14 de outubro de 2024

Enel não cumpre plano de contingência no temporal em SP e mobiliza menos funcionários do que o esperado, diz Aneel

Na coletiva realizada na noite deste domingo (13), presidente da Enel Guilherme Alencastre não deu um prazo para o restabelecimento da energia elétrica. Até as 14h30, 760 mil imóveis seguiam sem energia elétrica na capital paulista e Grande SP. Aneel convoca reunião com representantes da Enel e outras 8 empresas
Philipe Guedes/TV Globo
A Enel não cumpriu o plano de contingência para eventos climáticos extremos e colocou menos funcionários em campo do que o esperado após a tempestade que atingiu São Paulo, segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa.
Até as 14h30 deste domingo, 760 mil imóveis continuavam sem luz após um forte temporal atingir o estado de São Paulo na última sexta-feira (11). A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares também informou que vai acionar judicialmente a Enel para responsabilizar a concessionária pelos prejuízos causados.
A Aneel se reuniu no começo da noite deste domingo (13) com representantes da Enel e de outras oito empresas responsáveis pelo abastecimento de energia elétrica em São Paulo e Região Metropolitana.
“A percepção que nós temos a respeito da recuperação do serviço é que ela [Enel] de fato não tem atendido todas as expectativas com relação ao ano passado. Claro que esses números precisam ser melhor decurados, porque agora temos uma quantidade de consumidores muito grande que estão interrompidos em função do evento. E há outros consumidores que tem ausência do seu serviço por questões da rotina diária do serviço de distribuição.”, afirmou Feitosa em coletiva de imprensa.
Há 1.700 funcionários diretos e indiretos e das demais distribuidoras trabalhando em campo para restabelecer a energia elétrica na capital e Região Metropolitana, de acordo com o diretor-geral da Aneel.
Entretanto, o plano de contingência apresentado pela Enel para a agência no ano passado — em razão das fortes chuvas de 3 de novembro do ano passado — previa a mobilização de 2.500 pessoas para eventos climáticos da dimensão do que aconteceu na sexta-feira (11).
O diretor-presidente da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) Thiago Nunes também afirmou que “nos preocupa a capacidade de mobilização da empresa neste momento e a velocidade desse restabelecimento […] no evento de 3 de novembro, demorou 24 horas para recuperar 60% dos consumidores interrompidos. Este mesmo patamar de 60% dessa vez foi atingido em 48 horas. Então, são números que nos trazem uma preocupação”.
Na coletiva de imprensa, o presidente da Enel Guilherme Alencastre não um prazo para o restabelecimento da energia na capital e nos demais municípios afetados e culpou o clima. “Existe um plano de contingência e ele foi acionado. De fato, o evento climático foi acima das previsões, mas isso nós, inclusive, vamos aprender a evoluir e ter melhores previsões”.
Alencastre também prometeu que a partir desta segunda-feira (14) mais 400 funcionários de outras companhias de energia vão estar em campo auxiliando as equipes da Enel no restabelecimento da energia.
Enel diz que ainda não tem previsão de quando vai retomar o fornecimento de energia para todos os clientes afetados pela chuva da última sexta (11)
Mais de 700 mil sem luz
A Enel informou que 760 mil clientes da capital paulista e cidades da Grande São Paulo ainda continuavam sem energia elétrica até as 14h30 deste domingo (13).
Segundo a concessionária, cerca de 496 mil casas estão sem energia na capital paulista. Os bairros mais afetados são: Jabaquara, Campo Limpo, Pedreira e Jardim São Luís.
Além da capital, os municípios mais impactados neste momento são: Cotia, com 62 mil clientes sem energia, São Bernardo do Campo com 47 mil e Taboão da Serra com 44 mil.
Ainda conforme a Enel, até as 14h30 de domingo cerca de 1,3 milhão de clientes tiveram o serviço normalizado. “A companhia segue trabalhando para restabelecer o fornecimento”, diz a empresa.
O presidente da Enel Distribuição São Paulo, Guilherme Lencastre, informou neste sábado (12) que a empresa não tem previsão de retomada total do fornecimento de energia na Grande SP.
“Não é questão de não saber e não passar. E não quero colocar uma expectativa que seja frustrada. (…) A gente tem consciência do transtorno causado por eventos como esse e sabemos da nossa responsabilidade. Vamos trabalhar de forma incansável para reconectar todos os nossos clientes”, declarou.
O presidente da Enel também afirmou que a empresa disponibilizou 500 geradores para atender hospitais e estabelecimentos que estão sofrendo com a falta de luz na região de concessão, além de ter dois helicópteros da empresa sobrevoando as linhas de transmissão para identificar eventuais problemas.
Lencastre culpou o vento histórico que atingiu a capital paulista e as cidades da Grande SP, com rajadas de mais de 107,6km/h pelos transtornos ocorridos na cidade.
Horas no escuro
Rua de bares em Pinheiros sem luz, mas com clientes
Fábio Tito/g1
O temporal que atingiu a Grande São Paulo na noite desta sexta-feira (11) ocorreu por volta das 19h30.
Conforme o g1 publicou, moradores de várias cidades da Grande SP e de vários bairros da capital paulista narraram que estavam há mais de 17 horas sem luz.
Segundo os moradores, houve muita dificuldade para tentar falar com a Enel para abrir chamado e tentar uma previsão de restabelecimento da energia elétrica.
Sete pessoas morreram em consequência do temporal em SP
O presidente da empresa afirmou que a central telefônica da empresa recebeu mais de 1 milhão de chamados desde a noite anterior e está ampliando a capacidade de atendimento.
Por ora, a Enel diz que os canais mais recomendados pela empresa para o contato dos usuários são os seguintes:
SMS: envie gratuitamente mensagem de texto do seu celular para o número 27373 com a palavra luz e o número da instalação que está sem energia. exemplo: luz 012345678.
Pelo aplicativo da Enel, site enel.com.br e whatsapp: (21) 99601-9608.
Mortes
Na contagem feita até o início da tarde deste sábado (12), sete pessoas morreram no estado de SP em virtude das chuvas. Três delas em Bauru, no interior, e quatro na Região Metropolitana:
Bauru: três mortes após queda de muro;
São Paulo: uma morte após queda de árvore no bairro Campo Limpo;
Diadema: uma morte após queda de árvore;
Cotia: duas mortes após queda de muro .
Confira mais fotos do temporal:
Ventania derrubou teto de casa no Jardim Independência, em São Bernardo do Campo, Grande SP, na noite desta sexta-feira (11).
Montagem/g1/Acervo pessoal
Queda de árvore na Avenida Lauro Gomes, em Santo André, na Grande São Paulo
Abraão Cruz/Reprodução
Tempestade atinge São Bernardo do Campo nesta sexta-feira (11)
Thomaz Banhara Kravezuk
Queda de árvore na Rua Kaoro Oda, perto da Subprefeitura do Butantã e do Metrô Vila Sônia, na Zona Oeste
Arquivo pessoal
Árvore caída na Lapa, Zona Oeste de São Paulo, mais de 20 horas depois de temporal da sexta-feira (11).
Reprodução/TV Globo

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