta sexta-feira, a Acnur, a agência da ONU para refugiados, afirmou que mais de 30 mil pessoas de diferentes regiões do Líbano fugiram para a vizinha Síria nas últimas 72 horas.
Outros milhares de pessoas também tentam deixar o país, mas dezenas de companhias aéreas cancelaram operações nos aeroportos libaneses.
O Itamaraty disse esta semana que está consultando brasileiros que queiram deixar o Líbano para estudar a repatriação ao Brasil — há 21 mil cidadãos brasileiros morando no Líbano, a maior comunidade brasileira no Oriente Médio. Dois brasileiros morreram nos ataques desta semana.
Mais de 700 mortos
Destruição causada por bombardeio de Israel
Telegram/Reprodução
Nove pessoas de uma mesma família morreram em um bombardeio à cidade de Shebaa, no sul do Líbano, que deixou 25 mortos no total, na manhã desta sexta. Quatro delas eram crianças, segundo o prefeito da cidade, Mohammad Saab.
Do outro lado, as Forças Armadas de Israel disseram que o Hezbollah lançou mísseis contra a cidade de Haifa, a terceira maior de Israel e que virou alvo do grupo extremista desde o início da escalada dos conflitos entre as duas partes.
Nesta sexta-feira, o irmão do brasileiro de 15 anos que morreu junto com o pai durante um dos bombardeios israelenses no Líbano chegou ao Brasil e relatou o momento em que a família foi atingida pelo ataque. “Não dava para respirar”, disse ele no aeroporto de Foz do Iguaçu a jornalistas. Veja vídeo abaixo.
Jovem que sobreviveu a um bombardeiro no Líbano trabalhava com o pai e o irmão no momento
Do lado de Israel, milhares de pessoas no norte tiveram de deixar suas casas por conta dos lançamentos de mísseis e foguetes pelo Hezbollah — o governo israelense prometeu que a nova fase só terminará quando os moradores conesguirem retornar com segurança.
O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, rejeitou na quinta-feira (26) uma proposta de cessar-fogo de 21 dias conjunta feita por diversos países, entre eles os Estados Unidos, o Reino Unido e os Emirados Árabes.
Em outra frente de ataque também nesta sexta, as forças israelenses mataram cinco soldados sírios em um bombardeio na região fronteira entre o Líbano e a Síria. A informação foi divulgada pela agência de notícias estatal da Síria.
LEIA MAIS:
SANDRA COHEN: Netanyahu cede à pressão de seus ministros radicais e rejeita cessar-fogo com Hezbollah
MAIOR COMUNIDADE BRASILEIRA NO ORIENTE MÉDIO: Bombardeios no Líbano fazem 2ª vítima brasileira
PERFIL DO LÍBANO: País tem 21 mil brasileiros e religião no poder; conheça
GUERRA EM GAZA CONTINUA: Israel faz ataque aéreo em escola e mata 11 pessoas em Gaza
Integrantes do resgate e moradores observam destruição deixada por bombardeio israelense em Shebaa, no sul do Líbano, perto da fronteira com Israel
Rabih DAHER / AFP

Mais Notícias