12 de outubro de 2024

Queixas recebidas pelo Serviço de Atenção à Violência Sexual da Unicamp quintuplicam em 1 ano; entenda como funciona

Criado em 2019, SAVS recebe queixas sigilosas de violência sexual ou discriminação de gênero dentro da universidade. Reclamações vão do assédio ao mau uso do nome social. IMAGEM DE ARQUIVO: alunas fazem protesto contra assédio em quadras de esportes da Unicamp
Arquivo Pessoal
O número de queixas recebidas pelo Serviço de Atenção à Violência Sexual (SAVS) da Unicamp cresceu cinco vezes entre 2022 e 2023, segundo levantamento feito pela universidade a pedido do g1. No período, os registros passaram de 37 para 170.
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Considerando o período de janeiro a 3 de outubro deste ano, o SAVS contabiliza 99 queixas e 17 denúncias. Vale ressaltar, porém, que há casos em que mais de uma pessoa denuncia o mesmo fato, e queixas e denúncias têm significados diferentes dentro do serviço.
▶️ Como assim? Criado para acolher os casos de violência sexual ou discriminação de gênero ocorridos dentro da universidade, o SAVS recebe as queixas de forma sigilosa e é responsável por acionar os setores responsáveis e orientar os denunciantes.
Para que virem denúncias, cabe à pessoa que procurou o serviço levar o caso a instâncias dentro e fora da universidade que possam tomar as medidas administrativas e/ou legais. Sendo assim, o serviço não é responsável por julgar ou punir os envolvidos.

Presidente da Comissão Assessora da Diretoria de Direitos Humanos, responsável pelo SAVS, a professora Bárbara Castro destaca que o serviço ainda é considerado recente por ter sido criado em 2019. Com a pandemia, a estabilização dos atendimentos veio somente em 2022.
“Tomamos isso [aumento de atendimentos] como um certo índice de sucesso da política, no sentido da confiança que a comunidade da universidade tem no atendimento que o SAVS tem feito. De toda forma, a gente, obviamente, gostaria que fosse zero. Mas, de toda maneira, sabemos que a violência que existe fora da instituição também está dentro da instituição”, afirma.
Do assédio ao mau uso do nome social
Segundo Castro, o perfil de queixas e denúncias registradas no serviço é diverso, atendendo tanto casos que acontecem entre funcionários quanto em sala de aula. Os casos de violência sexual, no entanto, são considerados os mais raros.
“Temos desde problemas com o mau uso do nome social em sala de aula pelos colegas. […] O que a gente tem são denúncias de natureza de assédio, geralmente entre os próprios estudantes. Isso é o que a gente tem de mais presente no nosso atendimento cotidiano”, detalha.
No dia a dia, esses atendimentos têm um fluxo específico a depender da natureza de cada reclamação. “Os espaços de acolhimento são o primeiro momento de ouvir alguma queixa. Se veem que o problema é de violência de gênero e sexualidade, reencaminham já para o SAVS”.
“Quando se trata de crime de estupro, por exemplo, a gente já faz reencaminhamento imediato para o Caism e também para os nossos órgãos internos, que são serviços de atendimento psicológico e psiquiátrico da comunidade. Mesmo quando são casos de outra natureza, a gente também recomenda esse encaminhamento para os nossos atendimentos”, diz a professora.
Castro destaca que cabe ao serviço decidir se os casos que se tornam denúncias devem ser encaminhados para sindicâncias ou câmaras de mediação. Ainda que o restante da apuração fique a cargo de outras instâncias, todos os desfechos são acompanhados pelos profissionais.
“O que se abre em termos de processo é um número menor do que o número total de queixas. Geralmente porque a gente consegue encaminhar as coisas internamente, no sentido de que não necessariamente houve uma violação expressiva dos direitos que viole os códigos de conduta da universidade. Então, vamos seguindo todos os caminhos institucionais para também conseguir fazer o melhor atendimento possível”, afirma.
Vista aérea da Unicamp, em Campinas
Antoninho Perri/Ascom/Unicamp
Como pedir ajuda?
Professores, estudantes, pesquisadores, funcionários da Unicamp, terceirizados, estagiários, patrulheiros e usuários dos serviços da universidade podem fazer queixas no SAVS.
Sediado em Campinas, o serviço também atende os campi de Limeira (SP) e Piracicaba (SP), além dos colégios técnicos.
O atendimento funciona de segunda a sexta-feira, das 11h30 às 17h30, mas é preciso fazer agendamento pelo e-mail savs@unicamp.br ou WhatsApp (19) 3521-7924.
A universidade alerta que, apesar do acolhimento existente no SAVS, casos graves ou que envolvam violência física devem priorizar a ida ao pronto-atendimento no ambulatório do Hospital da Mulher da Unicamp (Caism) ou a serviços médicos de urgência especializados.
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