9 de outubro de 2024

Brasileira extraditada da Espanha diz em depoimento que tentou se defender ao esfaquear estudante de medicina: ‘Não tive outra opção’

Aline Fernanda de Siqueira Maschietto, de 38 anos, foi extraditada em junho e ficou presa desde então por crime cometido em Ribeirão Preto; nesta terça-feira (8), ela obteve habeas corpus para ser solta. Vítima teve lesões graves, correu risco de vida, e ficou deformidade estética permanente, segundo perícia. Justiça manda soltar mulher acusada de tentar matar estudante de medicina em Ribeirão
A brasileira Aline Fernanda de Siqueira Maschietto, de 38 anos, prestou depoimento à Justiça, nesta terça-feira (8), sobre o processo em que é acusada de tentativa de homicídio contra um estudante de medicina. O caso aconteceu em março de 2022, em Ribeirão Preto (SP).
Também na terça (8), ela foi solta durante a audiência de instrução, após a defesa entrar com um pedido de habeas corpus. A Justiça ainda não decidiu se Aline vai a julgamento.
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A EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso a trechos do depoimento da acusada, em ela conta o que aconteceu no dia em que se encontrou com o homem, que conheceu em aplicativo de relacionamento em Ribeirão Preto (veja o vídeo acima).
Segundo Aline, o estudante a atacou antes, e ela precisou se defender (leia mais abaixo sobre o crime).
“Ele pegou uma faca e, na hora que ele veio pra cima de mim, eu já pensei que ele iria me matar. Ele me desferiu duas facas na perna e eu alcancei outra faca, que era uma faca de pão, e eu tive de me defender, não tive outra opção”.
De acordo com a perícia, as lesões corporais sofridas pelo estudante foram de natureza grave, oferecendo risco de vida a ele, bem como lhe causaram deformidade estética permanente.
Aline Fernanda de Siqueira Maschietto é investigada em Ribeirão Preto, SP, por tentativa de homicídio. Ela chegou a denunciar estupro na Espanha, mas retirou queixa.
Reprodução
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Aline conheceu o estudante em 2021, por meio de um aplicativo de relacionamentos, e os dois chegaram a se encontrar no mesmo ano. Em seguida, ela viajou para o México, onde morou por quatro meses.
Os dois mantiveram contato por meio de troca de mensagens e, em março de 2022, no retorno dela ao Brasil, o casal se encontrou no flat dela, na Avenida Presidente Kennedy, zona Leste de Ribeirão Preto. Eles passaram a noite juntos.
Na tarde do dia seguinte, ainda no apartamento, o estudante convidou uma garota de programa para se juntar ao casal. A mulher foi até local e ficou cerca de 15 minutos.
Mulher que denunciou abuso na Espanha é acusada de tentativa de homicídio em hotel de Ribeirão Preto
Reprodução/ Google Street View
Ainda de acordo com a denúncia da Promotoria, depois que a garota de programa deixou o flat, Aline começou a brigar com o homem, motivada por ciúmes. Ela o agrediu fisicamente com chutes e socos e tentou golpeá-lo com facas de cozinha.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) atestou, à época, que o homem sofreu cortes nos braços. A denúncia mostrou que ele conseguiu escapar, correu para pegar as chaves do carro, o celular, e tentar deixar o apartamento, mas foi impedido.
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Neste momento, de acordo com a promotoria de Justiça, Aline esfaqueou o rapaz nas costas e nos ombros.
Um funcionário do flat testemunhou à Polícia Civil que ouviu gritos vindos do apartamento e que outros hóspedes começaram a reclamar do barulho. Ao chegar ao imóvel, ele disse que iria arrombar a porta e ouviu o estudante dizer: ‘arromba, porque ela vai me matar’.
A testemunha contou à polícia que, ao arrombar a porta, encontrou o homem segurando Aline pelos braços, na tentativa de se defender. O funcionário também relatou que havia duas facas com sangue jogadas no chão. A segurança do prédio foi chamada e o casal foi separado.
A Polícia Militar e os bombeiros também foram chamados, mas Aline dispensou atendimento médico.
O estudante foi levado a um hospital, onde passou por cirurgia e permaneceu dez dias internado, sendo cinco deles na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Segundo a denúncia, por causa de uma infecção, o homem precisou voltar à UTI por mais quatro dias.
Liberdade provisória
Aline estava presa desde junho deste ano, quando desembarcou no Brasil após ser extraditada da Espanha. Ela precisa cumprir as seguintes medidas cautelares:
Comparecer em Juízo a cada dois meses
Entregar quaisquer documentos que se relacionem a viagem ao exterior em até dez dias
O passaporte dela foi recolhido pela Polícia Federal e ela está impedida de deixar o país.
Prisão contestada desde o início
A defesa de Aline sempre contestou a prisão dela. Ao g1, a advogada da acusada, Tamara Maria Castro, disse, à época que a medida, determinada pela 1ª Vara do Júri de Ribeirão Preto, teria se baseado no fato de que a acusada estava foragida, o que, segundo a defesa, não era verdade.
“Toda essa situação foi gerada por falha na investigação policial e judicial. Aline deixou todos seus contatos quando em delegacia, mas não se atentaram que seu número de telefone possuía DDI [discagem direta internacional], bem como, foi anotado suprimindo-se o último dígito. Dessa forma, não teria como haver sucesso no contato por meio telefônico”.
Ainda segundo a advogada, antes da prisão, houve apenas uma tentativa de citação pessoal por oficial de justiça.
Em julho de 2022, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP/SP), o inquérito da Polícia Civil que investigava tentativa de homicídio foi concluído e apresentado à Justiça.
Na ação, Aline passou a ser acusada pelo crime por motivo torpe e meio que dificultou a defesa da vítima.
Ela foi citada a apresentar as alegações, mas não teria se posicionado no âmbito do processo. Em outubro de 2022, foi alvo de um mandado de prisão preventiva com validade até 2042 e era considerada procurada, segundo informações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
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Em novembro de 2023, Aline esteve no centro das atenções da imprensa internacional quando denunciou um advogado, filho do presidente do Tribunal Constitucional da Espanha, por estupro.
Dias depois, ela voltou atrás nas acusações e retirou a queixa, de acordo com informações do Jornal El País, mas a Justiça brasileira pediu a inclusão do nome de Aline na Interpol por conta de um mandado de prisão em aberto, referente à tentativa de homicídio contra o estudante de medicina.
Ela chegou a ser presa na Espanha e, posteriormente, extraditada para o Brasil e encaminhada à Penitenciária Feminina de Sant’Ana, em São Paulo (SP).
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