4 de outubro de 2024

Vinhos tintos de Portugal: Alentejo X Douro

Entenda a diferença entre as duas regiões e suas bebidas. Alentejo, ao sul, e Douro, ao norte, são duas das principais regiões vitivinícola de Portugal que, apesar das diferenças, elaboram grandes rótulos tintos. Cada vinho esbanja características únicas que refletem clima, solo e tradições enológicas do local de produção.
Começamos dizendo que ambas são regiões demarcadas – sendo a do Douro uma das mais antigas do mundo, criada em 1756 -, embora a revolução enológica moderna tenha começado, tanto no Alentejo quanto no Douro, a partir da década de 1990, quando a qualidade dos vinhos ali produzidos disparou ao ponto de conquistarem o mundo.
Hoje, as duas Denominações de Origem elaboram belíssimos vinhos tintos, seja para consumo jovem e com potencial de guarda. O Douro, claro, é famoso também por elaborar os vinhos do Porto, mas essa é outra história.
Se for possível fazer uma generalização das diferenças entre os vinhos do Douro e Alentejo seria essa: os grandes vinhos durienses apresentam uma grande elegância e complexidade de aromas e sabores que se expressam com sutileza, enquanto os alentejanos revelam uma notável exuberância aromática no nariz e redondeza e maciez, em boca.
Como acontece com frequência no mundo dos vinhos, não há melhor ou pior, mas sim estilos diferentes que podem ser apreciados cada um com suas características únicas.
Vinhos tintos do Douro
Declarado Patrimônio Cultural da Unesco por causa de sua paisagem única e excepcional, o Douro é famoso pela viticultura em socalcos, estreitos terraços construídos com diversas técnicas ao longo dos séculos nas encostas do rio Douro e reforçados com muro de pedra de xisto para evitar a erosão das colinas.
Em cada socalco não cabem mais do que uma ou duas fileiras de parreirais que, pela conformação do território, requerem manutenção constante e demandam um grande esforço para colher as uvas, já que, em muitos casos, essa tarefa pode ser realizada apenas de forma manual.
As uvas tintas mais cultivadas no Douro são Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz (Aragonez), Tinta Barroca e Tinto Cão. A grande maioria dos vinhos é produzida a partir do blend de várias castas, com uma complexidade e riqueza ímpares, que lhes imprimem um perfil característico do Douro.
Existem ainda bons exemplos de vinhos monovarietais, produzidos apenas com uma casta, principalmente de Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz.
Hoje em dia, coexistem diversas formas de vinificar. A tradicional é elaborada em lagar – recipiente de pedra largo e pouco profundo – e produz vinhos com maior extração de cor e taninos. Geralmente, ali nascem vinhos com bom potencial de envelhecimento.
Já a técnica mais moderna utiliza cubas de inox com controlo de temperatura, produzindo assim vinhos mais elegantes e com os aromas melhor preservados. Para atingirem uma maior complexidade, muitos produtores usam ambos os métodos de vinificação.
Os Douro jovens podem ser apreciados em todo o seu esplendor se consumidos nos primeiros anos após a vindima: apresentam aromas de frutos vermelhos como framboesas e morangos, e podem ter notas florais e de madeira. São perfeitos para acompanhar pizzas, massas, bacalhau e carnes.
Já os tintos de guarda revelam aromas complexos e intensos alcançados cerca de uma década depois. Mostram notas delicadas e sutis de frutos pretos, chocolate, balsâmicas, violeta e madeira, sendo vinhos de grande estrutura e com taninos persistentes e de grande complexidade.
São perfeitos para pratos de carne vermelha grelhada, cabrito assado e filé de vitela. Quando envelhecidos são recomendados para acompanhar pratos de caça.
Quer provar vinhos do Douro? Experimente os da Duorum, vinícola que se destaca pela sustentabilidade. O Tons de Duorum Tinto apresenta aromas de frutas preta madura e toque floral, e é um vinho para ser tomado jovem.
Já o Duorum O. Leucura Douro Reserva DOC é um vinho de grande complexidade com estágio de 24 meses em barrica: é um vinho realmente especial com pontuações altíssimas nos principais guias especializados.
Alentejo
Maior região vinícola de Portugal, o Alentejo se estende pelas planícies onduladas do sul onde o clima quente e ensolarado é perfeito não só para as videiras, mas também para oliveiras, cereais e sobreiros, árvores de onde se extrai a cortiça.
As variedades mais populares são Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Aragonez, Touriga Nacional, Castelão e Tricadeira, além das internacionais Syrah e Cabernet Sauvignon.
Apesar da multiplicidade de castas e da heterogeneidade de solos que caracteriza o Alentejo, existem inúmeros traços comuns nos vinhos da grande planície alentejana: eles costumam oferecer exuberância aromática, são redondos e macios, com uma capacidade única para serem bebidos cedo, sabendo envelhecer com elegância.
Um dos grandes produtores dessa região é o enólogo João Portugal Ramos que em 2024 foi agraciado com o prêmio pelos 40 anos de carreira. Quando iniciou seu trabalho nos anos 1980, o Alentejo produzia 2% do vinho nacional, mas atualmente representa mais de 40%.
Um de seus grandes vinhos alentejanos (ele tem um projeto também no Douro) é a linha Marquês de Borba que conta com alguns ícones como o Vinhas Velhas e o Reserva, cuja safra 2017 (disponível na Porto a Porto) recebeu 94 pontos por Robert Parker.
Já a vinícola CARMIM, cooperativa com mais de 400 associados, tem em seu portfólio vinhos elaborados pelo método ancestral, com fermentação e estágio em ânforas, processo que preserva o frescor da fruta e ainda agrega notas minerais e oxidativas. Como o Tarefa Tinto, rótulo excelente para acompanhar carnes, queijos e embutidos.
A variedade de vinhos tintos no Alentejo e Douro é enorme. Se você quer aprender melhor sobre as diferenças entre as duas regiões, o melhor jeito é provando. Saúde!
BEBA MENOS, BEBA MELHOR.

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