4 de outubro de 2024

Empresária morta após cirurgias no Ceará: veja os próximos passos da investigação

Viviane Lira Monte, de 24 anos, ficou mais de 20 dias internada na UTI do Hospital Regional Norte, no Ceará. Dias antes, ela tinha passado por cirurgias plásticas. Empresária cearense morre dias após passar por cirurgias simultâneas
Arquivo pessoal
A Polícia Civil investiga a morte de uma mulher de 24 anos internada após passar por cirurgias plásticas na cidade de Sobral, no interior do Ceará. A família da empresária Viviane Lira Monte registrou Boletim de Ocorrência por suspeita de negligência médica.
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O cirurgião plástico que realizou os procedimentos, Alexandre Colombaretti, ainda não foi intimado para depor. Em entrevista ao g1, o médico afirma que aguarda o momento de ser ouvido pela Polícia para prestar esclarecimentos sobre o caso.
O caso é investigado pela Delegacia Municipal de Sobral, no interior do Ceará. Familiares da empresária denunciaram o caso à polícia, registrando um boletim de ocorrência na sexta-feira (27 de setembro.
A seguir, a Polícia Civil deve ouvir relatos de testemunhas, familiares e do médico que realizou as cirurgias. A partir da investigação, a polícia decide se denuncia ou não os responsáveis.
Denúncia de negligência médica
Empresária morre após passar por cirurgias plásticas simultâneas no Ceará
Os familiares de Viviane afirmam que a empresária realizou cirurgias plásticas no dia 31 de agosto (sábado) e foi liberada no dia seguinte por um médico plantonista. No mesmo dia em que chegou em casa, a jovem teria relatado que sentia muitas dores, não conseguia urinar e tinha dormência no corpo.
Na ocasião, os parentes de Viviane entraram em contato com o cirurgião plástico, que teriam recomendado que ela fosse levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Os familiares afirmam que o médico não estava mais na cidade de Sobral.
Ao g1, Alexandre Colombaretti afirma que ele mesmo esteve no hospital para dar alta à paciente e que os familiares entraram em contato com ele dois dias depois, quando a paciente passou a apresentar uma dificuldade respiratória.
“A cirurgia dela foi super tranquila. No dia seguinte, eu passei no hospital pra dar alta pra ela. Ela estava bem, dentro de todo o pós-operatório, e foi pra casa. Em 48 horas, ela começou a apresentar uma dificuldade respiratória. Os familiares entraram em contato comigo, e eu orientei que eles fossem na emergência pra fazer uma avaliação”, afirmou o cirurgião.
O médico relata, ainda, que estava na cidade de Sobral atendendo em seu consultório quando foi contatado pela família de Viviane quando ela começou a passar mal. E acrescenta que permaneceu na cidade por cerca de cinco ou seis dias acompanhando a internação da paciente, mantendo contato com os médicos e familiares de Viviane.
Discordância sobre a quantidade de procedimentos
Mulher morre após passar por seis cirurgias plásticas no CE.
Reprodução
Segundo a família e amigos da empresária, foram seis cirurgias plásticas realizadas ao mesmo tempo. O companheiro de Viviane, Renan Santiago, afirma que ela gastou cerca de R$ 40 mil pelos procedimentos após passar meses economizando.
Os procedimentos relatados pela família são:
mamoplastia redutora (redução de mama);
lipoaspiração no abdômen;
lipoaspiração nos braços;
lipoaspiração nas costas;
lipoaspiração no pescoço;
e lipoenxertia glútea
Na versão do médico, a paciente teria passado por apenas duas cirurgias: uma redução de mama e uma lipoaspiração.
“A Viviane não fez, como está sendo relatado, seis procedimentos. Ela fez, na verdade, duas cirurgias, que é uma mamoplastia redutora e uma lipoaspiração, que engloba algumas regiões do corpo, mas é apenas uma cirurgia”, diz o cirurgião.
Perguntado sobre quais regiões estavam incluídas na lipoaspiração, ele explicou que o procedimento foi realizado no abdômen, nos braços, nas costas e no pescoço. Ele também afirmou que é comum que o procedimento seja feito em mais de uma região na mesma cirurgia.
“É bem comum. Geralmente se faz uma lipoaspiração de barriga e costas, isso é praticamente clássico. E, às vezes, acrescenta algumas áreas quando o paciente quer… um braço, uma papada são regiões menores”, disse ao g1.
Um dos amigos da empresária afirmou que Viviane havia procurado outros médicos, que tinham se recusado a realizar todos os procedimentos que ela queria de uma vez.
Com 15 anos de atividades como cirurgião plástico, Alexandre também declarou que nunca chegou a ser processado por procedimentos anteriores, conforme afirma que vem sendo relatado nas redes sociais.
Para médico, internação não teve relação com cirurgias
O sepultamento de Viviane ocorreu na última quinta-feira (26).
Itallo Rocha/ Sistema Verdes Mares (SVM)
O motivo da internação de Viviane na emergência após as cirurgias plásticas foi um quadro de pneumonia bilateral, conforme relatou Alexandre Colombaretti. A infecção afeta os dois pulmões e pode levar a dificuldades respiratórias.
Segundo o médico, Viviane passou pelos procedimentos pré-operatórios exigidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Dois dias antes da cirurgia, ela estava bem e não apresentava nenhum quadro de infecção respiratória.
“Eu sempre oriento os meus pacientes, até na minha orientação de pré-operatório, eu sempre coloco para os pacientes: não ficar em lugares aglomerados para que não possam pegar uma infecção. Inclusive, essa infecção não se manifesta até a cirurgia e, às vezes, se apresenta depois da cirurgia”, declarou Alexandre.
Quando Viviane foi transferida para a UTI, o médico afirma que esteve presencialmente no hospital acompanhando a situação e em contato com a equipe multiprofissional do hospital.
“Ela começou a antibioticoterapia no primeiro dia de internação dela na UTI e foi melhorando. Fui acompanhando os parâmetros laboratoriais dela, ela foi se recuperando. Foram feitas várias avaliações da equipe multidisciplinar do hospital”, comentou o médico.
O cirurgião também afirmou que a equipe médica fez avaliações para acompanhar como estava a recuperação das duas cirurgias plásticas.
“Não tinha nada de infecção nas áreas cirúrgicas. A cirurgia da mama dela tava toda fechada, não tinha infecção nas áreas da lipoaspiração. Só depois, com o tempo, uma pequena regiãozinha da mama, por causa de manipulações, de virar o paciente de um lado para o outro, abriu uma coisa pequenininha. Tem relato aí de que a mama toda abriu, na verdade, nada disso aconteceu”, afirma Alexandre.
Ele afirma que acompanhou o tratamento de Viviane na UTI e que esteve em contato com a família dela, ajudando inclusive a transmitir as informações, simplificando os termos mais técnicos.
Pelo relato da família, o diagnóstico da empresária, ainda na UPA, havia sido o de embolia pulmonar, um quadro grave que tem início quando um coágulo entope um vaso sanguíneo do pulmão, impedindo a passagem de sangue.
Segundo os parentes, após ser levada para a UTI, Viviane ainda teve uma parada cardíaca e foi reanimada. Dias depois, os médicos teriam chamado a família, explicando que o estado dela era grave.
Os parentes afirmam que Viviane foi piorando a cada dia, precisando do auxílio de bolsas de sangue e contraindo infecção por bactéria e fungos. Eles relatam que a cirurgia nos seios chegou a abrir e que ela teve secreção nos braços.
Viviane morreu no dia 26 de agosto, na véspera do seu aniversário de 25 anos, que seria comemorado na sexta-feira (27).
Caso segue em investigação
O caso é investigado pela Delegacia Municipal de Sobral, unidade da Polícia Civil do Ceará responsável pela apuração do caso. Em nota, a Polícia disse que ‘apura as circunstâncias de uma morte suspeita’.
Ao g1, Alexandre Colombaretti informou que ainda não foi ouvido pela Polícia e que vai prestar esclarecimentos quando for chamado. Ele declarou, ainda, que está surpreso pela repercussão nacional do caso e que as cirurgias foram feitas dentro dos padrões estabelecidos.
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