6 de outubro de 2024

Você sabia que e possível tingir tecido com bactérias? Entenda técnica desenvolvida por professor da UnB

Breno Tenório, da Universidade de Brasília, usa bactéria Serratia marcescens para dar cor ao tecido. Pesquisa mostra que técnica não prejudica meio ambiente, não causa alergia nas pessoas e cor não desbota na lavagem. Pessoas vestem roupas em vários tons de rosa em tecidos coloridos com o uso da bactéria serratia marcescens.
João P Teles/ Divulgação
Um pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) criou uma técnica que usa bactérias e vegetais para o tingimento de tecidos. A partir da bactéria Serratia marcescens , o professor Breno Tenório dá vários tons de rosa às peças que vão virar roupas no Distrito Federal.
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A pesquisa surgiu quando Breno Tenório decidiu mesclar os dois cursos no qual é formado: design e biologia, em sua dissertação de mestrado. Os microrganismos foram cedidos pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde foi feita a primeira pesquisa, em 2015, com Actinobactérias, que produzem uma grande diversidade de cores.
Em 2019, o pesquisador começou a trabalhar com a Serratia marcescens, que possui um pigmento rosa. Ele descobriu que a técnica não prejudica o meio ambiente (saiba mais abaixo), as roupas tingidas podem ser usadas sem o perigo de provocar algum tipo de alergia nas pessoas e também não desbotam com as lavagens.
Entenda como a peça é tingida 👚
O processo começa com o cultivo da bactéria no meio de uma cultura chamada “LB”, que fornece energia e nutrientes para a bactéria se desenvolver
As bactérias crescem em placas de Petri e depois no mesmo meio de cultura, só que na versão líquida
Depois de 3 dias, a coloração fica com um tom rosa bem forte. Esse líquido é usado para tingir os tecidos.
Para que a peça adquira cor, é preciso deixá-la em contato com o pigmento em uma temperatura de 60 graus, durante uma hora.
Depois, o tecido é colocado numa mordente por 15 minutos e lavado em seguida
São 5 dias, do cultivo da bactéria até o resultado final
📌Placas de Petri: recipientes redondos, geralmente feitos de vidro ou plástico, utilizados em laboratórios de microbiologia e biologia molecular. Elas são essenciais para o cultivo de microrganismos, células e tecidos em um ambiente controlado.
📌Mordente: uma substância associada ao tingimento que mantém a durabilidade da cor.
Sustentabilidade
O tingimento através das bactérias não polui o meio ambiente.
UnbTV
“A técnica do tingimento por bactérias é importante para pensarmos a sustentabilidade no mundo da moda”, diz o professor Breno Tenório. Segundo ele, o processo orgânico de tingimento pode contribuir para um menor prejuízo ao meio ambiente.
Uma peça de roupa tingida com corante sintéticos traz um gasto muito grande de água – em média, são usados de seis a nove trilhões de litros de água apenas para tingir tecidos. Além da poluição que as substâncias químicas do corante trazem à água, que deixa de ser potável.
“O principal problema dos corantes sintéticos (usados normalmente na indústria), é que eles advêm de petróleo e de diversas origens químicas. O tingimento sintético, quando a peça se decompõe, vai passar para o solo e para o lençol freático prejudicando o meio ambiente”, diz o pesquisador.
📌O grande benefício do tingimento natural é uma decomposição orgânica que não prejudica o meio ambiente.
📌Roupas feitas de petróleo por exemplo podem levar 200 anos para se decompor e os resíduos liberados por uma peça de corante sintético são extremamente prejudiciais ao meio ambiente.
Por conta do diferencial no tingimento, e na preocupação com o meio ambiente, a pesquisa de Breno saiu da academia e ganhou o mercado. A marca Farm por exemplo, patrocinou uma coleção do designer.
“A moda é a segunda indústria mais poluidora do mundo […] e precisa trazer esse novo olhar do ambiental, do social. Para que a moda continue refletindo nosso tempo e a precisa ser um tempo de mudança”, diz Bruno Tenório
Você sabia que e possível tingir tecido com bactérias?
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