11 de janeiro de 2025

Modo de operação para obstruir investigação do assassinato de Marielle é o mesmo de outros casos, conta ex-delegado de homicídios da época de Rivaldo Barbosa

Atual secretário de Ordem Pública da cidade do Rio de Janeiro, Brenno Carnevalle fez denúncias ao MP por interferências em investigações que envolviam milicianos e contraventores na cidade. ‘Rivaldo interferiu em outras investigações’, afirma Brenno Carnevale
O modo de operação para obstruir as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes seguem a mesma linha de apurações de outros assassinatos que foram de responsabilidade da Delegacia de Homicídios do Rio, sob a direção de Rivaldo Barbosa, segundo o delegado Brenno Carnevalle. Rivaldo foi preso neste domingo (24) por ter planejado o assassinato de Marielle em 2018.
Carnevalle, que atualmente é secretário de Ordem Pública da cidade do Rio de Janeiro, afirma que sua atribuição como delegado de homicídios era investigar a morte de policiais. Uma delas foi de Marcos Falcon, ex-presidente da Portela, em 2017, e de Haylton Escafura, filho do bicheiro Piruinha, em 2017. Ele fez uma denúncia ao Ministério Público (MP) por ter sido retirado de um dos casos sem maiores explicações.
“Eu era responsável por investigar mortes de policiais. Eu fiz uma denúncia no MP pois fui retirado sem qualquer explicação da investigação de Escafura. Me atribuíram essa investigação e no mesmo dia me tiraram. Não tive tempo de ler o que se tinha da investigação”, contou ao Estúdio I, da GloboNews.
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No caso da morte de Falcon, o delegado afirma que o inquérito simplesmente desapareceu. Em depoimento ao Gaeco, em 2019, revelado pelo inquérito da morte de Marielle Franco, a filha de Falcon, disse que Carvenalle disse que o Rivaldo Barbosa disse que, diante de novas descobertas sobre o caso, era para “não mexer em nada e passar diretamente para ele”.
Modo de operação para obstruir investigação sobre Marielle era o mesmo de outros casos, diz delegado
Segundo Carnevalle, havia uma ineficácia da Delegacia de Homicídios na resolução de crimes que envolviam milicianos e contraventores.
Para ele, o que mais surpreendeu foram os nomes dos envolvidos, como os irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa, mas não o “modus operandi” que atrapalhava as investigações.
“Me surpreendeu, pelas figuras que apareceram, mas o ‘modus operandi’, de tentativa de interferência, manipulação de investigação no âmbito de homicídios, não surpreendeu. Eu denunciava esse ‘modus operandi’ que permitiu que o assassinato de Marielle fosse cometido.”
Carnevalle contou que quando o prefeito do Rio, Eduardo Paes (MDB) soube do envolvimento de Domingos Brazão no assassinato de Marielle, logo destituiu o irmão, Chiquinho Brazão, do cargo de secretário de Ação Comunitária do Rio, cargo que o deputado federal do União Brasil ocupou de outubro de 2022 até janeiro deste ano.

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