11 de outubro de 2024

Acreano que vive na Flórida deixou casa para trás para escapar de furacão; ‘Com a natureza não tem como brincar’

Passagem do furacão Milton deixou 12 mortos na Flórida. Tempestade provocou inundações e deixou 3 milhões de imóveis sem energia. Autoridades alertam para ventos fortes e risco de danos generalizados. Jordan Araújo vive com a família na Flórida
Arquivo pessoal
Morador de Fort Myers há três anos, o acreano Jordan Araújo, de 33 anos, já sabia o que esperar quando ouviu, no úlltimo sábado (5), a notícia da aproximação do furacão Milton à Flórida.
“Chegou um alerta por volta de meio dia para toda a Flórida. Como já havíamos tido [uma má] experiência com outros furacões durante esses três anos aqui achamos melhor prevenir”, disse.
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Ele, que é natural de Senador Guiomard, a esposa, também brasileira e as filhas de 3 e 1 ano deixaram o apartamento em que viviam e duas vans de trabalho e foram se abrigar em uma casa alugada em Atlanta, capital da Geórgia, onde esperam ficar até que seja possível retornar para casa.
“Eu e minha esposa priorizamos nossas filhas, com a natureza não tem como brincar. Então com crianças era impossível ficar. Só carregamos roupas de uso durante esses dias e os nossos documentos”, relatou.
Dono de uma empresa de construção e limpeza, junto com a esposa, o brasileiro contou que presta serviços para uma seguradora estadunidense e que pouco mais de dois anos após a passagem do furacão Ian pela Flórida ainda trabalha em áreas que foram destruídas pelo fenômeno climático. Situação que ele acredita, deve se repetir agora.
“São momentos angustiantes, não tem oq fazer. Depois do furacão parece cena de guerra. Tem lugares que vai ficar impossível de habitar. O mar invade muitos braços de mar”, lamenta.
Passagem do furacão Milton deixa 10 mortos na Flórida
Furacão deixou 12 mortos
A passagem do furacão Milton, que atingiu o solo da Flórida (EUA) na noite de quarta-feira (9), deixou pelo menos 12 mortos, segundo autoridades locais.
De acordo com a NBC News, o chefe da polícia do condado de Volusia, Michael J. Chitwood, confirmou que três pessoas morreram no município.
“Uma pessoa morreu depois que uma árvore caiu”, disse Chitwood, acrescentando que, naquele momento, não sabia como as outras duas tinham morrido.
Outras duas pessoas morreram na cidade de St. Petersburg. Além disso, a queda de uma árvore provocou uma morte no condado de Citrus.
🌪️🌪️🌪️ Antes mesmo de tocar o solo, a aproximação de Milton à Flórida havia causado estragos. Houve diversos relatos de tornados relacionados à tempestade, que destruíram casas e derrubaram árvores.
Um deles atravessou uma comunidade de aposentados em Fort Pierce, no condado de St. Lucie, na costa leste da Flórida e causou pelo menos duas das mortes registradas, de acordo com informações da polícia. Na mesma região, outras quatro pessoas morreram.
Ruas ficaram alagadas e mais de 3 milhões de imóveis ficaram sem energia em todo o estado. O furacão perdeu força ao longo da madrugada enquanto avançava pelo continente. O olho do furacão já seguiu em direção ao Oceano Atlântico na manhã desta quinta.
O fenômeno foi rebaixado para a categoria de ciclone pós-tropical e a previsão do Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, na sigla em inglês) é que continue enfraquecendo ao longo dos dias.
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AO VIVO: Acompanhe as últimas informações do furacão Milton em tempo real
Moradores registram tornados em diversas partes da Flórida
Quando tocou o solo na Flórida, por volta das 21h30 de quarta-feira (9) (horário de Brasília), Milton era um furacão 3 com ventos de até 205 km/h, segundo o NHC. Às 23h50, as rajadas estavam na casa de 165 km/h. Por volta das 2h, os ventos estavam em 145 km/h e o furacão havia sido rebaixado para a categoria 1.
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Ruas alagadas em Fort Myers, na Flórida, após a passagem do furacão Milton
Joe Raedle/Getty Images North America/via AFP
Furacão Milton toca o solo dos Estados Unidos
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Corrida pela sobrevivência
Mulher lamenta estragos enquanto furacão Milton se aproximava da Flórida
Bill Ingram/USA Today via Reuters
O olho do furacão atingiu a Baía de Tampa, onde vivem mais de 3 milhões de pessoas. Desde o início da semana, milhares de moradores foram retirados de áreas vulneráveis e encaminhados para abrigos.
As retiradas em massa deixaram cidades-fantasmas na Flórida e provocaram congestionamentos. A corrida para deixar a região também fez com que gasolina faltasse em postos de combustíveis.
Os moradores também passaram a estocar água e comida, deixando prateleiras de supermercados vazias. Muitos brasileiros que vivem na região relataram dificuldades para conseguir se proteger.
O presidente Joe Biden destacou o “potencial de destruição” do furacão e afirmou que equipes federais foram enviadas à Flórida para coordenar os trabalhos de emergência. Já o governador Ron DeSantis pediu para que a população buscasse abrigo imediatamente e permaneça em locais seguros.
“As equipes de resgate estão prontas para atuar assim que as condições climáticas permitirem”, afirmou DeSantis.
Confira outros pontos da passagem do furacão:
Atualmente, a costa oeste da Flórida está em fase de recuperação por causa da passagem do furacão Helene, no fim de setembro. A tempestade provocou dezenas de mortes e deixou estragos.
Aeroportos em Tampa e Orlando interromperam voos. Grandes parques temáticos fecharam, como os da Disney e da Universal. A expectativa é de que os aeroportos reabram até o final de semana, e os parques da Disney reabrirão na sexta (11).
Cientistas estão surpresos com a temporada de furacões no Atlântico e a classificaram como “a mais estranha” já vista. Cinco fenômenos do tipo se formaram entre setembro e outubro.
O aquecimento dos oceanos, principalmente do Oceano Atlântico Norte, e a transição para o La Niña podem estar por trás da intensidade dos fenômenos.
No caso de Milton, o fenômeno passou de tempestade tropical a um furacão de categoria 5 em apenas 46 horas. O aumento na intensidade é um dos mais rápidos já registrados.
No México, o furacão provocou estragos pequenos, sem deixar mortos ou feridos.
Furacão Milton pode provocar alagamentos na Flórida
Kayan Albertin/g1
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