13 de outubro de 2024

Casal condenado por morte de dona de casa baleada por chefe de grupo de extermínio há 20 anos é preso em Ribeirão Preto

Em 2018, Rodrigo Cansian de Freitas e Karina Modesto Grigolato foram condenados em júri popular pelo assassinato de Tatiana Assuzena, mas não ficaram presos. Tiro foi dado por Ricardo José Guimarães. A Polícia Militar prendeu nesta sexta-feira (11) Rodrigo Cansian de Freitas e Karina Modesto Grigolato, condenados à prisão pela morte da dona de casa Tatiana Assuzena, assassinada em 2004 aos 24 anos em Ribeirão Preto (SP).
Os mandados de prisão foram expedidos pela Vara do Júri e das Execuções Criminais de Ribeirão Preto. Em setembro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que as decisões tomadas em júri popular justificam a execução imediata da pena imposta.
“Agora, pela decisão do Supremo Tribunal Federal, a decisão do júri é soberana. Mesmo que haja recurso é possível se determinar o cumprimento da sentença, do mandado de prisão”, afirmou o ex-promotor Luiz Henrique Pacini, que esteve à frente do caso.
Em 2018, Rodrigo e Karina foram levados ao tribunal do júri junto com o ex-policial Ricardo José Guimarães, chefe de um grupo de extermínio que atuou em Ribeirão Preto de 1996 a 2004 e responsável pelo tiro que matou Tatiana.
A pena de Rodrigo Cansian de Freitas, ex-investigador da Polícia Civil, é de 35 anos. Ex-namorada dele, Karina pegou 32 anos de cadeia. De acordo com a acusação, ambos tramaram o crime que vitimou Tatiana por ciúmes.
Os dois chegaram a ficar presos por sete meses após o julgamento, mas conseguiram um habeas corpus e estavam em liberdade.
As defesas de Rodrigo e Karina não foram localizadas nesta sexta-feira para comentar o assunto.
Tatiana Assuzena morreu com um tiro no peito aos 24 anos, em Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
Crime motivado por ciúmes
Segundo o Ministério Público, Ricardo José Guimarães foi acusado de atirar no peito de Tatiana, quando ela tentava evitar que o noivo, Almir Rogério da Silva, fosse baleado, dentro da residência dele, no Jardim Independência.
A Promotoria alega que Almir passou a ser alvo de uma conspiração após rejeitar Karina, que mantinha um relacionamento amoroso com Rodrigo e instigou o namorado a tramar o assassinato por vingança.
Ainda de acordo com a Promotoria, Rodrigo “encomendou” o assassinato a Guimarães, colega dele na Polícia Civil e que já era investigado pelo Ministério Público na época por suspeita de liderar um grupo de extermínio em Ribeirão Preto.
Tatiana Assuzena foi morta na casa do namorado, Almir, em 2004 em Ribeirão Preto, SP
Acervo EP
Durante o julgamento em 2018, Almir disse ao júri que a noiva, Tatiana, nunca esteve na mira dos acusados. Ele afirmou que Karina foi a “cabeça” do crime, uma vez que se sentiu rejeitada depois que ele começou a namorar Tatiana e se afastou.
“Karina não era a favor do meu relacionamento com a Tati. Eu só tinha amizade com a Karina. Ela me apresentou a Tatiana. Eu gostei da Tatiana, namoramos e ficamos noivos. Eu acho que ela não gostou que o negócio estava indo sério e começou a fazer insinuações pra tentar nos separar. Ela não pensou direito e fez o que fez”, disse.
Dias antes do crime, Almir disse que foi alertado por um amigo de que Rodrigo havia feito ameaças contra ele.
Almir Rogério da Silva em 2004, quando foi alvo de ex-policiais civis em Ribeirão Preto, SP
Acervo EP
Morte dentro de casa
Segundo a Promotoria, na noite do crime, Guimarães invadiu a residência onde o casal estava e tinha Almir como alvo. Ao arrombar a porta, no entanto, Tatiana tentou bloqueá-lo e foi atingida por um disparo no peito.
O filho dela, de 7 anos, estava no quarto e viu a mãe ser morta. Almir conseguiu dominar o atirador até a chegada da Polícia Militar.
De acordo com a Promotoria, na época, Guimarães apresentou duas versões para o crime.
O ex-policial civil Ricardo José Guimarães durante o júri popular que o condenou a 30 anos de prisão pela morte de Thiago Xavier de Stefani, em Ribeirão Preto
Reprodução/EPTV
Na fase de inquérito, afirmou à Corregedoria que ele e Rodrigo procuravam um imóvel para alugar, às 4h, quando foram surpreendidos por Almir em uma tentativa de assalto. Guimarães disse que perseguiu Almir até a casa, onde Tatiana acabou sendo atingida.
Já em juízo, declarou ter ido à residência após tomar conhecimento de que estava sendo apontado como autor de assassinatos praticados por Almir, que seria membro de uma facção criminosa.
“Ele [Rodrigo] emprestou uma arma para o Guimarães, que estava afastado da polícia por conta das investigações. Ele não poderia estar usando arma, e o Rodrigo emprestou uma arma .40 da polícia para o Guimarães ”, afirma o ex-promotor Luiz Henrique Pacini.
Guimarães foi condenado a 56 anos de prisão em regime fechado pela morte de Tatiana.
Ao todo, ele soma nove condenações e 274 anos de penas a serem cumpridas.
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