29 de setembro de 2024

Voluntários de hospital produzem capas protetoras para pacientes com ‘gaiolas’ ortopédicas em Jundiaí

Trabalho voluntário para confecção das capas existe desde 2023 e é feito em parceria com a Associação Socioeducacional Casa da Fonte. Projeto existe desde 2023 no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), em Jundiaí (SP)
Divulgação
A vontade de transformar a gratidão em bondade deu início a um projeto que traz conforto e proteção para pacientes com fixadores externos, também conhecidos como “gaiolas”, em um hospital que atende diversas cidades do interior de São Paulo.
📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp
Ainda em 2023, o filho de uma costureira precisou ser internado no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), em Jundiaí (SP). Durante o período, um ortopedista da equipe se propôs a comprar o tecido e doar para que ela confeccionasse, em gratidão ao atendimento recebido, algumas “capas protetoras de fixador”.
Estes fixadores externos podem ser utilizados em abordagens variadas, como casos de fraturas simples, fraturas expostas, patológicas, osteotomias corretivas, deformidades ósseas, pseudoartroses (a ausência de consolidação de uma fratura), artrodeses, entre outros.
Segundo o hospital, o aparelho é minimamente invasivo, mas é fundamental para casos como esses. No entanto, traz algumas “adversidades estéticas”, já que é externo e fica visível, o que pode comprometer a autoestima do paciente. Durante o tratamento, muitos deles adaptam suas rotinas e até suas roupas, já que, em muitos casos, é preciso cortá-las.
Diante desse cenário, a ideia de levar o projeto adiante foi apresentada aos profissionais do corpo clínico e aceita de imediato.
“O objetivo do projeto é trazer mais conforto ao paciente, proteger o fixador de atritos, impactos e sujeira, proteger a pele ajudando a prevenir infecções e promover uma recuperação mais rápida. Também para prevenir rasgos ou danos aos tecidos (lençóis, sofás, roupas) causados pelo contato com o fixador. Ao iniciar o acompanhamento ambulatorial pós cirurgia, o paciente com fixador externo Ilizarov recebe uma capa”, explica a supervisora de projetos sociais do hospital, Viviane Rasera.
Segundo Viviane, logo após verem a ação da mãe de um dos pacientes, o grupo voluntário do hospital quis dar continuidade ao projeto e procurou pela supervisora para encontrar alternativas para que o projeto continuasse. Atualmente, praticamente todos os pacientes com fixadores possuem a capa.
“A compra do tecido e a costura foi viabilizada inicialmente com valores arrecadados pelo Bazar do São Vicente Voluntariado, que conta com dez voluntárias. A identificação dos pacientes e a entrega das capas é feita pelos voluntários que atuam no ambulatório de ortopedia (13 voluntários) com apoio da supervisão do local. Para a próxima remessa, o voluntariado irá custear a costura, porém, ao invés de comprarmos o tecido, iremos reciclar os tecidos dos uniformes para a confecção das capas”, explica.
O trabalho voluntário para confecção das capas é feito em parceria com a Associação Socioeducacional Casa da Fonte, que já confeccionou 30 adereços.
Do medo à gratidão
Anderson recebeu uma das capas oferecidas pelo projeto
Divulgação
Anderson Rogério Finamore, de 51 anos, teve uma fratura exposta na perna há 24 anos. Desde então, passou por mais de dez procedimentos cirúrgicos.
Ele foi diagnosticado com osteomielite, uma infecção óssea geralmente causada por bactérias, microbactérias ou fungos, e passou a conviver com dor e desconforto por anos, até procurar a Santa Casa de Louveira, cidade onde mora, e chegar até o ambulatório de ortopedia do HSV.
O paciente passou por uma cirurgia para fazer a limpeza do local e, após receber alta, fazia o acompanhamento no ambulatório do hospital. Após conversar com o médico do local, decidiram colocar o fixador.
Enquanto ia ao hospital para fazer exames, viu um paciente com uma das capas e passou a ter curiosidade sobre o que se tratava e como era feito. “Consegui conversar com um rapaz que estava por lá em um dia de consulta e ele falou que a mãe dele havia feito. Eu até falei para ele tirar uma foto, passei meu contato, mas aí, em um dia, fui fazer uma consulta e acabei tendo uma surpresa”, conta.
No mesmo dia em que Anderson havia demonstrado interesse em ter algo igual ao do paciente do hospital, o médico responsável pelo atendimento dele também havia separado uma capa como presente.
“Justo naquele dia que eu falei ‘nossa, bem que eu poderia encontrar alguém que tivesse essa capa para eu fazer’ […] fiquei muito feliz, contente quando o doutor trouxe a capa. Hoje eu vejo bastante gente usando, é uma coisa muito boa, porque a gente bota medo nas pessoas, né? Muita gente fica muito espantado com isso, com todos os ferros, então essa capa caiu muito bem, foi uma coisa muito legal, a gente só tem a agradecer”, afirma.
Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí
VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

Mais Notícias