Yoav Gallant discursou a soldados que estão concentrados no norte de Israel, perto da fronteira com Líbano e indicou início de uma incursão por terra no Líbano. ‘Morte de Nasrallah não é o fim’, afirmou. Veículos militares posicionados no norte de Israel, perto da fronteira com o Líbano, em meio a tensões com o Hezbollah, em 30 de setembro de 2024.
Jim Urquhart/ Reuters
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse nesta segunda-feira (30) que Israel seguirá sua ofensiva no Líbano mesmo após o assassinato do comandante do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e indicou que o início de uma operação por terra no país vizinho está próximo.
“A eliminação do Nasrallah é um passo importante, mas não é o fim”, disse Gallant, em visita a tropas na fronteira entre Israel e o Líbano.
Aos soldados, o ministro afimrou que as Forças Armadas “ativarão todas as suas capacidades”, em indicação a uma incursão por terra no Líbano.
“Para que os residentes do norte (de Israel, deslocados por conta do lançamento de foguetes e mísseis pelo Hezbollah) voltem com segurança às suas casas, ativaremos todas as nossas capacidades — incluindo vocês)”, discursou.
Hezbollah diz estar pronto para incursão israelense por terra
Vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, faz pronunciamento em 30 de setembro, após a morte do número 1 do grupo, Hassan Nasrallah
Al Manar TV/Reuters TV via Reuters
O vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, disse nesta segunda-feira (30) que o movimento está pronto para enfrentar qualquer invasão terrestre israelense ao Líbano.
Israel não alcançará seus objetivos, disse ele.
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Esse foi o primeiro discurso público de uma autoridade do grupo extremista libanês desde que Israel assassinou seu líder, Hassan Nasrallah, na sexta-feira (27).
“Enfrentaremos qualquer possibilidade e estamos prontos se os israelenses decidirem entrar por terra. As forças de resistência estarão prontas para um confronto terrestre”, disse Qassem.
Qassem afirmou também que o conselho do grupo vai escolher um novo líder em breve.
As forças israelenses inflingiram perdas enormes ao Hezbollah em uma onda de ataques, iniciados há duas semanas, a alvos no Líbano. Vários comandantes, alé de Nasrallah, foram eliminados. É possível que o próximo passo de Israel seja enviar tropas terrestres e tanques através da fronteira.
Além disso, o grupo terrorista palestino Hamas disse que um ataque aéreo israelense matou o seu líder no Líbano, na cidade de Tiro, nesta segunda-feira.
No domingo (29), Israel atacou pela primeira vez o centro da capital libanesa, Beirute.
Israel faz seu primeiro ataque ao centro de Beirute, dizem agências
As mortes foram as mais recentes de uma onda de ataques intensificados de Israel contra alvos militantes no Líbano, parte de um conflito que também se estende desde os territórios palestinos de Gaza e da Cisjordânia ocupada, até ao Iêmen e dentro do próprio Israel.
Morte de líder do Hamas
O Hamas disse que seu líder no Líbano, Fateh Sherif Abu el-Amin, foi morto junto com sua esposa, um filho e uma filha, em um ataque que teve como alvo sua casa em um campo de refugiados na cidade de Tiro, no sul, na madrugada de segunda-feira.
Outro grupo, a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), disse que três dos seus líderes foram mortos num ataque que teve como alvo o distrito de Kola, em Beirute.
Essa foi a primeira vez que Israel atacou Beirute para além dos seus subúrbios ao sul, numa campanha que culminou no assassinato do veterano líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na semana passada, numa sucessão de ataques aéreos pesados.
Domingo marcado por bombardeios
O domingo foi marcado por novos bombardeios no Oriente Médio. Israel realizou novos ataques ao Líbano, deixando mais de 100 mortos e 359 feridos no país, além de bombardeios contra os houthis, um grupo rebelde aliado do Hamas no Iêmen.
Os ataques direcionados ao Líbano foram intensificados por Israel nas últimas semanas, com o objetivo de eliminar membros do alto escalão do grupo extremista Hezbollah.
De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, mais de mil pessoas foram mortas e 6 mil ficaram feridas ao longo das últimas duas semanas. O órgão não detalhou quantos deles eram civis. O governo afirmou ainda que 1 milhão de pessoas — praticamente um quinto da população do país— deixaram suas casas.
Histórico
Os conflitos começaram em 7 de outubro do ano passado, quando o grupo extremista Hamas atacou uma festa rave em Israel e outros pontos do país, deixando mais de 1.200 mortos e sequestrando centenas de israelenses.
Israel passou a atacar a Faixa de Gaza na sequência, alegando que o alvo eram integrantes do Hamas. No entanto, os ataques que ocorrem desde então devastaram a região da e deixaram mais de 40 mil palestinos mortos, a grande maioria de civis.
Em apoio ao Hamas, o Hezbollah também começou a atacar Israel já a partir de 8 de outubro. O conflito entre as Forças de Defesa de Israel e o grupo libanês segue desde então, mas se intensificou na semana passada, após explosões em série de pagers e walkie-talkies de membros do Hezbollah, que acusam Israel pelo ataque.