12 de outubro de 2024

Ex-vereadores condenados por corrupção na Operação Sevandija não se elegem em Ribeirão Preto

Soma de votos dos políticos foi inferior ao resultado individual de oito dos 22 parlamentares eleitos para a próxima legislatura. Processo, que apontou fraudes em licitações, propina e uso de terceirizada como ‘cabide de empregos’ para apadrinhados, ainda não transitou em julgado. Veja como foi o dia de votação em Ribeirão Preto nas eleições 2024
Cinco dos nove ex-vereadores que foram condenados em primeira instância na Operação Sevandija pelo maior esquema de corrupção da história de Ribeirão Preto (SP) não conseguiram se eleger para a Câmara nas eleições municipais de 2024.
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Juntos, Cícero Gomes da Silva (MDB), Bebé (PSD), Walter Gomes (PMB), Capela Novas (PMB) e Giló (Agir) tiveram 4.279 votos, número inferior ao resultado individual de oito dos 22 parlamentares escolhidos pela população para a legislatura que começa em 2025. Veja o resultado deles:
Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Cícero Gomes da Silva (MDB) – 1.421 votos
Bebé (PSD) – 815 votos
Walter Gomes (PMB) – 1.068 votos
Capela Novas (PMB) – 506 votos
Giló (Agir) – 469 votos
A Sevandija foi uma força-tarefa deflagrada em 2016 que apontou diferentes frentes de corrupção na Secretaria Municipal de Educação, na antiga Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto (Coderp) e no então Departamento de Água e Esgoto (Daerp), atual Saerp, envolvendo vereadores, que acabaram afastados, secretários municipais e empresários durante a gestão da então prefeita Dárcy Vera, então filiada ao PSD, também acusada por participação.
Pelo menos 21 pessoas foram condenadas em primeira instância, entre elas nove vereadores. Em meio a recursos e decisões que questionaram a legalidade de parte das provas, o processo, no entanto, ainda não chegou a ser julgado em segunda instância, o que permitiu que os envolvidos não ficassem inelegíveis para este processo eleitoral.
“A Operação Sevandija é uma mancha na história de Ribeirão Preto, independente das questões jurídicas que ocorreram ou não, politicamente isso fica marcado junto ao candidato”, afirma o cientista político Igor Lorençato.
Operação Sevandija
Entre as práticas apontadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Polícia Federal na Sevandija, houve fraudes em licitações, pagamento de propinas e a utilização de uma empresa terceirizada pela Prefeitura como uma espécie de “cabide de empregos” para pessoas apadrinhadas por políticos, que ajudavam a manter o esquema em funcionamento.
Nove dos 22 vereadores de Ribeirão Preto em 2016 foram suspensos pela Justiça e alvos de Conselho de Ética por acusações da Operação Sevandija
Arte/EPTV
As acusações levaram ao ajuizamento de 12 ações penais e 74 pessoas denunciadas, com condenações em primeira instância em quatro processos e dois em segunda instância. Outros seis processos já tiveram o término da fase de instrução e aguardam sentenças.
O rombo aos cofres públicos foi decorrente de práticas fraudulentas em contratos que somaram mais de R$ 220 milhões, segundo as autoridades, que conseguiram o bloqueio de 200 veículos, 120 imóveis e R$ 71 milhões obtidos com empresas e pessoas investigadas por acordos de colaboração.
Ao longo das investigações, todos os investigados negaram envolvimento no esquema de corrupção. Nenhum dos acusados está preso em decorrência de recursos apresentados à Justiça.
Atualmente, o andamento de todos os processos está parado pois depende de uma decisão colegiada do Supremo Tribunal Federal (STF) com relação à validade de escutas telefônicas utilizadas como provas contra os investigados. Essas interceptações chegaram a ser anuladas por decisão da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), posteriormente suspensa liminarmente pelo vice-presidente do órgão, Og Fernandes.
No começo deste ano, o ministro Nunes Marques, do STF, validou as escutas telefônicas, mas a questão ainda depende de um parecer conjunto da Suprema Corte brasileira.
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Composição da Câmara
A nova composição da Câmara de Ribeirão Preto a partir de 2025 terá 13 vereadores reeleitos e nove renovando o quadro do Legislativo local.
Entre os 13 que conseguiram se reeleger, os mais votados foram Isaac Antunes (PL) e Duda Hidalgo (PT). Entre os novos nomes a ocuparem cadeiras na Câmara, os que mais tiveram adesão popular foram Danilo Scochi – o mais votado entre todos os 22 – e Bigodini, ambos do MDB.

O MDB também é o de maior bancada para a próxima legislatura (veja a composição abaixo), com cinco cadeiras, duas a mais do que no atual mandato. O PL vem na sequência, com quatro, também com dois vereadores a mais com relação ao quadro da Câmara que se encerra este ano.
Para Lorençato, a renovação de aproximadamente 40% do quadro de parlamentares pode ser benéfica para o atendimento dos anseios de diferentes setores da sociedade, interessada em propostas concretas.
“Acredito que muito dessa mudança vem disso: a gente querer cara nova, rosto novo, propostas novas e não ver o mesmo vereador falando do que fez, quer saber o que vai saber. O que ele fez todo mundo já sabe”, diz.
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