11 de outubro de 2024

Veja o que é #FATO ou #FAKE na entrevista de Guilherme Boulos para O GLOBO, Valor, Extra e CBN

Candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL concorre contra Ricardo Nunes no segundo turno Guilherme Boulos no debate O GLOBO, Valor e CBN
Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo
O Globo, Extra Valor e CBN realizaram nesta quinta-feira uma entrevista com o candidato Guilherme Boulos (PSOL), da Coligação Amor Por São Paulo. O convite foi feito também para o candidato e atual prefeito Ricardo Nunes(MDB), da Coligação Caminho Seguro Pra São Paulo, para que fosse realizado um debate do segundo turno da eleição municipal, porém, Nunes faltou ao encontro e apenas o psolista confirmou presença.
A entrevista teve duração de uma hora, e Boulos respondeu às perguntas das colunistas Vera Magalhães, do GLOBO, e Maria Cristina Fernandes, do Valor, e também do âncora da CBN Milton Jung. Ao final, o candidato do PSOL teve a oportunidade de fazer duas perguntas para a “cadeira vazia” de Nunes.
A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações de Guilherme Boulos. Leia:
“A primeira pergunta que eu gostaria de fazer para o Ricardo Nunes, que fugiu desse debate aqui hoje, a cadeira aqui, é: por que ele colocou o cunhado do Marcola, líder da maior facção criminosa do país, como chefe de gabinete da Secretaria de Obras de Prefeitura cuidando dos recursos das obras de mais de R$ 6 bilhões sem licitação?”

#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: O chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras da atual gestão, Eduardo Olivatto, é ex-cunhado de Marcos Willians Herba Camacho — o Marcola — chefe da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo reportagem do UOL.
Olivatto é irmão de Ana Maria Olivatto, que foi casada até 2002 com Marcola, quando foi assassinada em Guarulhos. A reportagem do UOL observa que “não há indício de que a relação de sua irmã com o líder da organização criminosa tenha repercutido na trajetória de Olivatto, servidor de carreira da Prefeitura de São Paulo”.
No Brasil, há pelo menos 53 facções em atividade, segundo o Fonte Segura do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Desde 1993, ano de sua fundação, o PCC avançou para outros estados e países, se tornando a maior organização criminosa do país — como Boulos afirmou.
Em relação às obras emergenciais, um levantamento feito pela TV Globo com base em dados do Tribunal de Contas do Município revelou que, entre 2021 e 2023, a Prefeitura de São Paulo gastou R$ 5,5 bilhões em obras emergenciais — que são aquelas que dispensam licitação.
Em 2021, foram gastos R$ 335 milhões em obras sem licitação. Em 2022, o valor saltou para R$ 2,3 bilhões. Em 2023, foram R$ 2,9 bilhões. A soma dos três anos, portanto, é de R$ 5.589.676.297,50.
“A gente viu o crime organizado entrando nos contratos de ônibus da cidade de SP, e isso não sou eu que estou dizendo, é uma apuração do GAECO e MP SP, que prendeu donos de duas empresas que a prefeitura de Ricardo Nunes passou mais de R$ 1 bilhão”.
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#NÃOÉBEMASSIM. Veja por quê: Durante a entrevista, o candidato Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que duas empresas de ônibus de São Paulo, cujos dirigentes foram presos, receberam mais de R$ 1 bilhão da Prefeitura de São Paulo durante a gestão de Ricardo Nunes (MDB). No entanto, a Transwolff e a Upbus – acusadas de lavar dinheiro do PCC pelo Ministério Público de São Paulo, em abril – receberam R$ 829 milhões da prefeitura em 2023, 20,6% a menos do citado pelo candidato. A Transwolff recebeu R$ 748 milhões como remuneração pelo contrato de prestação de serviço. Já a Upbus arrecadou R$ 81 milhões. Procurada, a Prefeitura de São Paulo ainda não se manifestou.
“Eu tenho o maior orgulho de ter sido o candidato mais votado em Pinheiros, em Perdizes, na Bela Vista […] Agora eu tenho o maior orgulho de ter ganho também no Campo Limpo, bairro onde eu moro. No Capão Redondo, no Valo Velho, no Jardim São Luiz, no Jardim Ângela, Piraporinha, no extremo da Zona Sul. Eu tenho o maior orgulho de ter ganho ali em São Mateus, em Cidade Tiradentes, em Guaianases, no Itaim Paulista, no extremo da Zona Leste. E tenho o maior orgulho de ter ganho também em Peruche, no Jaraguá, no extremo da Zona Norte. Foram esses votos de periferia que permitiram que a gente fosse ao segundo turno.”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: Com 36,08% dos votos válidos, Guilherme Boulos foi o candidato mais votado em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. O desempenho se repetiu em Perdizes (35,71%), na Bela Vista (43,66%), no Campo Limpo (34,88%), no Capão Redondo e Valo Velho (37,54%), no Jardim São Luiz, Jardim Ângela e Piraporinha (36,99%), em São Mateus (35,38%), na Cidade Tiradentes e em Guaianases (36,50%), no Itaim Paulista (29,84%), no Peruche (31,65%) e no Jaraguá (30,86%).
“Eu queria lamentar que o atual prefeito e candidato Ricardo Nunes tenha fugido do debate. Isso é ruim pra democracia. A gente já teve nessa eleição muito problema com cadeira, mas até agora não tinha tido cadeira vazia. Nós estamos tendo pela primeira vez uma cadeira vazia”
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A declaração é #FAKE. Veja por quê: No primeiro turno das eleições, três candidatos à prefeitura de São Paulo faltaram ao debate promovido pela Veja, no dia 19 de agosto de 2024. Além de Ricardo Nunes, do MDB, o próprio Guilherme Boulos, do PSOL, e José Luiz Datena, do PSDB, não compareceram ao evento. À época, os ausentes afirmaram serem alvos de ataques considerados pelas campanhas de baixo nível, partindo de Pablo Marçal (PRTB).
Em 12 debates promovidos até aqui – sendo 11 no primeiro turno, essa é a segunda vez que um candidato não comparece, e não ‘a primeira vez’, como afirmou o candidato. A assessoria de imprensa de Ricardo Nunes publicou um comunicado oficial da campanha, logo após o resultado do 1º turno, que o atual prefeito só participaria de três debates no 2° turno.
“Vou respeitar as mulheres na cidade de São Paulo. Inclusive fazendo combate à violência contra mulher, que é um tema grave. Aumentou 40% os feminicídios na cidade”
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A declaração é #FATO. Veja por quê: O candidato Guilherme Boulos afirmou durante a sabatina que os índices de feminicídio na cidade de São Paulo aumentaram em 40%. No entanto, ele não especificou o período a que se referia. Ao ser questionada, a assessoria do psolista afirmou que esse aumento se refere ao intervalo de janeiro a abril de 2024, quando o estado de São Paulo registrou 88 casos de feminicídio. Esse número é um recorde em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Somente na capital paulista, o número de feminicídios nos quatro primeiros meses deste ano chegou a 18, um aumento de quase 40% em relação ao mesmo período de 2023.
Participaram da checagem: Lucas Guimarães, Leonardo Marchetti, Thamila Soares, Roney Domingos, Felipe Vidon, Klauson Dutra, Leticia Dauer, Luiza Calegari, Mel Trindade.
Fato ou Fake explica:
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