Aline Lopes disse que atuar na DPCA é o maior e mais gratificante desafio de sua carreira. Suspeito de estupro tentava impedir testemunha de pegar documentos quando foi baleado, segundo a polícia. Delegada Aline Lopes, titular da DPCA de Anápolis, Goiás
Arquivo Pessoal/Aline Lopes
A delegada Aline Lopes, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Anápolis, que precisou disparar contra um homem suspeito de estuprar a própria filha, contou ao g1 que decidiu se tornar policial após o assassinato de seu pai, quando ela tinha apenas 8 anos. Aline ingressou na Polícia Civil de Goiás (PC-GO) em 2014 como escrivã e atua como delegada desde 2019, após ser aprovada em concurso público.
“Isso impactou minha escolha por um curso e uma profissão que me permitissem atuar em defesa de pessoas que sofreram o que eu e minha família sofremos”, contou Aline.
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O g1 não localizou a defesa do suspeito até a última atualização desta reportagem.
Casada e mãe de três filhos, Aline nasceu em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Hoje, aos 40 anos, ela relembra as dificuldades enfrentadas até conquistar o tão almejado cargo.
“Vim de uma família muito humilde, estudei em escola pública, depois fui bolsista em colégio particular e na faculdade, e foi com muita dificuldade que consegui alcançar o cargo de delegada”, relembrou.
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Aline disse que atuar à frente da DPCA é o maior e mais gratificante desafio de sua carreira. “Poder, de alguma forma, impedir que violências, físicas, sexuais ou psicológicas, se perpetuem, romper esses ciclos, e propiciar um recomeço às essas vítimas é minha maior satisfação”, explicou.
Entenda o caso
Delegada Aline Lopes, titular da DPCA de Anápolis, Goiás
Reprodução/Redes Sociais
A delegada precisou disparar contra o homem suspeito de estuprar a filha para contê-lo, após ele ameaçar uma testemunha e tentar impedir que ela pegasse documentos necessários para o registro da denúncia, em Anápolis, na região central do estado.
Segundo Aline, o Conselho Tutelar estava na delegacia registrando a denúncia de abuso sexual, acompanhados da adolescente de 14 anos, da mãe dela e de uma testemunha. Enquanto o registro era feito, o pai da menina, suspeito do crime, tentou arrastar a adolescente para fora da delegacia à força.
A delegada explicou que, em sua ausência, uma policial interveio e conseguiu retirar a adolescente dos braços do pai, levando-a para outra sala. Ao chegar à frente da delegacia, Aline se deparou com o homem na praça. Pouco depois, a testemunha que denunciava o caso precisou ir até o carro buscar documentos e, temendo pela segurança dela, Aline a acompanhou.
A delegada contou que, ao ver a testemunha, o homem se aproximou rapidamente, mesmo após ser advertido para manter distância.
“Ele continuou caminhando em nossa direção. Quando chegou muito perto, disse para eu atirar nele e seguiu em direção à testemunha. Depois de muitas tentativas de diálogo, realizei um disparo na perna dele para evitar que ele nos agredisse. O socorro foi acionado e a Corregedoria da Polícia Civil também”, afirmou Aline.
A delegada explicou que agiu em legítima defesa. “Legítima defesa consiste em impedir que a agressão prossiga e cessá-la. O disparo foi o necessário para evitar que ele agredisse a testemunha, mesmo após várias advertências”, disse.
O homem foi autuado em flagrante por coação no curso do processo, pois tentou impedir que a filha o denunciasse e passasse por exames. Ele foi encaminhado ao hospital, onde permanece sob custódia. Após receber alta, será preso.
Sobre o caso de estupro, Aline afirmou que ainda não há muitos detalhes. O que se sabe até o momento é que tanto a mãe quanto a adolescente têm problemas mentais, e a menina teria relatado a uma vizinha os abusos cometidos pelo pai. A polícia vai investigar o caso e as motivações do suspeito para tentar impedir a apuração. Ele será investigado pelo crime de estupro de vulnerável.
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