11 de outubro de 2024

Brasileira que vive na Flórida relata cenário de destruição em cidade atingida por dois furacões em 15 dias: ‘Estado de caos’

Corretora de imóveis recifense Vitória Abreu e Lima mora há 37 anos em Pittsburg, por onde passaram, desde o fim de setembro, os fenômenos Helene e Milton. Imagens feitas por brasileira que mora na Flórida mostram destruição do furacão Milton na região
Árvores caídas, ruas alagadas e falta de água e energia. Este é o cenário em Pittsburg, na Flórida, segundo a corretora de imóveis recifense Vitória Abreu e Lima (veja vídeo acima). Em menos de 15 dias, a cidade norte-americana onde ela mora há 37 anos foi atingida por dois furacões.
O primeiro foi o Helene, que deixou ao menos 200 mortos no fim de setembro. Agora, a tempestade foi causada pelo Milton, que matou 12 pessoas desde quarta-feira (9).
“A cidade inteira não tem luz. E metade está sem água. […] Ninguém pode cozinhar porque os fogões são elétricos. Não tem comida na geladeira. Não tem um posto de gasolina na cidade. É um estado de caos”, descreveu Vitória em entrevista ao g1.
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Pittsburg fica numa área rodeada de lagos na região central da Flórida, a 123 quilômetros de Tampa, na costa ocidental do estado, onde o furacão tocou o solo com ventos de até 205 km/h. Na quinta (10), o fenômeno arrefeceu e foi reclassificado como “ciclone pós-tropical”. No entanto, a velocidade da ventania permaneceu bastante alta, chegando a 120 km/h.
“É muita tensão. O barulho [do vento] é enorme, parece que vai acabar tudo. As coisas explodindo, as caixas de energia começam a explodir. […] Dá um medo desgraçado. A água entrava [nas casas] por debaixo das portas, uma enxurrada. É um barulho forte, entra rápido. É bem assustador. Estou cansada, todos nós [estamos]”, contou a corretora.
Com a experiência de quem já viveu outros furacões nesses quase 40 anos de vida nos Estados Unidos, Vitória disse que se preparou, comprando água e alimentos. Na terça (8), decidiu sair de casa pouco antes da chegada do fenômeno natural e se abrigou no prédio comercial de um amigo, localizado num bairro um pouco mais distante. Mas o edifício também foi afetado pela tempestade.
“A chuva foi tão forte que até no meu joelho a água subiu. Ele [o amigo de Vitória] tem 36 painéis solares no prédio. O vento foi tão forte que tirou os painéis. São quatro paredes de cimento, não tinha janela. Só tinha uma janela bem pequenininha no segundo andar”, relatou.
Árvore caiu em cima de casa após passagem do furacão Milton em Pittsburg, na Flórida
Vitória Abreu e Lima/Acervo pessoal
Marcas de destruição
Vitória Abreu de Lima ficou 48 horas no abrigo e voltou para casa na tarde da quinta-feira (10). Segundo ela, os maiores danos foram no quintal, onde uma árvore caiu e atingiu uma residência vizinha. Pela cidade, onde também mora o filho dela, a pernambucana encontrou outros rastros dos furacões.
“As Forças Armadas americanas já vieram para cá. Forças do Canadá também. É uma calamidade. E a cidade está bem alagada ainda. Vários fios de alta tensão caíram. Então, a gente tem que ter muito cuidado por onde anda”, afirmou Vitória.
Segundo a pernambucana, as marcas de destruição estão presentes desde a passagem do furacão Helene.
“Foi horrível, era uma água salgada. A areia atravessou a avenida e entrou nas casas, nos bares, nos restaurantes. Desde o Helene, está chovendo, com o céu muito cinza. Tudo dentro das casas se acabou. Os móveis, as roupas… Aí veio o Milton e acabou de destruir”, contou.
Apesar disso, a pernambucana explicou que os vizinhos têm sido bastante solidários e que uma das principais preocupações dos moradores é com as pessoas em situação de rua.
“Isso é uma coisa bonita, que as pessoas são solidárias. Quem é como eu, privilegiado, ajuda os outros. Tem casas que estão quebradas, todas no chão. Eu me sinto muito gratificada, uma gratidão imensa”, declarou a corretora.
Vitória Abreu e Lima é pernambucana e mora há 37 anos em Pittsburg, na Flórida, cidade atingida por dois furacões
Acervo pessoal
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