28 de setembro de 2024

Rir faz bem? Entenda como a risada interfere no corpo e na mente

O Globo Repórter desta sexta-feira (27) destacou a importância do riso e os seus benefícios. Edição de 27/09/2024
O que te faz rir hoje? Um pix? Estar vivo? Acordar? O Globo Repórter desta sexta-feira (27) destacou a importância do riso. O programa revelou os benefícios do rir para o corpo e para a mente. Saiba mais abaixo.
O coração e o riso
Medicina chinesa associa o riso ao funcionamento do corpo
A medicina chinesa associa o riso e o bem-estar ao funcionamento do corpo. A doutora Márcia Yamamura, chefe do grupo de acupuntura do ambulatório da UNIFESP, explica que temos cinco sistemas de órgãos: o rim, o fígado, o coração, o pâncreas e o pulmão. Cada um está associado a emoções específicas:
“O rim está associado ao medo, o fígado à raiva e à contrariedade, o coração à ansiedade e alegria excessiva, o baço, pâncreas à preocupação, e a tristeza ao pulmão”, explica.
A doutora ressalta que o coração seria esse o órgão responsável pelo riso.
“Sim, porque, para a medicina chinesa, o coração abriga a mente. Então, quando a tua mente está feliz ou quando você vê algo engraçado ou que te toca. Te gera uma emoção boa, você ri ou sorri”, explica.
Rir para curar angústias
Profissionais falam sobre a importância do riso diante de momentos difíceis
O psicanalista Daniel Kupermann, professor da Universidade de São Paulo, destaca o potencial do riso, inclusive nos momentos de maior adversidade.
“O riso ligado a processos psíquicos como o humor, às vezes até as piadas, tem o efeito de resgatar a alegria e a potência do sujeito, mesmo que seja por um tempo muito curto. Para Freud, por exemplo, o humor é a maior virtude que nós temos, que é transformar a desgraça em riso, em alegria”, diz o professor.
Ivete Oliveira fala com propriedade. Ela foi vítima de violência sexual aos 16 anos e se viu em dilema.
“Eu me deparei com desistir ou seguir. Eu sempre fui uma menina muito risonha, que queria mudar o mundo e, naquele momento, eu me vi dividida entre me aprofundar no autoconhecimento, buscar a mim mesma, apesar de todas as dores, ou me entregar numa profunda depressão e apagar ali o meu riso e o meu ser”, relata.
Ivete Oliveira em uma das suas personagens
Reprodução/TV Globo
Desde então, ela decidiu ajudar outras mulheres a lideram com suas dores. Em São Paulo, no Centro Educacional Unificado Alvarenga, na zona sul, a arte educadora promove uma terapia bem-humorada com um grupo de mulheres. Rindo juntas, elas se descobrem e ganham confiança. Veja no vídeo acima.
“Rir ajuda sim, resolve sim, porque rir ainda é o melhor remédio”, afirma Ivete.
Terapia bem-humorada com um grupo de mulheres em São Paulo
Reprodução/TV Globo
Aprendendo com mais facilidade
Professora revela como método animado melhorou desempenho dos alunos
Em uma escola de Bangu, na zona oeste do Rio, as crianças do segundo ano do fundamental foram alfabetizadas com facilidade graças ao método animado da professora Luziene Sobreira. As aulas para lá de diferentes foram parar na internet.
“Eu postei na intenção de divulgar o trabalho no sentido de outros professores replicarem. Aprender não tem que ser chato”, diz.
O método surgiu de forma espontânea, quando Luziene enfrentou o desafio de atrair a atenção de crianças recém-saídas da creche.
“Eu fui trabalhar o alfabeto e as famílias silábicas, dei o B de bola. Mas era um olhando para o teto, o outro chorando. Pensei: não está legal isso. Não está rendendo. Então eu falei com eles: vamos fazer um alfabetário novo dos personagens que eles gostam”.
Professora se fantasia de personagens para ensinar alfabeto aos alunos
Reprodução/TV Globo
A professora se fantasiou de Batman e a reação da turma foi a melhor possível:
“Batman é todo preto. Então, pensei vou colocar uma legging preta, uma blusa, botar um morcego e colocar a máscara. Quando eu entrei de Batman, era uma gritaria, eles batiam na mesa, eles riam e a concentração naquela aula foi outra. Eles saíram dali em um dia de aula conhecendo toda a família do B.”
Professora se fantasia de personagens para ensinar alfabeto aos alunos
Reprodução/TV Globo
A arte de fazer rir
‘O humor faz parte do povo brasileiro’, diz Lúcio Mauro Filho
O Globo Repórter ainda conversou com profissionais do riso, que levam para teatro a arte de fazer rir. Lúcio Mauro Filho destaca que o humor é parte da cultura brasileira.
“O humor, a comédia, faz parte do repertório humano, do povo brasileiro. A gente gosta de rir, a gente se sente bem rindo, e quando falta o riso, quando falta comédia, eu acho que a nação também entristece”, ressalta.
O humor em transformação
Historiador relata a história do humor: ‘cada sociedade ri de uma forma diferente’
O historiador Elias Saliba se dedica a história do humor e ressalta que o que faz a gente rir muda e varia conforme o tempo e a cultura.
“Cada sociedade, cada cultura e cada época ri de uma forma diferente, de coisas diferentes. Por isso que nós estudamos história cultural do humor, para mostrar que o humor tem fases, etapas. Na antiguidade até a idade média o riso era porque estava numa festa, não existia essa coisa de alguém produz para outro rir, isso surgiu só no século 17”, diz.
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