16 de outubro de 2024

‘O sistema é seguro, a doação já salvou mais de 16 mil vidas’, diz secretária de Saúde do RJ após infecção por HIV em transplante de órgãos

Seis pacientes tiveram a infecção confirmada após receberem órgãos no estado. Investigação aponta erro no laboratório. Incidente é inédito na história do serviço de transplantes do RJ, que desde 2006 já salvou mais de 16 mil pessoas. Secretária de Saúde fala sobre segurança do sistema de transplantes do RJ
A secretária de Saúde do Rio de Janeiro ressaltou que o Sistema de Doação de Órgãos é seguro, em entrevista ao g1 e RJ1 nesta sexta-feira (11), após a confirmação de que seis pacientes transplantados foram infectados com HIV. A investigação preliminar aponta que houve um erro no laboratório que fazia os exames nos pacientes doadores.
O incidente é inédito na história do serviço, que funciona desde 2006 e já salvou mais de 16 mil vidas, como aponta a secretária Cláudia Mello.
“O sistema é seguro e permanecerá seguro. Esse foi um caso sem precedentes que a gente vai buscar todo momento alguma ação necessária pra corrigir, se houver, mas o sistema é seguro e está mantido seguro. As pessoas que são possíveis pacientes, confiem no sistema, que as famílias que queiram doar, doem com segurança”, afirma Mello.
A notícia foi dada pela BandNews FM nesta sexta-feira (11) e confirmada pelo g1. O incidente também é investigado pelo Ministério da Saúde.
Segundo o governo do estado, o erro foi do PCS Lab Saleme, uma unidade privada de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que tinha sido contratada em uma licitação no fim do ano passado para fazer a sorologia de órgãos doados.
A Coordenadoria Estadual de Transplantes e a Vigilância Sanitária Estadual interditaram o laboratório, e o caso é investigado pela Delegacia do Consumidor (Decon) da Polícia Civil.
Sedw do PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu
Rafael Nascimento/g1
Transplante em janeiro
A situação foi descoberta no último dia 10 de setembro, quando um paciente transplantado foi ao hospital com sintomas neurológicos e teve o resultado para HIV positivo; ele não tinha o vírus antes.
Esse paciente recebeu um coração no fim de janeiro. A partir daí as autoridades refizeram todo o processo e chegaram a 2 exames errados feitos pelo PCS Lab Saleme.
A primeira coleta foi feita no dia 23 de janeiro deste ano — foram doados os rins, figado, coração e córnea, e todos deram não reagente para HIV.
A SES-RJ então confirmou que as 2 pessoas que receberam 1 rim cada uma também deram positivo para o HIV.
A que recebeu a córnea, que não é tão vascularizada, deu negativo. A que recebeu o fígado morreu pouco depois do transplante, mas o quadro dela já era grave, e a morte não teria relação com infecção.
A outra coleta feita de uma doadora no dia 25 de maio deste ano também apresenta resultado negativo para HIV.
Licitação e reteste
Esse estabelecimento foi contratado pela SES-RJ em dezembro do ano passado, em um processo de licitação no valor de R$ 11 milhões.
A secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello, disse que a 1ª ação tomada foi de transferir todos os exames de sorologia dos doadores desse laboratório para o Hemorio.
“Então, a partir do dia 13 de setembro, toda a doação é passada direto das doações para o Hemorio”, disse Cláudia. O departamento vai retestar o material armazenado de 286 doadores.
Hemorio assumiu a retestagem dos doadores
Divulgação
O que a SES-RJ diz
“A Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera o caso inadmissível. Uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados e, imediatamente, foram tomadas medidas para garantir a segurança dos transplantados.
O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso logo após a ciência do caso e foi interditado cautelarmente. Com isso, os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio.
A Secretaria está realizando um rastreio com a reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores, a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório.
Uma sindicância foi instaurada para identificar e punir os responsáveis. Por necessidade de preservação das identidades dos doadores e transplantados, bem como do encaminhamento da sindicância, não serão divulgados detalhes das circunstâncias.
Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas.”

Mais Notícias