4 de outubro de 2024

Terapia Hormonal para mulheres em tratamento de câncer

Considerações sobre o procedimento médico em pacientes com histórico de câncer A Terapia Hormonal é uma intervenção eficaz para os sintomas da menopausa, mas em mulheres com histórico de câncer, sua prescrição requer avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios, considerando o tipo de câncer e a história pessoal da paciente
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A Terapia Hormonal (TH) é uma intervenção médica bem estabelecida para tratar sintomas da menopausa. Contudo, em mulheres com histórico de câncer, a decisão sobre a utilização da TH torna-se mais complexa devido aos potenciais riscos e benefícios que envolvem essa prescrição. A história pessoal e o tipo de câncer que a paciente teve são fatores determinantes na avaliação da segurança e eficácia da TH.
A menopausa é um período da vida da mulher onde os ovários fisiologicamente esgotam a reserva de folículos e deixam de produzir um importante hormônio esteroidal, o estradiol. A carência ou ausência desse hormônio está associado a risco aumentado de eventos cardiovasculares, fragilidade e fraturas ósseas, prejuízo no sono, diminuição do turgor da pele, queda de rendimentos, prejuízo na concentração, memória e cognição, além do aparecimento das famosas ondas de calor, conhecidas como fogachos.
Os fogachos são episódios repentinos de calor intenso que ocorrem durante a menopausa devido à diminuição dos níveis hormonais
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A TH é o tratamento mais efetivo para sintomas da peri e pós-menopausa. Está indicada nos sintomas vasomotores moderados a graves, para prevenção de osteoporose e tratamento de sintomas vulvovaginais moderados a graves. É também indicada para o tratamento do hipoestrogenismo causado por menopausa precoce e insuficiência ovariana prematura.
Mulheres em idade reprodutiva com diagnóstico de câncer submetidas a tratamento cirúrgico que envolva remoção dos ovários bilateralmente atingirão de forma antecipada a menopausa. A menopausa também poderá acontecer naquelas mulheres submetidas a tratamento quimioterápico devido ao efeito tóxico dos medicamentos sobre os ovários. Em ambos os casos, os sintomas menopausais estarão presentes e serão mais intensos e frequentes que os sintomas da menopausa de instalação gradual e natural.
Para os tipos de câncer não hormonais, como por exemplo: câncer de pele, linfomas, câncer de intestino e câncer de pulmão, a utilização da TH poderá ser considerada com relativa segurança. Nesse grupo, os benefícios superam os riscos potenciais, e esses tipos de tumores não hormonais não devem ser vistos como contraindicações para TH. Por outro lado, mulheres sobreviventes de cânceres hormonais, como mama, ovário e endométrio, a situação é mais complexa. Particularmente, o câncer de mama é uma contraindicação absoluta para TH. No entanto, nos tumores malignos de ovário e endométrio, pode haver uma avaliação individualizada. Dependendo do tipo histológico, estadiamento e grau de diferenciação, a TH será possível ou não.
Por fim, vale ressaltar que a TH em mulheres com histórico de câncer é plausível dependendo do tipo de tumor, do estadiamento da doença, das características do câncer e da gravidade dos sintomas. Um acompanhamento médico rigoroso é essencial para o sucesso e segurança do tratamento. A comunicação aberta e transparente entre médico e paciente sobre os possíveis riscos e benefícios da reposição hormonal é fundamental para tomada de decisão consciente.
Leonardo Pandolfi Caliman | CRMMG 43.182 | Ginecologista
Solus Oncologia
Leonardo Pandolfi Caliman
Ginecologista
CRMMG 43.182
RQE 19984
Nathalia Cristina Mezzonato Machado | CRMMG 14.725 | Ginecologista
Solus Oncologia
Nathalia Cristina Mezzonato Machado
Ginecologista
CRMMG 41.412
RQE 14725

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