10 de outubro de 2024

Enfrentando seca extrema, moradores de cidade isolada no Acre chegam a pagar até R$ 250 por botijão de gás

Jordão não possui ligação terrestre com outros municípios e redução do nível do Rio Tarauacá e dificuldade na navegação prejudica transporte de mercadorias. Com seca histórica, botijão de gás chega a custar até R$ 250 no interior do Acre
Rede Amazônica
A seca extrema no Acre, tem deixado as distribuidoras de gás do município do Jordão, cidade isolada por via terrestre no estado, sem o produto, o que faz com que os moradores da comunidade cheguem a pagar até R$ 250 por cada botijão de 13kg.
O Rio Tarauacá, principal rota de acesso até a cidade, continua com o nível muito baixo, dificultando a navegação e prejudicando o transporte de mercadorias.
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Jordão, tem pouco mais de 9 mil habitantes e está distante cerca de 460 km da capital Rio Branco. Com a seca deste ano, a cidade viu aumentar ainda mais o isolamento, além de embarcações, só é possível chegar a localidade em aviões de pequeno porte.
O transporte dos botijões de gás pelo rio, que normalmente leva cinco dias, agora está demorando até 12. O valor de um botijão de mais de 12 quilos subiu de R$ 160 para R$ 250.
Gerente de uma distribuidora de gás na cidade, Ezequias Rodrigues, disse que o local está com cerca de 800 botijões vazios e parou de funcionar.
“Nós estamos parados, devido também a alguns dos nossos transportadores que preferem não trazer nesse período, que é um grande sofrimento, uma despesa muito grande para chegar aqui. Inclusive o aumento do preço do frete, que a gente puxava R$ 1,00 e hoje estão puxando a R$ 3,00 o quilo para chegar até aqui”.
Andréia Nascimento é atendente comercial explica que as vezes é necessário se submeter aos valores exorbitantes. “A maioria das vezes a gente paga por conta do trabalho, também tem a criança que chega da escola com fome”, afirma ela.
O Rio Tarauacá atingiu a menor marca da história em agosto, 64 cm. A prefeitura de Jordão decretou situação de calamidade pública até o dia 19 de novembro.
A seca severa também afeta a capital acreana. O nível do Rio Acre em Rio Branco está há mais de 100 dias abaixo dos 2 metros. Segundo a Defesa Civil do Estado, essa é a primeira vez em mais de meio século de medição que o nível fica tão baixo durante tanto tempo.
Com seca histórica, botijão de gás chega a custar até R$ 250 no interior do Acre
Marechal Thaumaturgo
Já no Rio Juruá, a seca fez também fez com que os moradores de outra cidade isolada, Marechal Thaumaturgo, distante 558 km de Rio Branco, sofressem com a falta de produtos alimentícios e racionamento de gasolina. Com isso, o combustível chegou a custar R$ 10,50 no município em agosto.
A prefeitura da cidade afirmou que a seca no manancial estava dificultando a chegada de barcos que transportam os produtos. De acordo com a prefeitura, produtos de gênero alimentício, principalmente verduras, estavam em falta no local.
Seca
O governo do Acre decretou emergência por conta da seca em 11 de junho, com validade até 31 de dezembro deste ano. Já a capital publicou o decreto em 28 de junho, com situação reconhecida pelo governo federal quase um mês depois, em 24 de julho.
Agora, em um cenário de seca que começou antes do esperado, no final de maio, a avaliação do órgão era de que seria possível ultrapassar a marca histórica de 2022, o que acabou se comprovado no dia 21 de setembro.
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