9 de outubro de 2024

Espera na fila, esperança e recusa de famílias: os desafios da doação de órgãos no Brasil

No primeiro semestre de 2024, 45% das famílias se negaram a fazer a doação de órgãos de seus parentes. Edição de 08/10/2024
No primeiro semestre de 2024, 45% das famílias se negaram a fazer a doação de órgãos de seus parentes. O Profissão Repórter desta terça-feira (8) acompanhou a espera nas filas, a esperança e os desafios no processo de doação de órgãos no Brasil. Saiba mais abaixo.
Espera por um coração
Após 5 anos na fila de espera, menina de 8 anos recebe transplante de coração
No Brasil, 44 crianças de até 10 anos aguardam por um transplante de coração. Esse era o caso da Lorena Freitas, de 8 anos. A menina nasceu com uma condição rara, chamada miocardiopatia não compactada, que enfraquece o coração e compromete a respiração e o crescimento. A mãe, Bárbara Freitas descobriu o diagnóstico da filha ainda na gravidez.
“Eu recebi o diagnóstico de morte. Não era para ela estar aqui. A Lorena é um milagre”, conta a mãe emocionada.
Em 2023, um coração compatível com o organismo de Lorena ficou disponível, mas o sistema imunológico dela não estava preparado para receber o órgão. Lorena foi internada em estado grave em maio de 2024 e só poderia deixar o hospital após receber um novo coração, o que finalmente aconteceu após cinco anos e dois meses na fila de espera.
“Eu esperei tanto. Foi mais de cinco anos para ver aquela caixinha com o coração da minha filha. Foi muito difícil. Minha gratidão a Deus e a essa família vai ser infinita”, desabafa a mãe.
Transplante de fígado
Quase 1.200 pacientes receberam um fígado no Brasil no primeiro semestre de 2024
Quase 1.200 pacientes receberam um fígado no Brasil no primeiro semestre de 2024. No entanto, 2.304 pessoas ainda aguardam pelo órgão no país.
No Hospital Geral de Fortaleza, o Profissão Repórter conheceu o agricultor Francisco Halisson Ferreira. Ele tem uma doença autoimune chamada colangite esclerosante primária, que causou uma cirrose hepática e fez o fígado parar de funcionar corretamente. Por causa da gravidade do caso, Hallison foi colocado como prioridade para receber o órgão.
Após um mês de espera, ele recebeu a notícia de que um fígado compatível estava disponível.
“Era 1 hora da manhã quando me ligaram. Aí disseram para eu ir ao hospital às 4 horas. Eu vim logo cedo, ansioso”, relata Alisson.
Com duas filhas pequenas e a esposa, Halisson precisou se mudar para Fortaleza para ficar mais próximo do hospital. Durante a cirurgia, que durou mais de cinco horas, o fígado saudável, que viajou mais de 500 km de outro estado, foi transplantado. Veja no vídeo acima.
Dois dias após o procedimento, Halisson já apresentava sinais de recuperação. “Está sendo dolorido, mas graças a Deus estou bem e me recuperando”, afirmou ele.
Quase 1.200 pacientes receberam um fígado no Brasil no primeiro semestre de 2024
Reprodução/TV Globo
‘Luta mais longa da minha vida’
‘Sou muito grato à família’, diz paciente que recebeu transplante de rim
Steiner Benvenutti, um ex-campeão de Muay Thai, foi diagnosticado com insuficiência renal crônica em janeiro deste ano. Após meses de espera, ele recebeu a tão esperada ligação: um rim compatível estava disponível em Juiz de Fora, Minas Gerais.
“Para mim, foi um nocaute. Sempre fui muito ativo, e essa foi a luta mais longa da minha vida”, conta Steiner.
Quatorze horas depois da ligação, ele estava na mesa de cirurgia, pronto para receber o novo rim.
“É uma mistura de sentimentos. Não sei quem foi o doador, mas sou muito grato à família dele ou dela”, conclui emocionado.
Paciente passar por transplante de rim em Juiz de Fora (MG)
Reprodução/TV Globo
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