27 de dezembro de 2024

Conheça a história da ‘Pakita caminhoneira’, que foi ao próprio casamento dirigindo caminhão no RS

Caminhão betoneira de cor preta foi apelidado por ela de “Patolino”. Noiva afirma ser a única mulher que opera esse tipo de veículo na região. Chegada incomum à cerimônia ocorreu em 21 de setembro, em Bom Retiro do Sul, no Vale do Taquari. Casal de caminhoneiros, Marina Harth e Taylor Yuri Harth, em Bom Retiro do Sul
Arquivo pessoal/imagens cedidas
A noiva que decidiu ir ao próprio casamento dirigindo um caminhão betoneira é caminhoneira há 10 anos – e relata ser uma das únicas que dirige esse tipo de automóvel na Região do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul (veja o vídeo abaixo). E foi em uma das empresas que trabalhou onde recebeu um apelido: “Pakita”.
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“Por que ‘Pakita’? Nem eu sei”, ri Marina Harth, de 29 anos. “Isso foi um apelido que pegou na minha antiga empresa. Um dia, eles olharam para mim e falaram: ‘ô, Pakita!’. E eu olhei. Daí, pegou [o apelido]. Não sei se é por causa das Paquitas da Xuxa, por ser uma ‘Pakita caminhoneira’… Pegou e ficou”.
Mas não foi fácil o caminho para que Marina se tornasse a “Pakita caminhoneira”. O amor pelos caminhões começou quando ainda era criança, pois seu pai dirigia um e ela viajava com ele. Mas foi há 8 anos , quando conheceu o atual marido, que tomou gosto pela profissão. Ela viajou com ele por três anos junto com o filho pequeno, mas teve que parar porque o menino começou a frequentar a escola.
Foi uma promoção que ela venceu, onde uma empresa presenteava mulheres com uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) categoria D, que fez com que voltasse a ter vontade de trabalhar com caminhões. Mas as empresas não pareciam interessadas em contratar uma mulher.
“Quando eles ouviam que era uma mulher interessada no trabalho, eles fechavam as portas, eles não respondiam. Mas teve uma, uma concreteira, que viu que eu estava pedindo emprego no Facebook, entrou em contato comigo e falou ‘tu quer vir trabalhar aqui’?”
Ela aceitou, mas não foi fácil.
“Eu tinha muito medo desse caminhão. Mas eu fui, eu fui, eu meti a cara, fui, não vou te dizer que foi fácil, foi um pouco difícil no início, mas eu peguei amor por isso, eu comecei a gostar e também a ter um pouquinho daquele orgulho, né, de ser a única mulher no Vale dos Taquari que trabalha com esse tipo de caminhão”, diz.
Mais tarde, houve outra promoção parecida com a primeira, dessa vez para a categoria E da CNH, para dirigir carretas, que ela também ganhou. Ela chegou a trabalhar durante algum tempo, mas como as viagens são longas, e o filho tem 6 anos, ela não tinha como ficar muito tempo longe.
“Fiquei com medo de ficar longe, eu e o meu marido, coisa 15, 20 dias. Com quem ia ficar o pequeno?”, diz.
E aí surgiu a oportunidade de trabalho na atual empresa, onde ela conheceu o “Patolino”, caminhão betoneira de cor preta que ela apelidou com carinho e usa para trabalhar todos os dias. É no para-brisas dele que ela expõe uma placa automotiva onde está escrito “Pakita”, apelido do início da carreira.
“E hoje eu estou aqui, já completando três meses. Aí, eu vi o Patolino, que é o nome do meu caminhão, eu chamo ele de Patolino (risos), então eu e o Patolino já temos bastante história pra contar”, conta.
O casamento
Noiva vai ao casamento dirigindo caminhão de concreto em Bom Retiro do Sul
Marina casou com o também caminhoneiro Taylor Yuri Harth, de 31, em 21 de setembro na Igreja do Morro, em Bom Retiro do Sul, e surpreendeu os convidados.
“Quando eu cheguei na rua, tinha gente chegando para a cerimônia ainda. Ouvi alguns motoristas que tentavam estacionar na rua dizendo: ‘bá, bem na hora do evento chega esse caminhão aí para atrapalhar’ e não sabiam que era eu dirigindo”, disse dando risadas.
O caminhão betoneira que ela conduziu serve para carregar concreto e foi cedido pela empresa onde ela trabalha diariamente.
“A parte mais difícil foi manobrar e subir a lomba da igreja, mas quando me vi ali naquele momento realizando o sonho, a maquiagem não aguentou e chorei de emoção. Logo depois, o Taylor também chegou com o caminhão dele e foi muito especial”, contou a noiva.
A chegada da noiva é o momento mais esperado de qualquer casamento, mas geralmente elas vão de limusine, a cavalo, acompanhadas dos pais… então, por qual razão ir de caminhão?
O casal, junto há quase 8 anos, casados no civil, e tinha o sonho de realizar a cerimônia religiosa. Quando o desejo começou a chegar perto de virar realidade, tiveram a ideia – já que a profissão uniu os dois.
“Vou lembrar para sempre”, conta Marina.
A ocasião do casamento teve até ensaio de fotos ao lado dos “xodós”, como os dois chamam os veículos. Veja abaixo:
Noiva dirige caminhão até a cerimônia de casamento no RS
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