10 de outubro de 2024

Homem morto após deslizamento de terra no AM estava no local buscando mantimentos para a seca, diz família

Franklins Pinheiro de Souza, de 36 anos, morava em um município próximo e foi até Manacapuru em uma pequena embarcação para buscar mercadorias, quando acidente aconteceu, na última segunda-feira (7). Corpo de Franklins Pinheiro de Souza, de 37 anos, que estava desaparecido após um deslizamento de terra no porto
Reprodução
O padeiro Franklins Pinheiro de Souza, de 36 anos, encontrado morto nesta quarta-feira (9), após o deslizamento de terra no porto da Terra Preta, em Manacapuru, no interior do Amazonas, foi até o local buscar mantimentos para o período da seca, quando o acidente aconteceu. A informação foi confirmada ao g1 por familiares da vítima.
O deslizamento de terra ocorreu na tarde de segunda-feira (7), abrindo uma grande cratera no porto, que recebe um grande fluxo de pessoas diariamente. Uma criança de seis anos também desapareceu no acidente e segue sendo procurada. Outras 10 pessoas ficaram feridas na tragédia.
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Segundo a sobrinha de Franklins, Eduarda de Souza Portela, o homem morava no município de Caapiranga e saiu do local em uma pequena embarcação com destino a Manacapuru. No caminho, ele parou em uma comunidade para buscar outras pessoas que iam para a cidade em busca de mantimentos para o período da seca histórica, que já afeta quase 770 mil pessoas no estado.
“Nesse momento, ele veio trazer um pessoal de Capiranga pra cá. Ele saiu de lá no dia do acontecimento e saiu, pegou os passageiros, e chegou em Manacapuru. Quando ele deixou os passageiros, ele foi aguardar as encomendas, as mercadorias que ele ia receber para levar, retornar para Capiranga, quando o deslizamento aconteceu”, contou a sobrinha.
Eduarda contou ainda que Franklins havia avisado que ia até Manacapuru apenas para a avó dela, que informou aos outros familiares após o ocorrido. A apreensão da família aumentou ao saber que havia pessoas desaparecidas após o desabamento do porto.
“A gente tinha a esperança de que a gente poderia encontrá-lo com vida, mas tudo levava a dizer que não tinha mais. A gente só teve confirmação que ele estava lá no momento em que o rapaz que foi deixar a encomenda não conseguiu falar com ele quando foi entregar. Então, nesse momento, a gente teve certeza de que ele estava lá quando aconteceu”, disse.
Ela lembrou ainda que o tio já havia feito algo parecido em 2023, durante o mesmo período de seca severa nos rios do Amazonas.
“A seca está demais. Ele já tinha feito essa aventura no passado, e esse ano veio de novo, só que ele veio em bote pequeno, foi mais rápido. E o ruim foi que a gente não sabia, entendeu? Quando ele vem assim, faz viagem, quase não avisa”, lembrou.
Após ter sido encontrado, o corpo de Franklins foi levado para o cemitério de Manacapuru, onde deve aguardar remoção pelo Instituto Médico Legal (IML) à capital amazonenses para a realização dos procedimentos cabíveis devido à falta de uma unidade do IML no município. A família também pede explicações sobre o acidente.
“O sentimento é de gratidão a Deus, porque ele nos concedeu a graça de ter pelo menos o corpo, pra gente ter errado o nosso familiar. Então, nesse momento só agradecemos a Deus, e queremos providências pra saber o motivo de todo esse acidente. Então nós, como familiares, estamos gratos por encontrar nosso ente e pedindo a Deus pra que encontre também as outras pessoas que estão ainda desaparecidas”, lamentou Eduarda.
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Deslizamento
Um deslizamento de terra abriu uma cratera na orla de Manacapuru, na Região Metropolitana de Manaus, e engoliu parte do Porto da Terra Preta, na tarde da segunda-feira, 7 de outubro.
À Rede Amazônica, o coordenador do Laboratório de Análise do Solo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Fábio Sabbá, afirmou que o local, onde funcionava o porto e abriu uma cratera, não é adequado para receber uma estrutura daquele tipo.
“Terra preta de indígenas é um solo de origem antrópica. Não é adequado para construção desse tipo, como um porto, mas é excelente para plantio. É como se você fosse fazer um aterro para sua casa, rodovia, e usasse materiais que vão ser degradados, decompostos ao longo do tempo. Com o tempo, ele vai se decompondo e criando vazios lá dentro”, explicou.
Deslizamento de terra atinge Porto da Terra Preta em Manacapuru
Arte g1
O caso está sendo investigado pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM), que iniciou a coleta de provas e orientou a implementação de medidas urgentes para garantir assistência a todas as vítimas.
Segundo a Prefeitura de Manacapuru, a tragédia não foi mais grave porque a cidade estava em ponto facultativo após as eleições municipais, realizadas no domingo (6), resultando em menor movimentação no porto em comparação a dias normais.
O DNIT, responsável pela fiscalização da estação hidroviária próxima ao acidente, sinalizou a área, alertando pra que as pessoas mantenham distância.
Uma equipe de técnicos também saiu de Brasília a caminho do município pra fazer uma análise geológica do terreno e também analisar o impacto na estrutura do porto. A Marinha informou ainda que vai instaurar um inquérito pra apurar o acidente.
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