10 de outubro de 2024

Lago do Bosque da Barra da Tijuca seca por completo; biólogos denunciam danos ambientais após obra da Iguá

Obras para ampliar estação de tratamento de esgoto começaram no ano passado. Prefeitura do Rio determina paralisação de obra que pode ter provocado a seca de lago da Barra
Um lago dentro do Bosque da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, em uma área de reserva ambiental, está praticamente seco. A prefeitura paralisou as obras de ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto da Barra, um projeto da concessionária Iguá.
Segundo a prefeitura, a origem do problema pode estar relacionada à obra. No local, o cenário é de seca. As garças buscam alimento no que resta do chão molhado, enquanto jacarés rastejam na lama.
Como a área é de reserva ambiental, há muitas espécies no local, até mesmo ameaças de extinção. O bosque tem extensão equivalente a 50 campos de futebol.
O biólogo Luiz Roberto Zamith, pesquisador da UFF e membro do conselho consultivo do Bosque da Barra, diz que a situação coloca as espécies de plantas e animais em risco. Algumas estão em risco de extinção e só existem no estado do Rio.
O conselho consultivo denuncia que a obra paralisada pela prefeitura fica ao lado do parque. A Iguá é responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto da Barra e de outros 18 bairros.
O objetivo da obra era ampliar em 50% a capacidade de funcionamento da estação.
Os trabalhos começaram no ano passado. Uma vistoria da Secretaria Municipal do Ambiente e Clima da prefeitura do Rio constatou, em julho, o rebaixamento do lençol freático para possibilitar a obra. A pasta pediu que a Iguá paralisasse a obra por dano ambiental.
A concessionária disse que cumpriu a determinação e fez adequações no projeto para garantir que a água retirada do lençol freático fosse devolviva ao lago, de acordo com as regras ambientais.
Mas, a situação não mudou e o lago segue seco. Biólogos avaliam os danos para definir medidas para diminuir os prejuízos ao meio ambiente e estabelecer critérios para que a concessionária receba uma nova licença e possa continuar o serviço.
O representante da Iguá afirma que a empresa está seguindo, mais uma vez, a recomendação e busca medidas para retomar a obra.
A concessionária admite que só passou a monitorar o lençol freático depois da primeira notificação da Secretaria do Meio Ambiente.
Em nota, o Inea disse que a concessionária não informou que havia necessidade de rebaixamento do lençol freático e que caso haja identificação de danos, vai definir punições e exigir a recuperação ambiental da área.
A TV Globo procurou novamente a Iguá depois que o Inea disse que não tinha sido informado do rebaixamento do lençol freático. A concessionária disse apenas que enviou todos os documentos necessários para avaliação e o enquadramento da obra.

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