11 de outubro de 2024

Grupo japonês antinuclear que recebeu Nobel da Paz 2024 pede que mundo não use bombas atômicas nunca mais

Organização Nihon Hidankyo é formada por sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki. Prêmio foi “lembrete ao mundo dos riscos do uso de armas nucleares” em momento de escalada de guerras no mundo. Anúncio foi feito nesta sexta-feira (11). Grupo antinuclear japonês ganha prêmio Nobel da Paz 2024
O chefe da organização japonesa Nihon Hidankyo, que recebeu nesta sexta-feira (11) o Nobel da Paz 2024, disse que a premiação dará “um grande impulso para demonstrar que a abolição das armas nucleares é possível”.
“(O prêmio) Será uma grande força para lembrar ao mundo que a abolição das armas nucleares pode ser alcançada”, disse o chefe do Nihon Hidankyo, Toshiyuki Mimaki.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Mimaki deu uma entravista à imprensa em Hiroshima, onde uma das duas únicas bombas atômicas foi usada no mundo, logo depois de saber da decisão do comitê do Nobel da Paz em conceder o prêmio deste ano à sua organização.
“As armas nucleares devem ser absolutamente abolidas”, disse ele.
A Nihon Hidankyo, que luta contra armas nucleares no mundo, venceu o Prêmio Nobel da Paz 2024, anunciado na manhã desta sexta-feira (11).
Também conhecido como Hibakusha, a organização é um movimento popular de sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki — em agosto de 1945, no fim da 2ª Guerra Mundial, os EUA lançaram sobre as bombas sobre as duas cidades japonesas, matando cerca de 120 mil pessoas.
Foi a única vez em que armas nucleares foram usadas durante guerras e conflitos no mundo.
O comitê da premiação disse que escolheu a organização japonesa este ano “como um lembrete de que essas armas não devem ser usadas nunca mais”. A escolha do Nobel da Paz ocorre no momento em que o uso de armas nucleares voltou a ser debatido, em meio a ameaças de países como Irã, Coreia do Norte e Israel.
Segundo a organização, a escolha do Nobel deste ano foi motivada “por todos os conflitos acontecendo no mundo neste mundo”. “Isto é um lembrete para que a gente se lembre que essas armas nunca mais devam ser usadas”, disseram os organizadores.
“O prêmio foi um reconhecimento por seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar por meio de depoimentos de testemunhas que armas nucleares nunca devem ser usadas novamente”, disse o comitê.
“Os esforços da Nihon Hidankyo têm coloaborado para manter o tabu das bombas nucleares. Atualmente, no entanto, esse tabu está ameaçado”, disse o anúncio da premiação. “É uma forma de lembrar o mundo da necessidade do desarmamento nuclear”.
A secretária-geral adjunta da Nihon Hidankyo e sobrevivente da bomba atômica, Masako Wada, chega para participar de uma conferência sobre desarmamento nuclear no Vaticano em 10 de novembro de 2017. A organização japonsa Ninon Hidankyo recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2024.
AP Photo/Andrew Medichini, Arquivo
No ano passado, a premiação foi concedida à ativista iraniana Narges Mohammadi, voz da revolução feminina histórica de seu país. Mohammadi foi a 19ª mulher a receber o Nobel da Paz, que já foi concedido a 92 homens.
A organização japonesa ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem. Segundo o comitê do Nobel, a Nihon Hidankyo não sabia da premiação. Quem vence o Nobel da Paz recebe um prêmio de US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 6 milhões), além de um diploma e uma medalha de ouro.
Apostas
Moeda concedida aos vencedores do prêmio Nobel da Paz
Patrick Semansky/AP
Antes da entrega do prêmio, especialistas apontavam que António Guterres, secretário-geral da ONU, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) e o Tribunal Internacional de Justiça (ICJ) estavam entre os favoritos.
Casas de apostas também indicavam o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como um dos favoritos.
Neste ano, 286 pessoas foram indicadas ao prêmio, incluindo o Papa Francisco, embora a lista completa seja mantida em sigilo por 50 anos. O Comitê Norueguês do Nobel, composto por cinco pessoas nomeadas pelo Parlamento da Noruega, é responsável pela decisão final.
De acordo com o testamento de Alfred Nobel, o Prêmio Nobel da Paz deve ser entregue à pessoa ou organização que tenha contribuído de forma significativa para a fraternidade entre as nações, a abolição ou redução de exércitos permanentes, e a promoção de congressos de paz.
Neste ano, o premiado recebe US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 6 milhões), além de um diploma e uma medalha de ouro.
O vencedor de 2023 foi Narges Mohammadi, uma defensora dos direitos das mulheres no Irã.
Os favoritos
Entre os favoritos ao prêmio deste ano estavam o secretário-geral da ONU, António Guterres. Segundo especialistas, ele poderia ser escolhido para fortalecer a ONU em um momento em que a organização enfrenta dificuldades para mediar e evitar conflitos.
O Tribunal Internacional de Justiça (ICJ) também era uma possibilidade, tendo condenado a invasão da Ucrânia pela Rússia e exigido que Israel evitasse genocídios em Gaza.
A UNRWA, agência da ONU responsável por ajudar refugiados palestinos, foi apontada como uma possível premiada, embora sua escolha pudesse gerar controvérsias. Israel acusa alguns membros do órgão de ligações com o Hamas.
Nomes como Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, e Alexei Navalny, opositor russo, também foram mencionados. Entretanto Navalny não poderia ser o vencedor, já que o Nobel da Paz não é entregue postumamente.
Dan Smith, diretor do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, sugeriu que o comitê do Nobel poderia até optar por não entregar o prêmio em 2024, dada a situação global marcada por conflitos intensos.
“Talvez este seja o ano em que o comitê do Nobel da Paz deva simplesmente reter o prêmio e focar a atenção no fato de que este é um planeta em guerra”, afirmou à Reuters.
O Nobel da Paz não foi entregue 19 vezes. A última vez que isso aconteceu foi em 1972.
VÍDEOS: mais assistidos do g1

Mais Notícias