1 de outubro de 2024

Agosto e setembro de 2024 são meses com mais registros de focos de incêndio em SP desde 1998

No total, considerando os dois meses, foram 6.134 focos de incêndio detectados por satélite do Inpe. Em agosto e setembro de 2010, ano que detinha o recorde histórico, foram 2.444 focos. Incêndio ainge uma área da Estação Ecológica Jataí, maior reserva de cerrado do estado, em Luiz Antônio (SP)
Gabinete de Crise do Governo de SP
Os meses de agosto e setembro deste ano no estado de São Paulo registraram o maior número de focos de incêndios desde 1998, quando teve início a série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Foram 3.612 focos de incêndio em agosto e 2.522 em setembro. No total, considerando os dois meses, foram 6.134 registros detectados por satélite do Inpe.
Antes, o maior número de focos para os dois meses tinha sido registrado em:
2010: com 2.444 focos
2020: com 2.254 focos
Estado tem recorde de queimadas em agosto e setembro
As cidades com mais focos nos dois meses foram: Andradina, com 132 registros, seguida por Altinópolis (126 focos), Santo Antônio do Aracanguá (101 focos), Pitangueiras (100 focos) e São Carlos (98 focos). Todas no interior do estado.
Considerando os dados por semana, agosto começou com 230 focos. Os números se mantiveram em queda até o dia 19. A partir daí, até o dia 25, foram registrados 2.835 focos, representando 46,2% do total nos dois meses.
Os números voltaram a cair entre 26 de agosto e 8 de setembro, e voltaram a subir entre 9 e 15 de setembro, quando foram 977 focos.
Ano com recorde histórico
O total de focos deste ano já é maior do que o registrado em todo o ano de 2010, que detinha do maior número de focos de incêndio no estado desde 1998.
Imagens aéreas mostram incêndio em Bananal, SP
Neste ano, de janeiro a setembro, foram 7.873. Um aumento de 7,9% em relação aos registros de 2010, quando foram 7.291 focos.
Por que tantos focos?
Produtor rural observa incêndio consumir uma plantação de cana-de-açúcar perto de Dumont, no interior de SP (24 de agosto)
Joel Silva/Reuters
Segundo Luiz Eduardo Oliveira e Cruz de Aragão, pesquisador do Inpe, o crescimento dos números de focos de incêndio, principalmente neste ano, estão atrelados à seca, a mudanças climáticas e a incêndios criminosos.
“Olhando para a série histórica, agosto, setembro e outubro são os meses com maior número de focos. Isso porque são os três meses que estão relacionados com o pico da estação seca. Além disso, temos a seca mais severa já registrada no país, que é uma consequência de uma seca que veio do ano de 2023, causada pelo El Niño. Essa seca se estendeu ao longo da estação até a estação chuvosa. Então, na estação chuvosa, tivemos chuva muito abaixo da média e não foi suficiente para hidratar o solo”, afirma.
A estação seca de 2023 se juntou com a de 2024, e as vegetações naturais do país, por falta de hidratação, ficaram mais secas do que o normal.
“Isso já permite que, quando haja fogo, essas florestas e vegetações nativas fiquem mais vulneráveis para a impulsão do incêndio em uma área. Temos ainda a questão das mudanças climáticas globais, que tem aumentado ano a ano a temperatura da Terra”, completa.
Luz Eduardo ainda cita a fragmentação florestal, sendo um fenômeno que ocorre por conta do processo de desmatamento. Geralmente essa área é substituída por pastagem, e o fogo é usado para limpar e renovação de pasto.
“Essa fragmentação é um processo acumulativo e aumenta o número de bordas florestais – que é a região de contato entre a vegetação natural e áreas produtivas. Quando se coloca fogo nas áreas produtivas para limpar pastagem – o clima está seco, a temperatura está alta -, tem mais possibilidade de o fogo entrar na floresta”, completa.
Incêndio consome área de preservação ambiental em Botucatu (SP)
Reprodução/Acontece Botucatu

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