10 de janeiro de 2025

Como funcionava esquema de policiais civis e guardas que forjava BOs e inquéritos para extorquir empresários em até R$ 3 milhões

Gaeco realizou operação contra a organização nesta terça-feira. Delegado, investigadores, escrivão, guardas municipais e advogados foram presos. Mandados foram cumpridos em Itu e Indaiatuba. Policiais civis e guardas de Indaiatuba são alvo de operação do MP; delegado foi preso
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP), deflagrou, na manhã desta terça-feira (26), uma operação que desmantelou uma organização criminosa formada por policiais civis e guardas municipais de Indaiatuba (SP) e Itu (SP) para extorquir empresários.
O delegado titular do 1º Distrito Policial, José Clésio Silva de Oliveira Filho, dois investigadores, um escrivão, dois investigadores, dois guardas municipais e três advogados são investigados e foram presos durante a operação, que recebeu o nome de “Chicago”. Entenda abaixo como funcionava o esquema, que envolvia a fabricação de investigações falsas para a prática de extorsão.
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Invasão de comércios e fabricação de inquéritos
De acordo com o Gaeco, o grupo fabricava boletins de ocorrência, inquéritos e relatórios de investigação para sustentar exigência de pagamentos como preço de “resgate” de eventuais prisões decretadas ou garantias de não investigação.
Os boletins, as investigações e até as prisões eram forjadas. Segundo o MP, dezenas de empresários foram extorquidos no período de um ano. O valor das extorsões variava de R$ 1 a R$ 3 milhões.
Ao g1, o Gaeco informou que os agentes de segurança entravam nos estabelecimentos comerciais escolhidos previamente por eles, faziam apreensões de bens, valores e mercadorias. Em seguida, eles registravam um boletim de ocorrência e começavam a ameaçar os empresários, exigindo os pagamentos, sob “pena de prisão”.
Em alguns casos, as prisões eram efetivamente realizadas e as pessoas só eram soltas mediante o acordo de propina. A promotoria informou ainda ao g1 que o delegado atuava como uma espécie de liderança do esquema.
O ramo de atividade dos empresários variava entre vestuário, automóveis e outros segmentos. Eles não serão investigados e são considerados vítimas no âmbito da investigação.
Quem foi preso?
O delegado do 1º DP de Indaiatuba
Um escrivão
Dois investigadores (sendo uma mulher presa em Itu)
Dois guardas municipais
Três advogados
Delegacia de Indaiatuba foi alvo de busca e apreensão
Jorge Talmon/EPTV
A operação
Segundo o Ministério Público, os crimes investigados são extorsão, corrupção e organização criminosa. No total, foram cumpridos, em Indaiatuba e Itu, 17 mandados e busca e apreensão, além de 13 de prisão temporária.
O Ministério Público ainda afirmou que a residência do delegado e também a sede do 1º Distrito Policial de Indaiatuba foram alvos de busca e apreensão.
Os policiais civis presos foram levados para a corregedoria da Polícia Civil em Campinas (SP) e os demais para o 1º DP de Indaiatuba.
Pelo menos 15 promotores de Justiça, 10 servidores do Ministério Público, 94 policiais militares e 19 policiais civis participaram da operação.
O Ministério Público solicitou o bloqueio de valores e sequestro de bens que giram em torno de R$ 10 milhões.
O nome da operação, “Chicago”, remete à cidade americana dos anos 20 e 30, quando gangsters governavam a cidade “à base de violência, desprezando a lei e criando fortunas com os crimes”.
Gaeco faz operação contra policiais civis e guardas municipais em Indaiatuba
Jorge Talmon/EPTV
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