Combater o etarismo é fundamental não apenas para vivermos mais, mas também melhor. Sempre que o 1º. de outubro se aproxima, penso em ignorar a data que comemora o Dia Internacional da Pessoa Idosa, porque não há muito o que festejar. Sim, estamos vivendo mais, mas não melhor. Pelo menos, não de acordo com a cartilha do Centro de Longevidade da Universidade Stanford, nos EUA, que ensina: a longevidade ativa requer que estejamos fisicamente aptos, mentalmente afiados e financeiramente seguros. Receita que custa os olhos da cara…
Uma longevidade ativa requer que estejamos fisicamente aptos, mentalmente afiados e financeiramente seguros
Qimono para Pixabay
Na sequência, me convenço de que devemos comemorar as conquistas e alimentar nosso ativismo para ir além. Quando comecei a escrever o blog, em novembro de 2016, tinha acabado de completar 58 anos. Agora, às vésperas de chegar aos 66, olho para trás e vejo que as vozes contra o etarismo se multiplicaram. Depois do racismo e do sexismo, espero que seja a última batalha contra os “ismos” a ser vencida.
“A primeira onda foi envelhecer; a segunda é envelhecer bem, com saúde e um propósito. Mudamos a existência humana, esse cenário nunca existiu antes, e não podemos considerar que uma sociedade que está envelhecendo é um problema”, afirma o economista Andrew Scott, professor da London Business School. Está certíssimo. Recentemente assisti a um seminário inspirador, promovido pela American Society on Aging e intitulado “Age in motion” (algo como “Velhice em movimento”), que se baseava em dois pontos: o envelhecimento da população traz um leque de oportunidades; e a tecnologia tem que se tornar a maior aliada dos mais velhos.
Nos EUA, entre 1920 e 2020, a população acima dos 65 anos cresceu cinco vezes mais rapidamente do que as outras faixas etárias. Atualmente, o segmento acima dos 85 é o que mais cresce – e o dos centenários ocupa a segunda posição! Os 50 mais são responsáveis por 40% da produção de riqueza do país e a adoção da tecnologia equiparou-se à do grupo entre 18 e 49 anos. No entanto, a invisibilidade persiste. No Reino Unido, aplicativos para monitorar a saúde são recomendados para um em cada dez pacientes abaixo de 35 anos, mas esse número cai para um em cada 25 acima dos 55 e não passa de um em cada 50 para quem tem mais de 65. Na eleição do próximo domingo, lembre-se: os idosos querem ter voz.
A médica Charlotte Yeh, considerada uma das 50 executivas mais influentes na área clínica, afirma que tem como missão identificar iniciativas que “ajudem a mudar essa narrativa” e apresenta o pai como exemplo. Ele começou a malhar aos 90 anos, para ter o vigor necessário para ajudar a mulher, que estava com câncer. Algum tempo depois, precisou se submeter a uma cirurgia e, com a audição bastante prejudicada, usava óculos especiais que transcreviam o que as pessoas diziam diretamente para o seu tablet. Assim, podia se comunicar com médicos e enfermeiras.
“Vamos ultrapassar o estágio de envelhecer em casa para envelhecer em todos os lugares onde desejamos estar”, enfatiza Yeh. Ela se refere ao conceito “aging in place”, isto é, ter o suporte necessário para manter independência e autonomia em sua própria casa, e propõe expandi-lo para “aging everywhere” (envelhecer em qualquer lugar): viajando, conhecendo gente, fazendo coisas e tendo um propósito de vida. Eu assino embaixo.
Entenda o que é etarismo