4 de outubro de 2024

No Brasil há 10 anos, sírio que perdeu tia em bombardeio relata desespero ao tentar tirar parentes do Líbano: ‘Não conseguem sair’

Iyad Reslan mora em Sorocaba, no interior de São Paulo, e tem família no Líbano. Ele presenciou diversos confrontos causados por guerras quando vivia em Homs, na Síria. Ao g1, contou sobre a dificuldade em tirar seus parentes do país. Área destruída após bombardeio em Beirute, no Líbano
Iyad Reslan/Arquivo Pessoal
Um sírio que vive no Brasil há 10 anos vive, diariamente, o desespero de não conseguir garantir que seus parentes estejam seguros. Iyad Reslan veio para Sorocaba, no interior de São Paulo, depois de presenciar diversos confrontos causados pela guerra mas, apesar de estar longe, em termos de distância, precisa reviver toda a angústia ao tentar trazer seus irmãos, que estão no Líbano, para o Brasil.
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O Irã disparou cerca de 200 mísseis balísticos em direção a Israel nesta terça-feira (1º), segundo as Forças Armadas israelenses. O Irã também confirmou o envio, que culmina a escalada de tensões entre Israel e o Hezbollah nas duas últimas semanas.
Forças Armadas israelenses conduzem ataques aéreos no sul do Líbano e na capital, Beirute
Reprodução/TV Globo
Em menos de duas semanas, os bombardeios de Israel ao Líbano já deixaram 1.974 pessoas mortas, afirmou nesta quinta-feira (3) o Ministério da Saúde libanês. Desse total, 127 eram crianças, ainda de acordo com o ministério.
Mais de 6 mil pessoas também ficaram feridas em decorrência dos bombardeios. O número ultrapassou o balanço total de mortos na guerra do Líbano em 2006, que durou pouco mais de um mês e teve um total de 1.191 mortos, entre civis, soldados e membros do Hezbollah.
Veja onde fica o Líbano
Arte/g1
Moradores de cidades libanesas relatam bombardeio intenso na fronteira com Israel, além do som de helicópteros e drones sobrevoando a área. Ao g1, Iyad contou que sua tia morreu durante um bombardeio na semana passada na cidade de Homs, na Síria.
“Minha tia morava no primeiro andar de um prédio que foi bombardeado. Estava ela e o filho no momento do ataque. Infelizmente, todo mundo morreu. Minha irmã e meu irmão escaparam com sorte, porque eles não estavam em casa naquele momento”, conta.
“Foi difícil achar o corpo do filho da minha tia. A bomba foi tão forte que ele voou até um campo de futebol que fica na frente do prédio. A minha tia foi encontrada no quarto dois dias depois, provavelmente estava dormindo no momento do ataque”, relata.
Iyad Reslan vive no Brasil há 10 anos; ele tem um restaurante de comida síria em Sorocaba, no interior de São Paulo
Arquivo Pessoal
‘Não existe área segura’
De Sorocaba, o sírio conta que recebe vídeos e fotos da situação no Líbano do seu irmão, que estava em Beirute, e agora chegou a Jounieh, que fica na província do Monte Líbano. Um dos registros, feito por um primo, mostra o momento em que a cidade é bombardeada (assista abaixo).
“Lembro que vi somente no jornal sobre o ataque, porque foi de madrugada aqui no Brasil. Na hora, entrei em contato com a minha família e eles me mandaram os vídeos. Quando vi, fiquei em choque”, lembra.
Israel bombardeia Beirute; nuvem de fumaça é vista na capital do Líbano
Em meio ao desespero, Iyad conta que tenta trazer sua família para o Brasil, no entanto, ainda não teve sucesso. “Quando vi que a situação iria piorar, fiquei com muito medo. Entrei em contato com os órgãos do Brasil para tentar tirá-los de lá, mas não conseguimos o visto. E, agora, não conseguimos fazer nada mais. Eles não conseguem sair de lá”, explica.
“Lá tem pessoas que não tem nada a ver com essa guerra e que acabam morrendo. Foi o que aconteceu com a minha tia. Não tem como eu saber se minha família está em uma área segura, porque não existe área segura. Quando um avião ataca um apartamento ou um bairro, eles não vão falar ‘por gentileza, vocês que não tem nada a ver saiam daí’. Eles nunca vão fazer isso”, desabafa.
De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, mais de 1 mil pessoas foram mortas e 6 mil ficaram feridas ao longo das últimas duas semanas. O governo afirmou ainda que 1 milhão de pessoas – praticamente um quinto da população do país – deixaram as casas onde viviam.
Forças Armadas de Israel bombardeiam quartel-general do Hezbollah em Beirute, no Líbano
Reprodução/TV Globo
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