10 de outubro de 2024

‘Robô Selvagem’ cativa com bela animação e personagens carismáticos; g1 já viu

Longa é comandado por diretor de ‘Como Treinar o Seu Dragão’ e ‘Lilo & Stitch’. Versão dublada conta com as vozes de Rodrigo Lombardi e Gabriel Leone Volta e meia, seres cibernéticos são escolhidos para serem os protagonistas de longas de animação. Sem pensar muito, dá para lembrar de filmes como “Robôs” (2005), “Wall-e” (2008) ou os recentes “Meu Amigo Robô” (2023, indicado ao Oscar) e “Transformers: O Início” (2024).
Mas “Robô Selvagem”, que chega às telas brasileiras nesta quinta-feira (10), se destaca em relação aos outros por ter uma história bem mais emocionante, capaz de tocar espectadores de diferentes idades, e um trabalho de animação belíssimo, que torna o espetáculo ainda mais memorável.
A trama se passa numa ilha desabitada por humanos, onde acidentalmente vai parar uma unidade ROZZUM 7134, mais conhecida como “Roz” (dublada originalmente por Lupita Nyong’o, e por Elina de Souza na versão em português). Programada para servir seus “mestres”, Roz precisa aprender a lidar com o ambiente hostil e, à medida que vai entendendo como se relacionar com os animais do local, passa a desenvolver um comportamento menos artificial e mais amistoso com os bichos.
Assista ao trailer do filme “Robô Selvagem”
Mas as coisas mudam realmente quando, após um incidente, Roz tem que cuidar de um filhote de ganso órfão, apelidado por ela de Bico-Vivo. O convívio entre os dois cria uma relação maternal e, à conforme Bico-Vivo cresce (e ganha a voz de Kit Connor, de “Heartstopper” na versão original, e de Gabriel Leone em português), Roz passa a ter sensações que não fazem parte de sua programação, o que gera nela grandes conflitos internos.
Inteligência natural
“Robô Selvagem” conquista o público logo nos primeiros minutos graças a uma animação impecável. Ao tentar se entender com os bichos da ilha, a protagonista cibernética passa a viver situações divertidas e inusitadas. É impossível não rir com as reações dos animais às tentativas frustradas de Roz.
O mais interessante, porém, é como o filme mostra a evolução da personagem. Inicialmente, ela não compreende bem o ambiente, mas, depois, fica completamente adaptada ao novo meio.
Roz passa a contar com a ajuda de um raposo chamado Astuto (Pedro Pascal/Rodrigo Lombardi), o que gera diálogos e cenas bastante cômicas. A interação entre os dois é muito boa e acontece de uma maneira fluida, o que resulta num humor genuíno.
Roz vive uma relação de mãe e filho com o ganso Bico-Vivo na animação ‘Robô Selvagem’
Divulgação
Mas o que realmente cativa o espectador é a relação entre Roz e seu “filho adotivo” Bico-Vivo. Primeiro, a robô se preocupa apenas em fazer o ganso cumprir tarefas que ela estabelece para seu bem-estar. Só que, aos poucos, graças ao convívio entre os dois, o relacionamento se altera e fica bem mais terno. Fica muito difícil o público não criar uma simpatia e afeto por eles, além de torcer para que tudo dê certo no final.
O mérito disso está no ótimo trabalho de Chris Sanders, responsável por “Como treinar o seu dragão” e “Lilo e Stitch”, animações que também fizeram sucesso ao mostrar a evolução no relacionamento afetivo e fraternal entre os protagonistas.
Também autor do roteiro, que adapta o livro de Peter Brown, Sanders sabe como criar sequências emotivas que não sejam piegas ou fora do tom. Assim, o tratamento dado para as cenas entre Roz e Bico-Vivo cumpre o objetivo de comover e encantar o público.
Pinturas em movimento
O outro aspecto notável de “Robô Selvagem” está na qualidade técnica da animação. A equipe de Sanders usa recursos de “Gato de Botas 2: O último pedido” (também da Dreamworks), e os aprimora, criando um verdadeiro show de imagens.
‘Robô Selvagem’ é uma animação da Dreamworks com belas imagens
Divulgação
As cenas geradas por computação gráfica ganham um estilo diferenciado, como se fossem feitas com tintas de uma aquarela. Ao mesmo tempo, elas mantêm o detalhamento que só é visto em animações atuais. Essa mistura de estilos gera um resultado belíssimo e de encher os olhos de quem assiste ao filme.
O design dos personagens também é bastante inspirado, em especial a construção de Roz e de outros androides que aparecem na trama, além dos animais da ilha, o que ajuda a deixar o público ainda mais encantado.
A versão dublada do filme também merece destaque. Elina de Souza se sai muito bem nas mudanças de humor da Roz, especialmente quando ela expressa aflição pelo que pode acontecer com o filhote da personagem. Rodrigo Lombardi parece estar se especializando em raposos, já que dublou o malandro Nick em “Zootopia” e, assim como na produção da Disney, dá um tom acertadamente cômico para Astuto.
Roz (Lupita Nyong’o/Elina de Souza) conta com a ajuda de Astuto (Pedro Pascal/Rodrigo Lombardi) em ‘Robô Selvagem’
Divulgação
Quem surpreende mesmo é Gabriel Leone ao dublar Bico-Vivo. O ator adota um tom na voz que a deixa quase irreconhecível até mesmo para quem acompanha o seu trabalho há algum tempo. Com isso, ele também é bem-sucedido no desenvolvimento do personagem (cuja versão criança é dublada pelo ator Vicente Alvite). Isso também ajuda a tornar a relação entre os dois ainda mais cativante.
“Robô Selvagem” tem grandes chances de se tornar a melhor animação de 2024, feito que parecia estar nas mãos de “Divertida Mente 2”. Com uma história muito bem contada, personagens muito carismáticos, uma bela mensagem e um visual estonteante, o longa tem tudo para conquistar o grande público e ser lembrado por muito tempo para quem assistir, já que toca em questões que humanos vão se identificar bastante. Até mesmo aqueles que são frios como máquinas podem encontrar seus corações ao assistirem ao filme.
Cartela resenha crítica g1
g1

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