12 de outubro de 2024

Brasileira relata susto e cenário de destruição após passagem do furacão Milton: ‘Parque virou lago’

Paula Martinelli é de Jundiaí (SP), mas mora há 18 anos em Clearwater, na Flórida. Ela caminhou pelo bairro onde mora e encontrou árvores caídas e ruas alagadas. Brasileira relata susto e cenário de destruição após passagem do furacão Milton
A brasileira Paula Martinelli, que mora em Clearwater, na Flórida, diz estar aliviada por não ter sofrido grandes danos após a passagem do furacão Milton, que tocou o solo do estado na noite de quarta-feira (9). Ela ainda se recuperava dos prejuízos causados pelo furacão Helene, que atingiu os Estados Unidos e deixou ao menos 200 mortos no fim de setembro.
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“Estou bem, sobrevivemos a mais um, graças a Deus. No momento que o furacão Milton passou eu estava na minha casa, não vivo em uma área de evacuação, portanto fiquei. A minha casa tem proteção contra furacão e a gente pôde ficar em segurança. Não teve nenhum dano maior, apenas árvores que caíram aqui no meu bairro. Tudo ao redor, na verdade, tá bem alagado. Caíram muitos fios de alta tensão, postes, então a gente ainda está no toque de recolher”, explicou à TV TEM.
Segundo a publicitária, o furacão foi atípico e algo inédito para ela, que mora há quase 20 anos no país. “Ele teve muitas mudanças no meio do percurso, então a gente ficou bem apreensivo (mais do que o normal). Ele subia de categoria 5, abaixava para a 4, mudava a rota dele, às vezes ia mais para o sul, às vezes mais para o norte, então a gente foi ficando mais apreensivo e mais preparado”, relata.
Enquanto andava pelo bairro, Paula encontrou um cenário com diversas árvores caídas e um parque, onde costumava levar os cachorros para passear, que havia sido tomado completamente pela água. A situação foi relatada em vídeo (assista acima).
“Tem pato nadando aqui agora. Não vou ficar surpresa se tiver jacaré. Um gramado onde as crianças praticam esporte, os cachorros brincam no gramado, hoje, pós Milton, é um lago.”
Publicitária de Jundiaí que mora na Flórida relata rotina após passagem de furacão Milton
A jundiaiense conta que, embora tenha sido assustador, conseguiu manter a calma. Durante a passagem do furacão, ela relata nunca ter visto tanta água, e afirma que céu ficou com três cores diferentes. “Não vou negar que foi assustador. Eu pude notar que o céu mudava de cor, então às vezes ele tinha uma luz verde, luz azul e até uma luz vermelha, que eu acredito que seja também efeito da condensação desse furacão e de toda a energia que ele veio, então foi assustador. Barulho de vento, muita água, muita chuva, as luzes e também escutar estouros, né? De caixas de alta tensão”, relata.
Paula conta que há um toque de recolher desde o início da manhã, mas que a rua onde mora não sofreu com a falta de energia elétrica, algo que afetou os bairros dos arredores. fato que “Os caminhões estão nas ruas agora. Tive a oportunidade de dirigir um pouco no meu bairro para ver se alguém precisava de ajuda e pude observar que tá todo mundo trabalhando em força total para fazer a energia voltar o mais rápido possível”, conta.
A casa onde Paula mora fica em um bairro onde a evacuação não foi necessária. Ela mora há sete minutos da praia, mas vive em um bairro mais alto na cidade e, por isso, não sofre risco de alagamentos. “A minha casa é feita de concreto, de tijolos por fora e eu investi muito nessa casa colocando proteção em janelas e portas contra impactos de furacões, então eu posso ficar, mas quem é obrigado a evacuar tem que evacuar por questão de obrigação do governo mesmo.”
Após a passagem do furacão, muitas árvores caíram pelas ruas ao redor da casa de Paula, além de canos de esgoto terem estourado e causado alagamentos. “Como a gente teve o furacão Helene há 10 dias, tem muito entulho nas ruas, não deu tempo de limpar. A gente teve dois, um atrás do outro, uma situação bem atípica, mas as ruas estão interditadas pela polícia, eles são bem cuidadosos e a população respeita.”
“Eles estão recebendo o apoio lá da de outros brasileiros que estão na região, como alguns vizinhos, pessoal que acaba alugando casa pra poder passar a temporada. Então o pessoal está se ajudando bastante ali. A gente aqui no Brasil fica bem preocupado porque é algo que foge da nossa realidade, muito diferente do que a gente já passou”, conta.
“Agora é aguardar a chegada, né? Então a gente está nessa expectativa com um pouquinho de angústia também. Ainda mais que hoje vamos ficar sem comunicação com eles, então conforme as horas vão passando, vai aumentando a tensão. O que era pra ser uma viagem de lazer, acabou se transformando em preocupação.”
Mortes e destruição
A passagem do furacão Milton, que atingiu o solo da Flórida (EUA) na noite de quarta-feira (9), deixou pelo menos nove mortos, segundo autoridades locais.
Antes mesmo de tocar o solo, a aproximação de Milton à Flórida havia causado estragos. Houve diversos relatos de tornados relacionados à tempestade, que destruíram casas e derrubaram árvores.
Um deles atravessou uma comunidade de aposentados em Fort Pierce, no condado de St. Lucie, na costa leste da Flórida e causou pelo menos duas das mortes registradas, de acordo com informações da polícia.
Ruas ficaram alagadas e mais de 3 milhões de imóveis estavam sem energia em todo o estado. O furacão perdeu força ao longo da madrugada enquanto avançava pelo continente. O olho do furacão já seguiu em direção ao Oceano Atlântico na manhã desta quinta, e a previsão é que ele enfraqueça ainda mais e vire uma tormenta tropical.
Moradores registram tornados em diversas partes da Flórida
Quando tocou o solo, por volta das 21h30 de quarta-feira, Milton tinha ventos de até 205 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês). Às 23h50, as rajadas estavam na casa de 165 km/h. Por volta das 2h, os ventos estavam em 145 km/h e o furacão havia sido rebaixado para a categoria 1.
Veja a seguir o que esperar para as próximas horas:
À medida que o furacão avançou pela Flórida, a tempestade foi perdendo força e segue em direção ao Oceano Atlântico.
O olho do furacão já deixou a Flórida, mas a expectativa é que Milton permaneça na região até sexta-feira (11), pelo menos.
As autoridades esperam que o furacão deixe um rastro de destruição, danificando casas e derrubando árvores.
Rodovias da Flórida também devem ser varridas ou sofrer bloqueios.
O governo pediu para que os moradores não deixem os abrigos até a tempestade parar.
Socorristas estão posicionados para resgatar as vítimas.
Autoridades federais dos EUA foram enviadas para Flórida para coordenar os serviços emergenciais.
Analistas de mercado preveem prejuízos que podem chegar a US$ 100 bilhões.
Furacão Milton toca o solo dos Estados Unidos
Juan Silva/g1
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