O país que deu origem à Revolução Industrial encerrou a operação de sua última usina de carvão, em um passo significativo para as metas climáticas. Reino Unido fecha a sua última usina movida a carvão
Foto: Reprodução/TV Globo
O Reino Unido tem metas climáticas ambiciosas: um dos principais objetivos é zerar o saldo de emissões de gases do efeito estufa, dentro dos próximos 25 anos.
Isso significa que os britânicos querem ser capazes de retirar da atmosfera a mesma quantidade que lançam dos gases que contribuem com o aquecimento global.
Mas apenas compensar as emissões não é a única saída. É preciso também cortar as atividades que já podem ser substituídas por soluções mais tecnológicas e com menos impacto ambiental.
Hoje, o Reino Unido marca o fim da operação de todas as usinas de carvão. O país que criou esse tipo de energia, 140 anos atrás, é também a primeira grande economia a abandoná-lo completamente.
A última usina, que fica perto da cidade de Nottingham, na Inglaterra, encerrou hoje suas atividades. Mas não foi do dia pra noite.
Até 2012, a queima do carvão respondia por quase 40% da energia do país. O plano de acabar com essa atividade veio em 2015.
E de lá pra cá, o impacto tem sido substancial. As fontes renováveis, que representavam apenas 7% da energia gerada em 2010no Reino Unido, saltaram pra mais de 50% neste ano.
Segundo o governo britânico, essa mudança na matriz energética foi uma das principais responsáveis pela redução das emissões de gases do efeito estufa no país, que caíram pela metade desde 1990.
Em entrevista ao Jornal Nacional, Simon Evans, especialista em mudanças climáticas, explica que o carvão é o combustível fóssil mais sujo que existe — e ainda uma das principais fontes de energia, em vários países.
Ele lembra que a queima do carvão mudou o mundo, para sempre. Deu força às engrenagens da Revolução Industrial, no século 19, e permitiu a expansão do então Império Britânico.
O carvão já vinha sendo usado nas máquinas, mas a primeira usina pra gerar eletricidade a partir dele foi aberta em Londres, em 1882, pelo inventor Thomas Edison.
“É o fim de uma era. E é muito simbólico que esse processo ocorra no Reino Unido, onde tudo começou. Isso mostra que a eliminação desse tipo de energia, num curto espaço de tempo, é de fato possível”, diz Evans.
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