Prefeitura decretou estado de emergência em agosto deste ano por causa da estiagem severa. SAAE tem feito transposição da água de represas para melhorar vazão da captação. Além das casas, crise hídrica afeta aulas em escolas de Barretos
Há três meses, o jardineiro Felipe Daner Samora enfrenta problemas com o abastecimento de água em Barretos (SP). A situação é tão drástica que até as gotas que pingam do ar-condicionado são coletadas pela família em um balde para ajudar na rotina da casa.
“Já faz três meses, mais ou menos, desde julho [sem água]. Eu entendo que a falta de chuva tem dado desabastecimento na cidade, particularmente, eu sei. Mas se a gente não puder falar e pedir ajuda, como a gente vai fazer? Eu espero que as cidades da nossa região olhem para nós aqui, porque o momento é de solidariedade”, diz.
Faça parte do canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp
A casa de Samora fica no bairro Alto Sumaré. Para lavar louça, a esposa recorre à água acumulada em bacias, porque a torneira da cozinha está seca. Segundo o jardineiro, o tanquinho virou reservatório porque nem o caminhão pipa que a prefeitura manda consegue encher a caixa d’água.
“A mangueira não consegue chegar porque a entrada é por cima e a minha caixa fica no fundo. A mangueira não chega e é complicado.”
Água do ar-condicionado vira recurso na limpeza de casa de família em Barretos, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
Estado de emergência
Com a estiagem severa, Barretos decretou estado de emergência em agosto deste ano. Para piorar, o consumo de água aumentou em razão das ondas de calor em pleno inverno e que permanecem na primavera.
A captação na cidade é feita por córregos e poços profundos. No entanto, a baixa vazão prejudica os reservatórios.
Sem água, o início do recesso escolar na rede municipal de ensino durante a semana das crianças foi antecipado em sete dias. Os portões das escolas só vão reabrir no dia 21 de outubro.
“Utilizar os caminhões pipa que estavam levando água até as escolas para abastecimento das residências seria muito mais interessante nesse momento. Se o recesso iria acontecer na próxima semana, a antecipação é uma medida racional para tentar ajudar a população”, diz Marcelo Borges, superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).
Sem água na torneira, dona de casa lava louça em Barretos, SP, com recurso guardado em bacias
Valdinei Malaguti/EPTV
Transposição
A situação levou o SAAE a fazer transposições emergenciais. Desde sábado (5), quatro quilômetros de canos têm levado água da represa de uma propriedade rural à estação de captação da cidade.
O reforço se junta à água do córrego para chegar à vazão mínima. De 400 metros cúbicos por hora, passou a 800. A capacidade é de 1,2 mil metros cúbicos por hora.
“Desde domingo, ela está com funcionamento pleno e a gente já está sentindo um aumento da nossa capacidade de tratamento e uma diminuição nas solicitações de caminhão pipa.”
Transposição leva água de represas na zona rural à estação de captação do SAAE em Barretos, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
Marcelo Borges diz que o SAAE fará mais uma transposição para tentar resolver o problema a curto prazo, mas a solução definitiva depende das chuvas.
“Nós estamos tendo um déficit há muito meses, inclusive anos em relação às chuvas. A relação entre precipitação e evapotranspiração a gente tem um déficit enorme e precisamos de muita chuva aí pela frente para que consiga reverter essa situação. Eu não digo só sobre Barretos, mas em nível nacional”, afirma Marcelo.
Recursos do governo de SP
Nesta quarta-feira (9), a Defesa Civil do Estado de São Paulo anunciou o repasse de R$ 1 milhão ao município para mitigar os efeitos da estiagem. Os recursos devem ser usados na melhoria na gestão de água e em medidas de conscientização para a comunidade.
De acordo com a Defesa Civil, o envio das verbas faz parte do Plano Estadual de Resiliência à Estiagem – SP Sempre Alerta, instituído pelo governo de São Paulo em julho.
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão e Franca
Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região