30 de setembro de 2024

Israel lança ataques contra grupo rebelde aliado do Hamas no Iêmen

Forças aéreas israelenses atacaram rebeldes houthis, grupo aliado ao Hamas. Alvos incluíram uma usina elétrica e um porto marítimo usado para importar petróleo. Após os ataques, a maior parte da cidade portuária de Hodeidah ficou sem energia. Imagem da fumaça causada pelos ataques aéreos israelenses na cidade portuária de Hodeidah, no Iêmen.
Reuters
As Forças Aéreas de Israel informaram neste domingo (29) que lançaram novos ataques a alvos houthis no Iêmen. Os houthis são rebeldes aliados do Hamas.
Segundo militares israelenses, os alvos incluem uma usina elétrica e um porto marítimo usado para importar petróleo. Foram usados dezenas de aeronaves, incluindo caças. Os ataques causaram cortes de energia na maior parte da cidade portuária de Hodeidah, disseram moradores à agência de notícias Reuters.
O porta-voz do ministro das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanaani, condenou os ataques.
O bombardeio aconteceu após os houthis terem disparado mísseis contra Israel durante os últimos dois dias, e intensifica os conflitos vistos no Oriente Médio.
“Ao longo do último ano, os Houthis têm operado sob a direção e o financiamento do Irã, e em cooperação a milícias iraquianas, a fim de atacar o Estado de Israel, prejudicar a estabilidade regional e interromper a liberdade global de navegação”, afirmaram os militares israelenses em comunicado oficial.
Em meados de setembro, por exemplo, os houthis já haviam feito um ataque de míssil ao centro de Israel, em apoio aos palestinos. À época, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia afirmado que os houthis pagariam um preço alto pelo ataque.
O último ataque dos houthis a Israel aconteceu no último sábado, quando o grupo rebelde lançou um míssil balístico em direção ao Aeroporto Internacional Ben Guyrion, perto de Tel Aviv. Segundo as forças armadas de Israel, o míssil foi interceptado.
Neste final de semana, os houthis também lamentaram a morte de Sayyed Hassan Nasrallah, número 1 e principal rosto do Hezbollah, que comandava o grupo extremista no Líbano desde 1992, e que foi morto por Israel na última sexta-feira. De acordo com o exército israelense, mais de 20 membros do Hezbollah morreram no ataque.
Israel ataca dezenas de alvos do Hezbollah no domingo (29)
Quem são os Houthis?
A organização surgiu em 1990 para combater o governo do então presidente Ali Abdullah Saleh. Liderados por Houssein al Houthi, os primeiros integrantes do grupo eram do norte do Iêmen e faziam parte de uma minoria muçulmana xiita do país, os zaiditas.
Os houthis ganharam força ao longo dos anos, principalmente após a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos em 2003. Clamando frases como “Morte aos Estados Unidos”, “Morte a Israel”, “Maldição sobre os judeus” e “Vitória ao Islã”, o grupo não demorou para se declarar parte do “eixo da resistência” liderado pelo Irã contra Israel e o Ocidente.
Houthis e Guerra do Iêmen: 10 anos de conflito
A guerra do Iêmen começou em 2014, quando os houthis saíram do norte do país e tomaram a capital, Sanaa, forçando o governo reconhecido internacionalmente a fugir para o sul e depois para o exílio.
A Arábia Saudita entrou na guerra em 2015, liderando uma coalizão militar com os Emirados Árabes Unidos e outras nações árabes. O grupo, apoiado pelos Estados Unidos, realizou uma campanha de bombardeios destrutivos e apoia as forças governamentais e as milícias no sul do território iemenita.
Com o passar do tempo, o conflito se tornou uma guerra indireta entre Arábia Saudita e Irã e seus respectivos apoiadores. Por exemplo, de acordo com um relatório publicado em janeiro de 2023, armas fornecidas pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos e usadas pela coalizão mataram dezenas de pessoas no conflito.
Há anos, nenhum dos lados obtém ganhos territoriais: enquanto os houthis mantêm seu controle sobre o norte, Sanaa, e grande parte do oeste densamente povoado, o governo e as milícias controlam o sul e o leste, incluindo as principais áreas centrais, onde estão a maior parte das reservas de petróleo iemenitas.
A guerra no Iêmen foi classificada pela ONU como o mais grave desastre humanitário da atualidade, com deslocamento interno de mais de 4,5 milhões de pessoas e 80% da população vivendo na pobreza. As mais afetadas são as crianças: cerca de 11 milhões delas vivem em situação desesperadora e precisam de ajuda, segundo as Nações Unidas.

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