Demências: envelhecimento da população gera maior alerta para a doença
Dados do Censo 2022 apontam para queda da população a partir de 2042; casos de demência podem triplicar até 2050 Imagem ilustrativa
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A população brasileira está envelhecendo a passos rápidos: de 2000 a 2023, a proporção de idosos, pessoas com 60 anos ou mais, quase duplicou, subindo de 8,7% para 15,6%. Os dados servem de alerta também para o crescimento no número de casos de patologias que têm maior incidência nesta faixa etária, a exemplo das demências.
Divulgadas pelo IBGE no mês de setembro, os dados das Projeções de População 2024, com base nos dados do Censo de 2022, indicam uma queda da população antes do previsto. No último levantamento, que foi em 2018, a expectativa era de que a redução da população começaria por volta de 2048. Segundo os dados atuais, a população começará a encolher já em 2042.
Para a neuropsicóloga Suzana Lyra (CRP03/9748), os dados devem servir de alerta para uma mudança de comportamento da população, visando minimizar os riscos de patologias que possuem maior incidência nas pessoas acima de 60 anos, a exemplo das demências. No Brasil, ao menos 1,76 milhão de pessoas vivem com alguma demência, e a estimativa é que os números podem triplicar até 2050.
“Diante do ritmo de envelhecimento da população, é preciso criar mecanismos de estímulo à saúde preventiva, com a busca por diagnósticos precisos o mais cedo possível”, afirmou.
Dentre os principais tipos de demências estão a Demência de Alzheimer, a Demência Vascular, a Demência com Corpos de Lewy, a Demência Frontotemporal, e a Demência por Parkinson. Os sintomas podem variar de acordo com cada caso, principalmente no início da doença.
Os sintomas mais comuns são: perda de memória gradual e progressiva, confusão mental, dificuldade para resolver problemas, comportamento agitado ou alucinações, perda de interesse e incapacidade de realizar atividades habituais, problemas para usar a linguagem, desorientação, mudanças na personalidade, comportamento perturbador ou inapropriado.
Apesar de irreversíveis, quando diagnosticados precocemente, os casos de demências podem ser tratados, garantindo melhor qualidade de vida aos pacientes. Segundo a especialista, que também é Diretora e Responsável Técnica do Instituto Baiano de Neurodesenvolvimento Suzana Lyra (IBN), a demência ocorre principalmente em pessoas com mais de 65 anos, mas já é possível identificar certos declínios (lapsos amnésicos) em pessoas a partir dos 59 anos.
“Isso não quer dizer que seja traço demencial, porém é importante manter acompanhamento médico, psicoterápico e atividade física e social para que problemas emocionais não interfiram na cognição e venham ‘assombrar’ com o estigma de demência. Fazendo o acompanhamento médico regular, o profissional poderá sinalizar se alguma coisa estiver fora do escopo da clínica do seu paciente, iniciando preditivamente o tratamento adequado”, pontuou.
Neuropsicóloga Suzana Lyra fala sobre esquecimentos e demências
Renato Santana Santos
Suzana Lyra explica que alguns fatores que causam doenças cardiovasculares, bem como os fatores genéticos, podem estar associados ao surgimento das demências, mas o estilo de vida, sobretudo na fase adulta, não pode ser desconsiderado.
“O uso de tabaco, ingestão de bebidas alcoólicas e o sedentarismo também podem estar relacionados com um maior risco de desenvolvimento de demências”.
Estímulos cognitivos
Uma vez diagnosticada, a demência pode ser tratada através de fármacos e terapias, como a estimulação cognitiva, “um de muitos recursos que se tem atualmente e pode ajudar a melhorar não só a cognição do paciente, mas a qualidade de vida, pois pode trazer outros benefícios, como o aumento da autoestima e da confiança, a melhora do humor, a maior socialização e a obtenção de novas perspectivas”, acrescentou.
Em Salvador, o protocolo de tratamento do Instituto Baiano de Neurodesenvolvimento Suzana Lyra (IBN), inclui o Clube Sênior, com atividades personalizadas e em grupo, que ocorrem dentro e fora do consultório.
“A proposta do Clube Sênior é estimular a pessoa idosa com atividades cognitivas, lúdicas, de linguagem, física, trabalhando sempre com base na socialização e motivação. Levamos o grupo de idosos a cinemas, passeios culturais, tour pelos pontos turísticos de Salvador, museus, parques, onde serão desenvolvidas atividades fisioterápicas, arteterapia, oficinas de cantos e contos, expressão corporal e muito mais atividades, sempre voltada para a saúde emocional e física do paciente”.
Sobre o IBN
Localizado na Av. Juracy Magalhães Júnior, 2490 – sala 303, Rio Vermelho, Salvador, o IBN é um espaço que agrega serviço multiprofissional, com assistência humanizada e de excelência, pautado na qualidade de vida de pacientes com transtornos relacionados à saúde mental.
Responsável Técnica: Dra Suzana Lyra (CRP03/9748), Neuropsicóloga.