26 de dezembro de 2024

Gusttavo Lima faz live com advogado, fala da venda de avião duas vezes e nega ser sócio da Vai de Bet

Live foi feita após o ‘embaixador’ ser indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Gusttavo está em Miami com a família. Gusttavo Lima em Marabá, no Pará
Reprodução/Redes Sociais
Depois de ser indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa, o cantor Gusttavo Lima fez uma live no Instagram para conversar com os seguidores. Durante a transmissão, ele agradeceu ao carinho e apoio dos fãs e amigos e afirmou que fazia questão de esclarecer sobre todos os pontos da investigação da qual é alvo.
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“A partir do dia 4 (de setembro) para cá eu fui surpreendido com tantas mentiras, com tantas suposições, com tantas fake news. Jamais trocaria minha paz por nenhum dinheiro desse mundo”, afirmou.
A live aconteceu nesta segunda-feira (30) e contou com mais de 185 mil espectadores. Gusttavo convidou o advogado Cláudio Bessa para participar da live para explicar todos os pontos pelos quais é investigado.
O cantor voltou para Miami, nos Estados Unidos, depois de fazer dois shows em cidades do Pará. A informação foi confirmada pela assessoria do artista, que explicou que ele vai ficar com a família.
O ‘embaixador’ fez shows em Marabá, na sexta-feira (27), e em Paraupebas no sábado (28). As apresentações foram as primeiras que o cantor fez após ter prisão preventiva decretada – e revogada – por suspeita de participação de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo casas de apostas digitais; entenda mais sobre o caso abaixo.
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A defesa do cantor disse que recebeu “com muita tranquilidade e sentimento de justiça” a decisão que revogou a prisão dele. A equipe jurídica de Gusttavo afirma que ele é inocente e não tem envolvimento com o esquema investigado.
Com ajuda da defesa, o ‘embaixador’ negou todas as acusações. Sobre a venda de aeronaves, apontada nas investigações como uma forma de lavar dinheiro, o cantor disse que não há irregularidades.
Gusttavo também negou que seja ‘dono oculto’ da Vai de Bet, tendo 25% da empresa. Ele explicou que, na realidade, tem direito a 25% dos ganhos da marca com o uso de seu nome e imagem. O cantor também comentou sobre a viagem a Grécia e brincou ter sido um ‘presente de grego’, diante de toda a repercussão negativa gerada.
“Isso é loucura, eu nem sei porque estou passando por isso. É um assassinato de reputação”.
O ‘embaixador’ também esclareceu ter viajado para a Grécia no dia 1º de setembro e que, “não fazia ideia”, de que a operação aconteceria. Afirmou também que não deu “carona” de avião para os sócios da Vai de Bet, que também são investigados pela Operação Integration.
Entenda investigação contra cantor
Dono e co-ceo da VaideBet, André e Aislla Rocha, ao lado do casal Gusttavo Lima e Andressa Suíta em festa na Grécia; Governador de Goiás Ronaldo Caiado aparece ao fundo
Reprodução/Redes Sociais
Conforme documento ao qual o g1 teve acesso, para embasar a ordem de prisão contra Gusttavo Lima, a juíza Andréa Calado da Cruz fala da “conivência” do artista com pessoas que eram consideradas foragidas da investigação em questão.
A magistrada, inclusive, cita a viagem que o cantor fez com o casal José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, sócios da Vai de Bet, de Goiânia para a Grécia. Lá, ele celebrou os 35 anos em super iate avaliado em quase R$ 1 bilhão.
“Na ida, a aeronave transportou Nivaldo Batista Lima e o casal investigado, realizando o trajeto Goiânia – Atenas – Kavala. No retorno, o percurso foi Kavala – Atenas – Ilhas Canárias – Goiânia, o que sugere que José André e Aislla tenham desembarcado na Grécia ou nas Ilhas Canárias, na Espanha”, diz o documento.
O casal era considerado foragido, mas uma decisão também de Eduardo Guilliod Maranhão, na segunda-feira (23), acatou um pedido de habeas corpus feito pela defesa de Darwin Henrique da Silva Filho, dono da Esportes da Sorte, e estendeu a concessão da liberdade para outros 17 presos na operação.
Conforme a Polícia Civil de Pernambuco, os suspeitos de integrar o esquema de lavagem de dinheiro e jogos ilegais compraram duas aeronaves da Balada Eventos e Produções LTDA, empresa da qual Gusttavo Lima é dono. Os suspeitos também teriam viajado para fora do Brasil com uma terceira aeronave da Balada Eventos e Produções.
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As investigações também revelam que a empresa de Gusttavo Lima é investigada por dissimular a propriedade da aeronave Cessna Aircraft, modelo 560 XLS, apreendida no dia 4 de setembro deste ano também em meio à Operação Integration.
Após a apreensão, o cantor usou as redes sociais para dizer que “não tem nada a ver” com o avião, alegando que ele foi vendido.
A Polícia Civil também afirma que as empresas de Gusttavo Lima receberam cerca de R$ 49,4 milhões da Esportes da Sorte e da Vai de Bet desde 2023.
A revogação da prisão de Gusttavo Lima foi decretada na última terça-feira (24) pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Eduardo Guilliod Maranhão, que é relator do caso. Na decisão, o magistrado afirmou que as justificativas dadas para a ordem de prisão constituem “meras ilações impróprias e considerações genéricas”.
Indiciamento
Polícia suspeita que Gusttavo Lima seja dono oculto de ex-patrocinadora do Corinthians
Reportagem feita pelo Fantástico, no domingo (29), revelou que Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa no último dia 15 de setembro. Segundo o programa, agora, cabe ao Ministério Público decidir se denuncia ou não o cantor à Justiça.
Durante o cumprimento dos mandados da operação, a polícia apreendeu R$ 150 mil na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de shows do cantor em Goiânia. Também encontrou 18 notas fiscais sequenciais, emitidas no mesmo dia e em valores fracionados por outra empresa do cantor, a GSA Empreendimentos, para a PIX365 Soluções (Vai de Bet, de acordo com a polícia), também investigada no esquema.
De acordo com a polícia, são mais de R$ 8 milhões pelo uso de imagem e voz do cantor. O dinheiro vivo apreendido e as notas fiscais são, para os investigadores, dois indícios de lavagem de dinheiro.
O Fantástico também apurou que o cantor ainda é suspeito de uma negociação irregular de duas aeronaves para empresários ligados aos jogos ilegais. Novos detalhes da investigação revelam que uma delas, um avião da Balada Eventos, foi vendida duas vezes (em um ano) para investigados na operação.
De acordo com o inquérito, o esquema funcionava assim:
O dinheiro do jogo do bicho, de jogos de azar e de bets legalizadas iam todos para um mesmo caixa
Lá, os valores lícitos eram misturados aos do crime
Para dar aparência legal e voltar ao mercado limpo, o dinheiro contaminado, segundo a polícia, foi usado na negociação das aeronaves.
“É uma forma de lavagem, transitar o dinheiro através de várias pessoas físicas ou jurídicas, buscando não facilitar o rastreamento deles”, disse Renato Rocha, delegado geral da Polícia de Pernambuco ao Fantástico.
A polícia também acredita que Gusttavo Lima seja dono oculto da Vai de Bet. Isso porque, no final de 2023, a Vai de Bet fechou um patrocínio milionário com o Corinthians que acabou virando alvo de outra investigação em São Paulo.
Segundo inquérito ao qual o Fantástico teve acesso, em depoimento, um conselheiro do clube contou que o presidente do Corinthians falou por telefone com Gusttavo Lima e que o presidente afirmou — já naquela época — que o cantor era um dos donos da Vai de Bet.
O Corinthians disse ao Fantástico que o caso está na Justiça e que o clube não trata mais de questões ligadas a essa empresa.
O Ministério Público pediu mais informações antes de decidir se vai ou não denunciar o cantor. O advogado criminalista Rodrigo Andrade Martini explicou o motivo disso ao Fantástico. Segundo o especialista, a promotoria precisa ter certeza se Gusttavo Lima sabia ou não que o dinheiro usado em todas as transações investigadas era de origem criminosa.
Defesa respondeu o Fantástico
Gusttavo Lima no Jaguariúna Rodeo Festival
Antonio Trivelin/g1
A defesa de Gusttavo Lima enviou uma nota ao Fantástico informando que o dinheiro no cofre da Balada Eventos era para pagamento de fornecedores. Quanto às notas sequenciais, diz que os valores foram declarados e os impostos, pagos.
A defesa do cantor afirma ainda que o contrato com a PIX365 tinha cláusula anticorrupção e foi suspenso. E sobre a venda das aeronaves, diz que os contratos foram feitos em nome das empresas com os seus representantes legais, o que afasta a possibilidade de lavagem de dinheiro.
A nota diz também que o cantor não é sócio da Vai de Bet. O contrato encontrado pela polícia indica que ele tem 25% de eventual venda da marca.
Em relação ao investigado Rocha Neto, a defesa de Gusttavo Lima disse que ele esteve junto do empresário em alguns eventos em decorrência da relação comercial. Gusttavo disse que o casal deixou o navio no dia da operação e que voltou ao Brasil sem eles.
Sobre o indiciamento do cantor, os advogados disseram que o envio de dinheiro para empresas de Gusttavo Lima, mediante contratos assinados, não constitui nenhum ilícito.
A defesa mandou ainda uma nota complementar informando que a análise dos policiais apresenta falhas ao não considerar a data digital do distrato da compra de uma das aeronaves.
Rocha Neto
A defesa de Rocha Neto disse ao Fantástico que as notas sequenciais da PIX365 emitidas à empresa de Gusttavo Lima são pela prestação de serviço do cantor à Vai de Bet. Sobre a negociação de aeronaves, a defesa alega que ele usou o helicóptero como parte de pagamento do jatinho da Balada Eventos.
Quanto à movimentação financeira, Rocha Neto afirma que tem negócios diversificados e que sua família empreendeu e prosperou no ramo da construção civil, há décadas. Disse ainda que ele e a esposa hoje lideram a marca Vai de Bet.
Sobre a participação de Gusttavo Lima na Vai de Bet, Rocha Neto afirma que o cantor tem direto a 25% da marca, mas que nunca foi sócio e jamais participou da administração.
Rocha Neto afirma também que o primeiro contato com Gusttavo Lima foi para tê-lo como embaixador da Vai de Bet e que frequentaram eventos a convite dele. Um deles foi o aniversário do cantor, na Grécia, quando o casal teve a prisão decretada e não se apresentou.
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