4 de outubro de 2024

Cid Moreira morre aos 97 anos

Ele foi o primeiro apresentador do Jornal Nacional ao lado de Hilton Gomes. Foram mais de 8 mil vezes cumprimentando o Brasil todas as noites. Se os profissionais do jornalismo pudessem escolher assuntos que eles prefeririam não ter que noticiar, seria uma lista bem longa. E, com certeza, a perda de colegas estaria entre os assuntos mais citados nessa lista. Mas nós não temos essa opção. Morreu Cid Moreira.
Foram mais de 8 mil vezes cumprimentando o Brasil todas as noites. Muitas gerações ouviram esse vozeirão que ecoava pelo país. E foi Cid Moreira quem anunciou a chegada da nova Constituição. Ele deu toques delicados a notícias duras, como na morte do poeta Carlos Drummond de Andrade.
O menino nascido em Taubaté, no interior de São Paulo, em 1927, se formou em contabilidade. Mas a voz grave e forte, desde a adolescência, levou Cid Moreira para a comunicação. Ele tinha só 17 anos quando passou em um teste para locutor da Rádio Difusora de Taubaté.
“Quando peguei assim, colava na minha mão o texto. O coração, tum, tum, tum”, lembrou Cid Moreira, ao Memória Globo, em 22 de março de 2000.
O jornalista se mudou para o Rio em 1950. Ele foi convidado para estrear na TV Globo em 1969. Foi o primeiro apresentador do Jornal Nacional ao lado de Hilton Gomes. Nem parecia, mas ao longo de 26 anos na bancada do Jornal Nacional, em muitos momentos, Cid Moreira se emocionou. E várias notícias ficaram no coração dele.
“Uma eu tenho gravada até hoje na minha mente. Foi de um cinegrafista que estava filmando e de repente se ouve um tiro, pá. Ele foi atingido”, contou Cid Moreira.
Cid também apresentou o Fantástico.
Cuidadoso com a alimentação e com o corpo, Cid Moreira tinha no tênis uma de suas grandes paixões. Jogou até os 90 anos.
E o jornalista dava risadas de uma lenda: a de que ele sempre apresentava o Jornal Nacional de bermuda. Mas Cid Moreira tinha estilo próprio. O último “boa noite” do Jornal Nacional, ao lado do parceiro Sérgio Chapelin, foi em março de 1996.
Cid Moreira, ícone do jornalismo da televisão brasileira, morre aos 97 anos
Cid Moreira tinha 68 anos e se manteve ativo como sempre. Ele e o ilusionista Mister M marcaram o Fantástico de forma inesquecível. E a bola da Copa da África do Sul, em 2010, também ganhou uma versão diferente e divertida na voz dele.
As gravações de textos bíblicos continuaram espalhando o timbre inconfundível. A primeira gravação para o Fantástico foi no Gabinete Português de Leitura, no Rio.
Foram muitas homenagens ao longo da vida. Nos 50 anos da TV Globo, Cid Moreira e Sérgio Chapelin foram convidados para a bancada do mesmo jornal onde fizeram história.
De locutor a influenciador digital, foi um pulo. O jornalista tinha mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais. No último Dia dos Namorados fez um chamego para a mulher, Fátima, com quem vivia há quase 24 anos.
Cid Moreira morre aos 97 anos
Jornal Nacional/ Reprodução
Cid Moreira completou quase um século de vida, 97 anos, no dia 29 de setembro, domingo. A maior parte desse tempo, em frente às câmeras. Ele vinha se tratando de algumas sequelas de uma insuficiência renal e estava internado há 29 dias.
A família conta que Cid se manteve lúcido e bem-humorado o tempo todo. Ele morreu na manhã desta quinta-feira (3), em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, de mãos dadas com a mulher. Nesta sexta-feira (4), o velório de Cid Moreira vai ser aberto ao público no Palácio Guanabara, no Rio, de 10h às 13h. Ele teve três filhos. Passou pela dor de perder um neto e uma filha.
A gente se despede do homem que marcou a televisão, o jornalismo e que vai continuar como memória afetiva. Cid Moreira fez questão de ir até o fim fazendo o que gostava.
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