Mas precisa ter sorte. Fora do planetário, tem a luz artificial das cidades, os prédios, a poluição, nuvens. Uma lista de fatores que a gente não pode controlar. Astrônomos contam quando será o momento ideal para olhar para o céu e avistar o ‘Cometa do século’
Reprodução/TV Globo
Neste sábado, (12), antes do anoitecer, vai ser o momento ideal para avistar no céu o “Cometa do Século”.
Os flagrantes são raros, mas não deixam dúvida: temos um viajante de passagem. Tsuchinshan-Atlas leva os nomes dos observatórios que o descobriram quase ao mesmo tempo, na China e na África. Mas o sucesso veio com o título de “cometa do século”.
Astrônomos não tratam cometas como celebridades. Para eles, são guardiões dos mistérios do universo.
“O cometa é um corpo que se formou junto com os planetas. Ele se formou em uma parte mais fria do sistema solar, um corpo formado por gelo e poeira, basicamente. Eventualmente, ele sofre algum tipo de perturbação. Uma estrela que passa perto, ou alguma coisa, e aí a órbita pode mudar. À medida que ele se aproxima do Sol, a superfície vai se aquecendo. Ele vai se transformar em vapor”, explica Jorge Márcio Carvano, pesquisador titular do Observatório Nacional.
Na dança do sistema solar, cada planeta tem sua órbita. A linha azul é a da Terra. Este cometa segue caminho próprio, independente do Sol. Desde setembro, é avistado pelos astrônomos: seguiu na direção do Sol e, agora, volta a se aproximar da Terra, com boas chances de ser visto a olho nu. Mas é bom que se saiba: cometas são imprevisíveis.
“O céu pode nos dar um espetáculo absolutamente fantástico. Em 1947, quase 80 anos atrás, houve um cometa muito, muito brilhante, um dos mais brilhantes do século XX, que não foi previsto. Mas isso também pode acontecer ao contrário: lembro do cometa Kohoutek, nos anos 1970, que todo mundo falava que era o cometa do século, só que do século XX, né? Foi uma decepção total, ninguém viu coisa nenhuma”, conta Roberto Costa, professor do Departamento de Astronomia da USP.
Astrônomos contam quando será o momento ideal para olhar para o céu e avistar o ‘Cometa do século’
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Em 1986, muita gente se reuniu para ver o cometa Halley. Não foi aquele show, mas quem viveu não esquece o fenômeno.
“Programas de TV, quadrinhos, eventos, músicas relacionadas aos cometas e por aí vai. Então, eu também estava totalmente vidrado nisso”, diz o astrofísico Marcelo Rubinho.
Em 1986, muita gente se reuniu para ver o cometa Halley
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Do ponto de vista da Terra, os astrônomos dizem que o cometa aparece próximo do horizonte, em uma janela pequena de tempo, perto do horário do pôr do sol. Para observar, tem que olhar para o lado oeste, na altura da constelação de Virgem. O “Cometa do Século” vai se mostrar como uma estrela brilhante com uma cauda.
Mas precisa ter sorte. Fora do planetário, tem a luz artificial das cidades, os prédios, a poluição, nuvens… Uma lista de fatores que a gente não pode controlar. Então, cometas podem ser vistos como corpos celestes com popularidade meteórica, como mensageiros da borda do sistema solar ou talvez eles venham só para fazer a gente se lembrar de olhar para o céu.
“Mesmo que você não consiga obter aquela foto, aquela imagem, aquela estrela, não há demérito nenhum, porque a graça está na busca”, afirma Marcelo Rubinho.
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