12 de outubro de 2024

Servidora de creche fingia atualizar cadastro, tirava selfies de pais de alunos e fazia empréstimos para apostar em jogos online, diz polícia

A servidora foi presa na última quinta-feira (10) por estelionato, em Presidente Kennedy. Mais de 20 pessoas foram vítimas, totalizando mais de R$ 100 mil em prejuízo. Policiais cumpriram mandado de prisão contra mulher de 26 anos em Presidente Kennedy
Divulgação/Polícia Civil
A servidora investigada por aplicar golpes em pais de alunos de uma creche em Presidente Kennedy, fingia que estava atualizando cadastros para convencer as vítimas a tirar selfies e fotos do documentos. De acordo com o delegado Anderson Alves, responsável pelas investigações, com esses dados imagens ela conseguia contratar empréstimos no nome dessas pessoas.
O dinheiro estaria sendo usado para apostar em jogos online. Ela foi presa após fazer empréstimos e apostar mais de R$ 100 mil em jogos de roleta russa.
“Antes dos golpes ela pegou muito dinheiro emprestado de várias pessoas na cidade. E como o pessoal não queria mais emprestar, ela teve como opção o golpe para poder, com esse dinheiro, pagar as vítimas que antes ela tinha pegado o dinheiro emprestado. Só que o vício era tão grande, que ela nem chegava a sacar o dinheiro. Quando caía na conta bancária, que estava no nome vítima, mas que ela tinha controle, a mulher já fazia um jogo. E foi criando aquela bola de neve”, explicou Andreson Alves.
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O g1 procurou a defesa da suspeita, que não teve o nome divulgado, mas não teve retorno até a publicação da reportagem. A Prefeitura de Presidente Kennedy também foi procurada, mas não deu reposta sobre o caso.
Em entrevista ao g1, o delegado contou que os golpes contra os colegas de trabalho e pais iniciaram em janeiro deste ano, mas que ela jogava nas plataformas online desde 2021.
Para conseguir os dados dos pais, a mulher dizia que precisava de fotos dos documentos e selfies -autorretrato – das vítimas para atualizar os cadastros dos alunos na creche. Segundo a polícia, ela chegava a ir na casa das pessoas para fazer as fotografias. Essas imagens eram usadas para criar contas em bancos digitais.
“Sempre o modo operandis era o mesmo: conta virtual sendo aberta por meio de uso de selfie e fotos de documentos pessoais. Para enganar os colegas de trabalho, ela dizia que estava criando uma pasta digital dos servidores e por isso ela precisava tirar a selfie e foto dos documentos”, disse Del. Andreson.
Conforme a polícia, a servidora fazia empréstimos de vários valores, de R$ 15 mil, R$ 3 mil, R$ 2 mil, dependendo do valor disponibilizado pelo banco de acordo com os dados das vítimas.
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Primeira denúncia
A primeira vítima, mãe de um aluno, fez a denúncia para a Polícia Civil em junho deste ano, após receber cobranças de uma instituição bancária por um empréstimo de R$ 15 mil feito em seu nome. Segundo a polícia, na época, a suspeita soube do boletim de ocorrência e procurou a vítima para poder negociar e pedir para que ela não contasse nada a ninguém.
Após a primeira denúncia, outras pessoas também passaram a procurar a delegacia para abrir uma ocorrência, totalizando mais de 20 vítimas.
“Tem aquele prazo do empréstimo e a primeira parcela demora a vencer. Quando começaram a receber as denúncias, o empréstimo já tinha sido realizado há meses. Aí vence os 30 dias e se não paga o banco começa a ligar, por isso demorou um pouco para a primeira vítima procurar a delegacia”, disse o delegado.
Endereços diferentes
Quando a servidora criava as contas em bancos digitais, ela colocava o endereço em outro lugar para que o cartão físico não chegasse na casa da vítima, além de cadastrar o próprio número de telefone nas contas.
“Ela colocava toda os dados da vítima com exceção do endereço delas. Por exemplo, a vítima mora em Presidente Kennedy e ela colocava o endereço em Araguaína, ela criava o endereço aleatório para esse cartão não chegar no endereço da vítima”, contou o delegado.
Em depoimento à polícia, a suspeita chegou a dizer que o prejuízo com os jogos, desde quando começou a apostar em 2021, chega a R$ 1 milhão.
Segundo o delegado, a servidora morava com a mãe, não tinha passagem pela polícia e não ostentava nada nas redes sociais “Era questão de vício. Se aprofundar mais ela mesma foi vítima das plataformas de jogos. Uma vítima fazendo outras vítimas, aplicando golpes em colegas e pais”.
Por causa dos jogos ela chegou a perder carro e casa. A mulher foi presa nesta quinta-feira (10), onde foi autuada por estelionado qualificado por fraude eletrônica, por 20 vezes.
A servidora prestou depoimento na 7ª Central de Atendimento e depois foi encaminhada para a Unidade Penal Feminina, onde está à disposição do Poder Judiciário.
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