8 de outubro de 2024

Mesmo com redução de cadeiras, Câmara Municipal tem aumento de mulheres vereadoras no Recife

Número de vereadoras eleitas neste ano foi oito. Na legislatura passada, eram sete. Mulheres eleitas vereadoras do Recife em 2024
Montagem/g1
O número de mulheres eleitas para ocupar o cargo de vereadora do Recife aumentou nesta eleição, mesmo com a redução de duas cadeiras na Câmara Municipal na próxima legislatura. No domingo (6), foram eleitas oito parlamentares, uma a mais que nas eleições de 2020 (veja quem são os 37 vereadores eleitos na capital).
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A maioria dos parlamentares eleitos no Recife é homem. Entretanto, o percentual de mulheres que compõem a lista de vereadores aumentou. Em 2020, elas, que eram sete, representavam 17,9% das eleitas. Agora, que são oito, representam 21,6% da composição do parlamento.
Neste ano, a Câmara Municipal do Recife perdeu duas cadeiras (de 39 para 37), por conta do Censo 2022, que mostrou uma diminuição da população recifense em comparação com o levantamento anterior, de 2010.
Confira, abaixo, quem foram as mulheres eleitas. Os nomes das reeleitas estão em negrito:
Andreza Romero (PSB): 15.785 votos;
Natalia de Menudo (PSB): 15.198 votos;
Liana Cirne (PT): 14.810 votos;
Cida Pedrosa (PCdoB): 11.364 votos;
Flávia de Nadegi (PV): 11.278 votos;
Kari Santos (PT): 9.321 votos;
Professora Ana Lúcia (Republicanos): 8.592 votos;
Jô Cavalcanti (PSOL): 7.619 votos.
A Câmara teve uma mulher como mais votada por duas eleições consecutivas: em 2016, Michele Collins (PP), com 15.357 votos; e em 2020, Dani Portela (PSOL), com 14.114 votos — neste ano, ela, que é deputada estadual, tentou ser prefeita, e ficou em terceiro lugar, com 3,78% dos votos válidos.
No entanto, nesses pleitos, as mulheres eleitas foram minoria, com seis e sete mulheres escolhidas em cada, consecutivamente. Nesta eleição, o vereador mais votado foi Romerinho Jatobá (PSB), atual presidente da Câmara, com 20.264 votos.
Nas eleições deste ano, das 16.060 candidaturas postas em Pernambuco, apenas 5.508 são femininas, sendo 86 a prefeita, 131 a vice-prefeita e 5.291 a vereadora. O cenário é semelhante no Recife. Das 534 candidaturas, 184 são mulheres, sendo três a prefeita, quatro a vice-prefeita e 177 a vereadora.
Representatividade
A maioria do eleitorado pernambucano e do recifense é feminino. No estado, as mulheres são 3.818.448 do eleitorado, e representam 53% do total. Na capital, são 674.095 mulheres votantes, o que representa 55% dos eleitores.
Entre as oito mulheres eleitas no pleito atual, apenas Jô Cavalcanti se autodeclarara negra no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para a cientista política Priscila Lapa, qualquer aumento de representatividade feminina no Legislativo, ainda que seja pequeno, é importante e deve ser celebrado, pois representa um avanço na conquista das mulheres na política.
“Você começa a criar referências, ainda que não seja a bancada do tamanho que deve ter. Imagina o que é, em uma casa de 37, você ter cinco e seis mulheres. O poder de barganha de cinco ou seis pessoas é sempre reduzido perante 37 de uma maioria muito expressiva. Essa questão é muito além de numérica. É o que esse número pode representar enquanto capacidade de atuação dentro das pautas”, afirmou Priscila Lapa.
Em 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que os partidos políticos deveriam reservar pelo menos 30% dos recursos do Fundo Eleitoral para financiar as campanhas de candidatas mulheres.
Para incentivar a participação feminina na política, desde 2020 os partidos devem indicar, no mínimo, 30% de mulheres filiadas para concorrer aos pleitos, de acordo com a Lei das Eleições, a partir da cota de gênero.
“Como regra geral, alguns partidos avançaram, outros menos. Mas o fato é que a gente ainda tem essas barreiras de entrada. Muitas vezes, o cumprimento normativo da cota de gênero é apenas por formalização, ainda que tenha essa questão do recurso, mas, dentro das estruturas partidárias e da distribuição dos recursos para fazer campanha, as mulheres ainda são menos favorecidas. No suporte que o próprio partido dá para o exercício da campanha em si, você acaba tendo um processo de enfraquecimento dessa mulher que consegue furar a barreira de entrada”, disse.
A especialista chamou a atenção para a importância das mulheres na política, sobretudo na construção de políticas públicas. “Todas as políticas públicas passam, primeiro, por um processo de reconhecimento de demanda de agenda de necessidade, para que depois venha a se tornar política pública”, complementou.
Ainda segundo Priscila Lapa, quando há representatividade feminina na política, há, consequentemente, maior percepção da sociedade das mulheres no poder.
“A gente tem uma presença, ainda que simbólica, da mulher compondo chapas majoritárias, muitas vezes na condição de vice. Mas a gente tem uma percepção clara do aumento dessa presença da mulher. É como se o tema da sub-representação não fosse resolvido”, complementou a especialista.
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