11 de outubro de 2024

‘Se me respeitasse não acontecia isso’, ‘louca’: prints mostram respostas de dono de construtora foragido por agredir ex-mulher

Empresário Edgilson Dantas Santos, de 53 anos, dono de uma empresa de construção e imobiliária em Roraima, foi denunciado por agredir a ex-esposa, de 43 anos, durante mais de cinco anos. Defesa alegou desconhecimento e que as mensagens ‘aparentam ser montagens grotescas’. Mensagens mostram respostas do suspeito à vítima
Reprodução
Mensagens trocadas entre o empresário Edgilson Dantas Santos, de 53 anos, proprietário de uma construtora e imobiliária em Roraima, foragido por agredir a ex-esposa, de 43 anos, revelam as respostas dele à vítima após os episódios de violência. O g1 teve acesso às conversas em que o agressor a chama de “louca” e justifica dizendo: “se me respeitasse, isso não acontecia”.
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Nas mensagens, a vítima relembra as agressões sofridas e o empresário responde: “quem provoca e procura acha”. Em outra conversa, ele afirma que a vítima “não passa de uma louca” (veja mais abaixo). Segundo a mulher, que não quis se identificar, a violência começou no terceiro ano de relacionamento, que iniciou em 2017. O casamento terminou em agosto de 2024, após uma série de agressões.
Ela registrou um boletim de ocorrência no dia 27 de setembro, na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), e conseguiu uma medida protetiva. A troca de mensagens foi anexada para embasar o pedido de medida. Três dias depois, no dia 30, a Justiça de Roraima expediu um mandado de prisão preventiva contra Edgilson. Ele, no entanto, continua solto.
Procurado, o advogado do foragido, Newman da Silva Ferreira Júnior, alegou desconhecimento e que “aparentam ser montagens grotescas”. Disse ainda que o cliente é uma pessoa íntegra e que jamais respondeu por processos nas varas de violência doméstica. No entanto, a acusação da ex-mulher tramita no 1º Juizado de Violência Doméstica, na comarca de Boa Vista, conforme apurado pelo g1
“Desde o ocorrido se colocou imediatamente à disposição das autoridades policiais, e tem colaborado com a apuração da verdade, solicitando as diligências necessárias a elucidação dos fatos e consequente busca pela justiça, adotando as medidas cabíveis com vistas à sua responsabilização por danos morais sem prejuízo da representação criminal acerca da denunciação caluniosa”.
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Entre as séries de violências que sofreu em todos esse anos, a vítima relatou que teve o nariz quebrado, dedos das mãos fraturados, foi enforcada e ameaçada de morte: “Ele sempre falou que se um dia ele fosse preso eu podia fazer o que fosse. mas ele iria mandar me matar, eu ia morrer”, disse em entrevista ao g1 e Rede Amazônica.
Ela contou ainda que, após algumas agressões, Edgilson pedia para que ela pensasse na família deles, falava que iria mudar de comportamento e encaminhava um versículo bíblico. Para esconder e justificar os ferimentos da mulher, ele pedia para que ela cobrisse os hematomas com maquiagem e afirmava para as pessoas que ela havia caído.
“As vezes que ele me agredia eu ficava escondida, ele dizia para eu passar maquiagem, para eu não falar [sobre as agressões], para pensar na nossa filha e não destruir a vida da minha filha, a vida dele”, contou ela.
Troca de mensagens
O g1 teve acesso à uma série de conversas entre o suspeito e a vítima de julho de 2023. À época, ela estava com dedos das mãos fraturados após agressões.
Nas mensagens, a vítima afirma que estava se recuperando de um exame de endoscopia e não ia conseguir se defender. Em resposta, o empresário diz que “se me provocasse e não me descontrolava”. Em outro trecho, a vítima é chamada de “monstro” pelo foragido (confira a transcrição abaixo).
Vítima teve a mão quebrada e os dedos fraturados pelo empresário.
Arquivo pessoal
Vítima: Eu falei que tinha quebrado minha mão.
Vítima: Seu monstro.
Vítima: Vc quebrou minha mão e foi feio.
Empresário: Monstro é vc.
Vítima: Pq?
Empresário: Pq me provoca se faz de vítima e ainda guarda as fotos das confusões.
Empresário: Quem é normal não guarda uma coisa dessa.
Em outro trecho, a mulher diz que tem como provar e ele volta a chamá-la de louca.
Foragido chamou a vítima de louca
Reprodução
Agressões verbais e físicas
A última agressão aconteceu no dia 2 de junho na casa onde ela vivia com o empresário e a filha adotiva deles, de 10 anos, na capital Boa Vista. No dia, a mulher foi enforcada, agredida com socos e chutes até ficar desacordada.
Os primeiros episódios de violência foram verbais e começaram no terceiro ano de casamento. Durante conversas, a vítima era interrompida com gritos e alvo de xingamentos. Depois de muitos, o agressor começou a feri-la fisicamente.
Em uma das brigas, ela conta que foi torturada com uma sacola plástica na cabeça e teve a cabeça enfiada em um vaso sanitário. As agressões aconteciam principalmente na casa do casal, em Boa Vista, e em uma fazenda no município de Cantá, ao Norte do estado.
No dia 27 de setembro, após uma série de mensagens ofensivas, ela decidiu entrar na delegacia para denuncia-lo. O caso foi atendido pela delegada Letícia de Oliveira Paiva, dedicada a ajudar vítimas de violência doméstica.
No dia 30 de setembro, uma medida protetiva foi deferida contra o empresário proibindo de se aproximar da ex-mulher, pelo 1° Juizado de Violência Doméstica da comarca de Boa Vista.
No mesmo dia, o mandado de prisão contra ele foi expedido pelo mesmo juizado. Ele foi assinado pela juíza Rafaelly da Silva Lampert.
Empresário é procurado por agredir ex-mulher em Boa Vista
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