11 de outubro de 2024

Professora em MG conta luta contra leucemia mieloide aguda: ‘Não posso ignorar a morte, então presto mais atenção na vida’

Ketllen Damasceno Sestak mora em Uberlândia, tem 43 anos, 3 filhos, é casada, mãe de pet e há quase um ano luta contra a doença. Nas redes sociais, ela busca conscientizar sobre a leucemia mieloide aguda e incentiva a doação de medula óssea. Ketllen e a família
Reprodução/Arquivo Pessoal
“Meu pai chegou na porta da minha casa, ele tinha um papel nas mãos e a única coisa que ele me disse era que tínhamos pouco tempo”.
O papel nas mãos do pai de Ketllen Damasceno Sestak era de um hemograma que ela tinha feito dois dias antes, que apontava o diagnóstico de leucemia mieloide aguda.
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A doença, que é um tipo de câncer que afeta o sangue e a medula óssea, onde as células sanguíneas são produzidas, ocorre quando a medula óssea começa a produzir células mieloides anormais que se proliferam rapidamente, impedindo a formação de células sanguíneas saudáveis. Isso resulta em sintomas como fadiga, infecções frequentes, sangramentos fáceis e anemia.
Hoje, para o tratamento milionário, Ketllen conta com uma rifa criada por amigas que se tornou uma das esperanças de possibilidade de cura.
A história da mãe de três filhos que se dividia entre os cuidados da casa e as aulas de inglês que lecionava, começou de forma silenciosa e indolor.
“Eu estava fazendo a unha em uma manicure. Enquanto a gente conversava ela estranhou uma marca roxa na minha perna e me perguntou o que tinha acontecido. Como eu tenho um cachorro da raça labrador e sou tão estabanada quanto uma mulher de 1,73 poderia ser, imaginei que era algo comum do dia a dia, mas ela insistiu que aquele roxo era diferente”.
Foi então que, de maneira despretensiosa, Ketllen procurou uma clínica para fazer o hemograma e se viu diante da doença que até então nunca teve contato pessoalmente.
“Depois do exame, eu segui a minha vida normal até que a clínica me ligou e disse que o exame precisaria ser revisado. A partir daí eu comecei a achar tudo muito esquisito, uma clínica nunca havia me ligado para falar algo assim. Lembro que naquela noite eu nem dormi”.
Após desligar o telefone, as ações de Ketllen se resumiram em enviar o exame para uma amiga médica e para o pai, que mesmo não sendo da área da saúde tem vários amigos do ramo. Horas depois, a campainha do pai na porta a surpreendeu e marcou o que seria o início de uma jornada contra a leucemia.
“Meu pai mora em Uberaba, ele gastou menos de uma hora para chegar aqui em Uberlândia. Quando eu vi que era ele tocando a campainha da minha casa percebi que algo errado estava acontecendo”.
O que aconteceu em seguida foi definido pelo médico que a atendeu naquele mesmo dia como “a pior notícia que ela iria ouvir na vida”.
“Eu nunca imaginei que eu tinha leucemia. Nunca conheci ninguém que tivesse a doença, era algo fora da minha realidade. O médico disse então que eu não deixaria o hospital nos próximos 30 dias”.
Nos dez dias que se passaram, a rotina de Ketllen se resumiu em fazer transplantes de sangue e se preparar para a quimioterapia que seria realizada para conter a doença. Com uma voz firme, a professora diz que mesmo não tendo sentido nada, ela sabe o quão avassaladora é a quimioterapia em casos de leucemia.
Ketllen durante tratamento
Reprodução/Arquivo Pessoal
“Mesmo em meio a tudo isso nada me doeu tanto quanto ver que a leucemia tirou meus filhos, minha casa, minha família e meu cachorro. Foi extremamente doloroso. Lembro de passar o Natal daquele ano longe de todos eles e saber que nada no mundo era tão importante quanto o dia a dia com a minha família”.
Tempos depois, com a doença controlada, Ketllen retornou para a família, mas sua história com a leucemia ainda se desdobraria em novos capítulos.
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O buraco que se abriu
Pofessora conta que a doença a fez valorizar cada dia
Reprodução/Arquivo Pessoal
“Neste ano, em setembro, eu estava conversando com o meu marido quando notei uma nova mancha em minha perna. Na mesma hora pensei em ir fazer um exame. No outro dia, quando meus filhos se preparavam para ir para a escola foi como se um buraco tivesse novamente sido aberto, a leucemia havia voltado”.
Durante sua conversa com o g1, Ketllen ressalta que hoje ela tem 18 mil plaquetas em seu corpo, número que está abaixo do valor mínimo de 150 mil. Ela também reafirma sua esperança e sua fé em encontrar o doador que seja 100% compatível e ressalta o motivo de estar presente nas redes sociais.
“Eu criei o Instagram para que outras pessoas conheçam a leucemia mieloide aguda e quem sabe possam encontrar doadores. Formar uma corrente do bem. Meu filho mais velho, de 15 anos, é 50% compatível comigo, mas por algum motivo criei anticorpos contra a medula dele e, por isso, ele não pode ser meu doador. Hoje, não existe no Brasil ou em qualquer parte do mundo alguém compatível comigo nos bancos de medula, mas sei que meu 100% compatível está próximo”, conta Ketllen.
O perfil @ketllendamascenosestak, que tem pouco mais de 600 seguidores, tem nos mais diversos comentários pessoas desejando que a professora finalmente seja curada e que não desista. Do mesmo modo, para ela, a palavra desistir nunca existiu e é o que a move durante o tratamento.
“Nada vai me fazer desistir, eu posso até ir embora, mas até a última gota de sangue eu irei lutar, meus filhos jamais me verão deitada em uma cama”.
E completa:
“Agradeço ao meu marido Eduardo, aos meus filhos, a minha família, aos meus amigos e a todos que formam a minha rede de apoio. Vocês são essenciais! A vida é terminal. Sou sortuda, pois recebi um aviso antecipado e tempo para agir. Não posso mais ignorar a morte, então presto mais atenção à vida ”.
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