4 de outubro de 2024

‘Caipira de Taubaté’: aos 97 anos, Cid Moreira usava as redes sociais para relembrar infância na cidade natal

Nascido em Taubaté em 1927, Cid Moreira também deu os primeiros passos da carreira na cidade. Cid Moreira, aos 17 anos
Reprodução/Instagram
Mesmo anos após deixar Taubaté, cidade no interior de São Paulo, Cid Moreira nunca esqueceu a cidade e frequentemente mostrava o carinho pela terra natal em postagens nas redes sociais. Aos 97 anos, o jornalista seguia ativo na internet e contava aos seguidores momentos marcantes da infância vivida no Vale do Paraíba.
Cid Moreira nasceu em Taubaté, em 1927. Ele morava em uma casa na rua Barão da Pedra Negra, na região central da cidade. O imóvel foi visitado por ele em 2017.
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“Nessa época brincávamos de tudo! Pipa, peão, corre-corre, futebol e não faltava imaginação para as brincadeiras. Éramos pobres. A vida estava muito difícil por conta das dificuldades que vieram depois da Segunda Grande Guerra Mundial. Nós nos divertíamos depois de fazer as tarefas da escola e ajudar a mãe em casa”, relembrou Cid Moreira em um dos diversos posts relembrando a infância.
Ainda em Taubaté, Cid Moreira estudou na escola estadual Doutor Lopes Chaves, que ficava na rua Pedro Costa, no Centro.
Cid Moreira era o mais velho de três irmãos
Reprodução/Instagram
Também foi maleiro na estação de trem que ficava ao lado da praça Doutor Barbosa de Oliveira para conseguir dinheiro para ir ao cinema, onde hoje funciona o Teatro Metrópole.
“Eu sou até hoje apaixonado por cinema. Na época, meus pais frequentavam o cine Metrópole ou o Polyteama (que era teatro e cinema) na minha querida Taubaté. Ir ao cinema era um acontecimento social. Como éramos pobres eu passei a fazer de tudo para arrumar uns trocados para conseguir comprar todas as semanas”, afirmou o jornalista em outra publicação.
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Cid Moreira se formou em contabilidade na ‘Escola do Comércio’, antigo colégio técnico que ficava na rua Mariano Moreira, também na região central da cidade. Antes de se tornar um fenômeno nos rádios com a voz imponente, Cid também teve outros trabalhos.
“Comecei a trabalhar como pegador de malas na estação, aos 11 anos e depois não parei mais. Tomava conta da frente de loja, vendia frutas e verduras no carrinho de mão. Uma vez juntei um caminhão de estercos com a ajuda de meu irmão Célio e ganhamos uns trocos. A gente pegava ferro velho, papel, papelão, madeira e todo tipo de entulho que pudéssemos vender. Trabalhei assim até meu primeiro emprego de locutor na rádio Difusora da cidade onde nasci, Taubaté”, contou Cid aos seguidores em mais uma postagem relembrando a cidade natal.
Em 1944, Cid Moreira foi descoberto por um amigo, que admirava suas imitações e o incentivou a fazer um teste de locução na Rádio Difusora de Taubaté. A princípio, Cid buscou um trabalho na área de contabilidade da rádio, mas a voz impressionante obrigou o futuro locutor a trocar a calculadora pelo microfone.
Cid Moreira começou a carreira em Taubaté
Reprodução/Instagram
“Quando comecei na rádio em Taubaté, aos 17 anos, eu gaguejava, ficava muito ansioso! No começo eu era bem tímido! Lutei muito contra isso. Me sentia um péssimo profissional! Uma farsa! Achava os outros muito mais merecedores e capazes do que eu! Superar os medos e as fantasias é um bom começo para dar um passo para frente em nossas vidas!”, relembrou Cid em outra postagem.
“Quando fui à São Paulo pela primeira vez eu tinha cerca de 20 anos! Um caipira de Taubaté trabalhando na rádio da grande Capital. Eu, apaixonado por cinemas, frequentava o Cine Marabá. Lá me encontrava com o Mazzaropi, Isaurinha Garcia, Mário Lago, o cantor João Dias, o escritor Dias Gomes, e o querido humorista José Vasconcelos e tantos e tantos outros”, contou Cid aos seguidores sobre sua primeira experiência na capital paulista.
Cid Moreira Taubaté
Ricardo Ferreira/Arquivo pessoal
Em 2019, o jornalista, locutor e apresentador visitou uma pintura feita em sua homenagem na cidade. O desenho feito com a técnica stencil foi pintado em 2017, em um bar na região central. A ideia dos proprietários era homenagear artistas de Taubaté que tiveram grande destaque nacionalmente, como ele e a própria Hebe Camargo.
Enterro em Taubaté
Mesmo deixando de morar em Taubaté, Cid Moreira não esqueceu a ligação forte que tinha com a cidade.
Nesta quinta-feira (3), data da morte do jornalista, a mulher de Cid Moreira, Fátima Sampaio, afirmou em entrevista no Encontro com Patrícia Poeta que ele gostaria de ser enterrado em Taubaté.
“Ele falou pra mim que quer ser enterrado em Taubaté (SP), ele quer ficar perto da primeira esposa, da filha que foi, do neto que foi. Já conversei com os queridos dele que estão lá e já vão providenciar. Pensei, ele ama Petrópolis, então a gente fazer uma despedida aqui em Petrópolis antes, fazer uma despedida no Rio, talvez… E depois ir lá para a terra natal”, disse Fátima.
O corpo do apresentador e locutor Cid Moreira deve chegar, em Taubaté (SP), na noite desta sexta-feira (4) para uma cerimônia de velório aberto ao público. O sepultamento está previsto para ser realizado no início da manhã de sábado, às 8h, no cemitério do Convento Santa Clara.
O velório em Taubaté será realizado no Memoria Sagrada Família, que fica próximo à CTI. A previsão é de que a cerimônia tenha início às 19h de sexta-feira e siga durante toda a madrugada.
Antes de Taubaté, o corpo de Cid será velado em dois locais no Rio de Janeiro.
Cid Moreira e Sérgio Chapellin
Acervo Grupo Globo
Morte de Cid Moreira
Morreu nesta quinta-feira (3) o jornalista, locutor e apresentador Cid Moreira, um dos rostos mais icônicos da televisão brasileira, aos 97 anos. Ele estava internado em um hospital em Petrópolis, na Região Serrana do RJ, e nas últimas semanas vinha tratando de uma pneumonia.
Segundo o Memória Globo, Cid Moreira apresentou o Jornal Nacional cerca de 8 mil vezes.
Cid Moreira nasceu em Taubaté, no Vale do Paraíba, em 1927 – ele completou 97 anos no último domingo (29).
Cid Moreira durante apresentação do Jornal Nacional
Acervo Grupo Globo
O jornalista iniciou a carreira no rádio em 1944, depois de ser descoberto por um amigo que o incentivou a fazer um teste de locução na Rádio Difusora de Taubaté. Nos anos seguintes, entre 1944 e 1949, ele narrou comerciais até se mudar para São Paulo, onde trabalhou na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.
Em 1951, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga. Foi lá que, entre 1951 e 1956, começou a ter suas primeiras experiências na televisão, apresentando comerciais ao vivo em programas como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, na TV Rio.
Sua estreia como locutor de noticiários aconteceu em 1963, no “Jornal de Vanguarda”, da TV Rio, o que marcou o início de sua carreira no jornalismo televisivo. Nos anos seguintes, trabalhou nesse mesmo programa em várias emissoras, como Tupi, Globo, Excelsior e Continental, consolidando sua presença na televisão.
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