12 de outubro de 2024

Brasileiros se preparam para passagem de Milton na Flórida: ‘é meu segundo furacão’

Furacão Milton teve aumento ‘explosivo’ e pode ser um dos piores da Flórida nos últimos 100 anos. Família brasileira é um dos 3 milhões de consumidores sem energia elétrica. Roraimenses se preparam para passagem de Milton na Flórida
Uma família de roraimenses que vive na Flórida, nos Estados Unidos, se preparou para a passagem do furacão Milton na cidade de Fort Myers, na costa Oeste do estado norte-americano, que pode ser o “pior furacão do século”. Eles estocaram comida e água, instalaram painéis de aço nas janelas e tem geradores de energia. O fenômeno tocou o solo nesta quarta-feira (9), mas ainda não chegou na cidade.
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Os irmãos Heori Peixoto, de 26 anos, entregador de delivery, e a dona de casa Ozerainy Schulz, de 35 anos, moram na cidade que fica distante 157 km da Baía de Tampa, área que deve ser a mais atingida. Por recomendação das autoridades, eles não saíram de casa (entenda mais abaixo). A dona de casa mora há 4 anos na Flórida e já passou por furacões outras vezes.
“Esse é meu segundo furacão […] Nessa proporção é a primeira vez, mas há dois anos atrás já teve um furacão que acabou com nossa cidade, toda a costa, todas as casas. Então, o pessoal ainda está se reerguendo do último que teve”, disse Ozerainy.
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Ela relembra que no último furacão, ela, o marido e os três filhos pequenos, ficaram sem água e sem energia por 11 dias, mas agora considera estar mais prepara para passar pelo fenômeno, apesar da preocupação.
“A gente [comunidade brasileira] aqui é bem unido e a gente só estamos esperando agora ansiosamente para que tudo fique bem com todos”, disse.
Irmãos estão na cidade de Fort Myers, na Flórida
Rede Amazônica/Reprodução
A região em que a família está é dividia em zonas A, B e C. A primeira é a mais perigosa e onde a água sobe, pois está próxima da praia. Já na zona B, a agua sobe até dois metros. Nas duas zonas, foi exigido que os moradores deixassem o local porque há riscos de morte.
Onde os irmãos vivem com a família, é a zona C, que está acima do nível do mar, por isso, eles ainda não saíram de casa e seguem acompanhando os alertas. Em toda a Flórida, mais de 3 milhões de consumidores estão sem energia, incluindo a família roraimense.
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‘Medo e aflição’
Já o irmão chegou recentemente nos EUA, há cinco meses. Para ele, a sensação é de “medo e aflição”, mas todos os oito integrantes da família seguem as recomendações do governo. Entre elas, o lockdown emitido pela Polícia Militar dos EUA.
“Basicamente, a gente já protegeu todas as janelas da casa […] com uma proteção de alumínio. A gente tem estoque de água, tanto para beber como estoque de água para tomar banho, fazer comida, compramos todos os mantimentos, kits de primeiro socorro, colete salva-vidas”, disse o jovem.
Eles começaram a fazer o estoque quando o furacão ainda era considerado tempestade — nesse fim de semana. A família afirma ainda que estão preparados para evacuação e qualquer outra medida orientada pelas autoridade, já que o furacão é instável. Eles prepararam mochilas com itens necessários, caso precisem deixar a casa.
Milton cresceu em uma velocidade recorde para esta época do ano. Se formou no fim de semana como uma tormenta tropical, começou a segunda-feira (7) como um furacão de categoria 2 e, em pouco mais de quatro horas, pulou três categorias, até alcançar a 5, a máxima na escala de intensidade de furacões, assustando especialistas (leia mais abaixo).
Nesta quinta-feira (10), autoridades da Flórida anunciaram que quatro pessoas morreram por conta da passagem do furacão. Ele foi rebaixado à categoria 1 nesta manhã, mas o furacão ainda é considerado forte e pode ficar maior ao se aproximar da costa norte-americana.
“Caso fique pior a gente vai sair direitinho, nada de mal vai acontecer e agradecer todo mundo que manda mensagem positiva, falando que está orando aqui pela gente pela Flórida, porque não é só a gente aqui também tem muito muito mais brasileiros aqui também, fora os americanos também”, agradeceu o entregador.
Brasileiros se preparam para a passagem de furacão na Flórida
Arquivo pessoal
Furacão explosivo
Piscina em Fort Myers, na Flórida, some com a proximidade do furacão Milton
Reuters
O presidente Joe Biden afirmou que “Milton” deve ser o pior furacão a atingir a Flórida em mais de 100 anos. Outras autoridades norte-americanas alertaram para o potencial destrutivo do fenômeno.
Quando tocou o solo, por volta das 21h30 de quarta-feira, Milton tinha ventos de até 205 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês). Às 23h50, as rajadas estavam na casa de 165 km/h. Por volta das 2h, os ventos estavam em 145 km/h e o furacão havia sido rebaixado para a categoria 1. Houve quatro mortes, segundo autoridades locais.
As quatro mortes ocorreram no condado de Saint Lucie, que fica na costa leste — por onde o furacão saiu da Flórida nesta quinta. Antes da chegada do Milton, no entanto, a região foi uma das atingidas por tornados.
Mais cedo, o delegado do mesmo condado havia dito que a passagem de um tornado — como efeito do furacão — deixou “vários mortos”. Ainda não há informação sobre a identidade das vítimas.
Veja um resumo do que se sabe:
Atualmente, a costa oeste da Flórida está em fase de recuperação por causa da passagem do furacão Helene, no fim de setembro. A tempestade provocou dezenas de mortes e deixou estragos.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, pediu à população que se prepare para um impacto significativo com a passagem do furacão Milton.
O presidente Joe Biden adiou uma viagem internacional para acompanhar o furacão e adotar todas as medidas necessárias.
A prefeita de Tampa, Jane Castor, alertou para risco de morte devido ao fenômeno, principalmente em áreas mais vulneráveis.
Aeroportos em Tampa e Orlando interromperam voos. Grandes parques temáticos fecharam, como os da Disney e da Universal.
Cientistas estão surpresos com a temporada de furacões no Atlântico e a classificaram como “a mais estranha” já vista. Cinco fenômenos do tipo se formaram entre setembro e outubro.
No caso de “Milton”, o fenômeno passou de tempestade tropical a um furacão de categoria 5 em apenas 46 horas. O aumento na intensidade é um dos mais rápidos já registrados.
No México, o furacão provocou estragos pequenos. Não há mortos ou feridos.
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